Yes, nós temos abobrinha em Bonfim

27/07/2014 17:25:00

A prática é amiga da perfeição, quando o agricultor tem experiência de sobra

F.L. Piton/A Cidade
Agricultor José que tem uma família que inclui até o ‘Rei do Chuchu’ da região. Foto: F.L. Piton/A Cidade

Quase no coração de Bonfim Paulista - cerca de 400 metros do Centro do distrito - colhe-se abobrinha envarada. Uma bela plantação, cuidada por José Carlos Cabral, 60 anos. A família Cabral é reconhecida pelos seus préstimos na agricultura. Um deles, Paulo Cabral, é tido como o “Rei do Chuchu” na região.

José Carlos também plantou chuchu até decidir-se, de novo, pelas abobrinhas. O revezamento no plantio é para descansar a terra e ele.

“Quando muda a variedade, a pessoa trabalha com mais entusiasmo. Daqui uns anos, voltarei ao chuchu, pode acreditar”, diz.

Ribeirão Preto - quer dizer Bonfim Paulista, o maior cinturão verde do município - produziu no ano passado, 40.848 caixas de abobrinhas de 20 quilos.

José Carlos Cabral colabora razoavelmente com esses números. Em um alqueire, plantou 400 covas. Hoje, ele colhe quatro vezes por semana. Em cada uma delas, recolhe 20 caixas de 20 quilos.
“Eu vendo direto para supermercados. Minhas abobrinhas são bonitas. Eu irrigo com água de mina, a mesma que antigamente abastecia a população”, conta.

José Carlos Cabral nasceu em Bonfim e, em 60 anos, nunca conheceu outra profissão que não fosse a de agricultor.

Pode não parecer, mas é preciso atenção e olhos bem abertos para colher abobrinhas. Muitas, geralmente as mais bonitas e no ponto para comercialização, camuflam-se nas folhas da plantação. Quando não são colhidas, geralmente perde-se o fruto.

“Se isso se repetir dia a dia, dá grande prejuízo”, avalia José Carlos.

Troca
De quatro em quatro meses, o agricultor troca as covas de abobrinhas, com o objetivo de manter a boa produtividade. A tática é tão simples que revela uma estratégia de pura intuição: ao lado de varal que produz, existe um vago. É onde é feito o plantio, sem cessar a colheita, nenhum dia.

A semente usada para o novo plantio vem das covas que produzem as mais bonitas e frondosas. É a seleção natural, até na plantação de abobrinhas.

Como comer este ‘fruto’
O dicionário Houaiss contextualiza: abobrinha é um substantivo feminino.

E define: “fruto de uma variedade da abóbora-moranga (Cucurbita pepo), usada na alimentação humana ainda verde, após decocção, e de forma ovoide, quase cilíndrica, casca geralmente lisa, verde-clara com rajados mais escuros, e polpa levemente esverdeada ou amarelada, com sementes esbranquiçadas, pequenas e achatadas”.
Já no uso informal, na conversa de todo dia, abobrinha é uma afirmação “que contém erro ou é, em si mesma, tola ou absurda”.
Para seu José Carlos, que nunca diz bobagens, abobrinha é coisa séria, é ganha-pão.

É o que planta para colher o sustento da família. Se tivesse um dicionário, certamente seu José daria esta outra definição: “fruto que planto para colher vida. E que fica bom na mesa, com farofa, arroz e feijão. Prepara-se frita ou assada, em rodelas. Se cozida, é melhor que seja batidinha, com cebola, pimenta e alho”.
 



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