Ainda temos que importar alface

27/07/2014 17:04:00

Produção de folhas não é suficiente para atender a demanda da região de Ribeirão

A Chácara São Domingos, na avenida Bandeirantes 1944, na Vila Virgínia, zona Oeste, é uma grande horta. Na última safra contribuiu, à sua maneira, para a produção dos 6,7 milhões de pés de alface, cultivados em dezenove cidades da regional agrícola de Ribeirão Preto.

A São Domingos, além de comprar folhas e legumes em São José do Rio Pardo, tem uma razoável produção diária.

Com sete funcionários coordenados pelo casal Vera Teresa e Simplício Monsignori, a São Domingos colhe, diariamente, 360 pés de alface (roxa, mimosa, americana e crespa); 340 pés de cheiro-verde; e, somados, 350 pés de couve, almeirão, chicória, espinafre e rúcula.

As mudas que abastecem as hortas são produzidas na Chácara Santa Izildinha, como as da foto ao lado (foto dois) - semente de cebolinha já adubadas e prontas para o plantio.

Negócios
A produção da São Domingos é vendida em supermercados a R$ 1,50 e R$ 1,80 - dependendo da folha. O tipo americano é mais caro. Trata-se de venda consignada. Ou seja: o que não foi vendido no dia anterior deve ser reposto.

“Nos dias mais quentes vende-se muito mais folhas. No inverno, cai a demanda e os prejuízos são maiores. Na época em que as folhas ficam mais viçosas, consome-se menos, infelizmente”, diz Vera Monsignori, 55 anos, casada há 37 com Simplício.

As perdas, no plantio, também causam apreensão. Elas aparecem quando há seguidos dias chuvosos (as folhas melam) e a quebra varia entre 5 a 10%. Ou quando faz muito sol. Mas Vera não tem do que se queixar. Com seu trabalho árduo e cansativo, formou dois filhos: Lucas é médico e Ferdinando, engenheiro eletrônico. Marcela, a única mulher, é a fiel escudeira da mãe.

A Chácara São Domingos foi comprada há 58 anos pelo senhor Monsignori, que veio da Itália, com a família. Simplício assumiu o controle dos negócios bem cedo, antes de o pai falecer, tornando-se agricultor.

Amanhã, ele a esposa talvez comemorem o Dia do Agricultor com discrição. Afinal de contas, as folhas precisam ser cortadas. Não podem esperar.

F.L. Piton/A Cidade
Trabalho duro: Vera separa e embala os pés de alface que serão entregues nos supermercados a R$ 1,50 ou R$ 1,80 a unidade, em venda consignada. (Foto: F.L. Piton/A Cidade)

Produção não é suficiente
Toda esta produção de folhas e legumes nas 19 cidades da região, não é suficiente para cobrir a demanda de Ribeirão Preto.

“Importamos” verduras, especialmente do tipo americano, de municípios da região de Campinas, de temperatura mais amena e relevo mais alto. A explicação é do agrônomo Sérgio Sanchez, do CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral).

E a nossa produção até que é razoável. Poderia ser melhor, se as condições climáticas fossem mais favoráveis às folhas.

Segundo o Escritório de Desenvolvimento Rural de Ribeirão Preto, no ano passado, a nossa região colheu 6,7 milhões de pés de alface. Colhemos também 558 mil maços de seis quilos de couve e 105 mil maços de couve-flor.

“Pimentão, cenoura, vagem e outros legumes mais delicados geralmente são pouco plantados em nossa região. Outra preocupação é o número de apicultores. Temos apenas 37 apiários produzindo, uma realidade preocupante”.



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