Ribeirão Preto e cidades da região ficaram encobertas por fumaça e poluição no início da tarde de osexta-feira (19). O fogo que se espalhou por vegetação e canaviais, explicaram os especialistas, foi o responsável pelo céu cinza. No final da tarde, o tempo fechou e a chuva que caiu serviu para trazer um alívio.
Por conta do grande número de queimadas, até mesmo os agentes administrativos dos Bombeiros foram para a rua. O monitoramento por satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontou 94 focos de incêndio em 19 das 27 cidades da nossa microrregião.
O pesquisador Alberto Setzer, coordenador do Monitoramento de Queimadas e Incêndios do Inpe, explicou que o número pode ser ainda maior, pois os satélites captam apenas focos com mais de 30 metros de área queimada.
Em Ribeirão, foram detectados dois grandes focos. Os Bombeiros informaram que um deles foi, mais uma vez, na Mata de Santa Tereza. O outro, possivelmente, foi em canavial.
Por volta das 13h, quando a massa de poluição e fumaça cobriu o céu, a umidade relativa do ar em Ribeirão chegou a 16,6%, de acordo com a Somar Meteorologia, e a temperatura chegou a 36º.
Uma massa fria também se aproximava da cidade o que, na opinião de Marco Antônio Artuzo, gerente da Agência Ambiental da Cetesb em Ribeirão, dificultou a dispersão da fumaça e da poluição, formada em grande parte por poeira e fuligem. “Houve um bloqueio na atmosfera”.
Essa poluição, ele explicou, pode estar associada a vários fatores, como movimentação do solo. Ontem, porém, Marco não tem dúvidas de que a origem foram as queimadas.
Ele pontua que a baixa umidade do ar dificulta o controle das queimadas. O pesquisador Alberto explicou que os impactos são grandes (leia texto ao lado).
Chuva
No final da tarde, a esperada chuva amenizou um pouco a seca. “Mas vai precisar de muita chuva para solucionar essa situação”, adiantou Marco.
Cetesb aplicou 19 multas por queima
Marco Antônio Artuzo, gerente da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), em Ribeirão Preto, explicou que a instituição aplicou neste ano 19 multas e oito advertências relacionadas à queima ilegal da cana-de-açúcar na região. “Nós temos que ficar em cima e a população também”, ele alertou.
A Cetesb priorizou 70 áreas para fiscalização, de acordo com o gerente, e ainda há seis casos em análise.
Há três dias o A Cidade mostrou que de agosto a setembro deste ano já haviam sido registrados 144 focos de incêndio na região, número 79,1% maior do que o mesmo período do ano passado.
Marco orienta: “A população pode denunciar”. No caso de incêndios em área urbana, é a prefeitura quem deve ser notificada. Em áreas rurais, o denunciante pode procurar a Cetesb. Marco alerta, porém, que é necessário que o denunciante tenha a identificação da área, para que os fiscais possam ir até o local.
O telefone da Cetesb para denúncias e informações é: (16) 3617-4700.
Saúde precisa de atenção e cuidados
O pneumologista Leandro Cesar Salviano, membro da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, alertou em relação aos riscos da seca. Doenças respiratórias são recorrentes nessa época do ano.
“O ideal é tomar muito líquido, usar soro fisiológico no nariz e nos olhos e evitar ficar exposto ao ambiente”, ele explicou.
Exercícios físicos, informou o médico, não são recomendados em dias de baixíssima umidade do ar, como ontem. “No exercício, a pessoa respira mais e se esforça ainda mais”.
Os umidificadores de ar são muito indicados. Ele esclarece que o ar-condicionado, apesar de amenizar o calor, deixa o ambiente ainda mais seco. “O ideal é sempre ter um umidificador”. Quem não tem um aparelho em casa, pode recorrer à técnica da toalha molhada. “O balde de água não dá muito certo. O ideal é deixar uma toalha molhada no ambiente. Pela superfície maior da toalha, a água evapora mais e umidifica o ar”, ele orientou.
Crianças e idosos devem ter cuidados redobrados.
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