Sem psiquiatras, núcleo encerra as atividades

24/04/2014 11:40:00

Prefeitura e USP trocam acusações sobre motivos do fechamento do Núcleo de Saúde Mental

F. L. Piton / Jornal A Cidade
Pacientes da unidade serão encaminhados ao Caps 3 e prefeitura nega prejuízo no atendimento. (Foto: F. L. Piton / Jornal A Cidade)

O Núcleo de Saúde Mental do bairro Sumarezinho, zona Oeste de Ribeirão Preto, encerrou suas atividades ontem. O principal motivo é a falta de psiquiatras.

“Chegamos a ter cinco médicos, mas atualmente contávamos com apenas um. O atendimento estava precário, e a principal solução seria a Secretaria de Saúde contratar ou transferir psiquiatras para o ambulatório. Como isso não aconteceu, tivemos que fechar”, afirmou Alexandre Firmo de Souza Cruz, Coordenador municipal de Saúde Mental. 

O núcleo era mantido por meio de uma parceria entre a Universidade de São Paulo (USP) e a Secretaria de Saúde. 
De acordo com o professor João Terra, coordenador do ambulatório, a Faculdade de Medicina pagava as despesas do local, uma psicóloga, uma auxiliar de enfermagem e funcionários para o setor administrativo, enquanto a prefeitura mantinha os psiquiatras.
Terra diz que chegou a enviar “uma ótima proposta” para a prefeitura, e que o objetivo era expandir o projeto inicial do núcleo para que ele continuasse funcionando. “Infelizmente ficamos sem respostas por muito tempo. Só em março deste ano fomos chamados para uma reunião. Lá ficamos sabendo que a prefeitura não tem interesse em manter núcleos e que não iriam mandar mais médicos”, disse. 
Segundo o professor, como a própria secretaria não demonstrou interesse na proposta da USP, eles decidiram esvaziar o local. “Se eles voltarem atrás, estaremos abertos a novas parcerias”, declarou.  
Cruz lamenta o fechamento do núcleo. “Ele foi o primeiro a ter um grupo de psicoterapia permanente. O local tem uma importância histórica”, desabafou.
Prefeitura se diz surpreendida com atitude
Em nota, a assessoria de imprensa da prefeitura informou que a USP mostrou-se “desinteressada” em prosseguir com os atendimentos realizados pelo Núcleo de Saúde Mental.
A Secretaria de Saúde se diz “surpreendida com a retirada de todos os profissionais do local” e que não “obteve respostas ao demonstrar suas intenções em relação ao serviço”. A pasta chamou a atitude da USP de “unilateral e inesperada”.
Para a prefeitura, o encerramento das atividades do núcleo não representa prejuízo para a assistência dos usuários, pois a Secretaria de Saúde “oferece serviços de acordo com a necessidade da população daquela região”.  
Os pacientes que eram atendidos no ambulatório foram transferidos para o Caps III (Centro de Atenção Psicossocial), que fica na rua Pará, número 1.280. 


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