Dia para contar prejuízo e drama causados por temporal em Ribeirão

16/04/2014 00:07:00

Em meio ao trabalho de limpeza, famílias contam momentos difíceis que enfrentaram nesta segunda-feira

Weber Sian / A Cidade
Força d’água da chuva derrubou diversos muros e deixou casas parcialmente destruídas na Ribeirânia; ninguém ficou ferido; clique para abrir galeria (Foto: Weber Sian / A Cidade)

 

“Estava assistindo televisão e quando olhei para a porta que dá acesso ao quintal vi que a água estava com 60 centímetros. Só deu tempo de sair correndo. A água invadiu o térreo da casa e destruiu tudo”, explicou Aldo Kurle, de 68 anos, morador da rua Abrahão Issa Halack, na Ribeirânia.

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Assim como Aldo, várias outras famílias que vivem na zona Leste de Ribeirão Preto tiveram inúmeros prejuízos com o temporal do fim da tarde desta sergunda-feira (14). Segundo o IPMet (Instituto de Pesquisas Meteorológicas), choveu 50 milímetros no município, equivalente a um quinto do registrado o ano inteiro.

Muito estrago

Por volta das 16h30 da segunda, a aposentada Lurdes Gallo ouviu um estrondo e foi até o quintal ver o que estava acontecendo. “Até aquele momento eu estava feliz com a chuva. Mas quando cheguei a sala vi que a água estava invadindo a minha casa e arrebentando com tudo”, diz.

A água, que descia pelo bairro e pela avenida Presidente Kennedy, invadiu o terreno ao lado da casa da dona Lurdes e arrebentou o muro, inundando a área de lazer e o térreo da casa. A água chegou a 1 metro e 70 centímetros. “Os trabalhos e teses do meu marido (Lourenço Gallo, professor da USP) sumiram com a água”, contou Lurds

A pressão fez com que o outro lado do muro também fosse rompido, desta vez inundando a casa de Marina Lara, de 33 anos. “O sofá da dona Lurdes foi parar dentro da minha área de lazer. A destruição foi total”, explicou Lara. “A única alegria foi ver que meus cachorros (um Fila e um Shitsu) estavam bem”, completou.

E a água não parou por ai. Ela rompeu mais um muro e invadiu a casa de Aldo Kurle, que só teve tempo de se abrigar no segundo andar.

“Moro aqui há 20 anos e nunca tinha passado por uma situação desta. Minha geladeira foi parar no muro da igreja [na rua Mariana Cândida, dois quarteirões para baixo]”, falou Aldo.

Os proprietários agora aguardam o ressarcimento do seguro e uma providência da prefeitura. “É preciso rever as galerias pluviais para que isso não aconteça mais”, disse Lara.

Ponte que caiu

Outro estrago ocorreu na zona Norte, onde uma ponte da avenida Paris foi destruída por causa da enxurrada. Um ônibus do transporte coletivo urbano chegou a cair parcialmente no buraco, mas

Weber Sian / A Cidade
Marisa Rocha comemora que cachorrinhas se salvaram; clique para abrir galeria (Foto: Weber Sian / A Cidade)

ninguém ficou ferido, “No caso da ponte, iniciamos a análise topográfica do solo. Após vamos fazer o projeto para poder licitar. A expectativa é que a obra comece em até 40 dias”, explicou o secretário de Obras, Abranche Fuad Abdo.

Cachorrinhas sobrevivem à enxurrada

A aposentada Marisa Rocha do Amaral, de 61 anos, perdeu quase tudo por conta da enxurrada que invadiu a casa dela. Mesmo assim, ela tem motivos para sorrir. “Minha duas cachorras foram salvas por milagre”, falou.
A poodle Fofy, de 16 anos, nadou na enxurrada e se escondeu embaixo do muro dos fundos, que cedeu, mas não chegou a cair porque ficou apoiado em uma árvore. “Ela é cardíaca, mas lutou e sobreviveu. Ela está um pouco assustada e machucada, mas viva”, disse. Sofia, da raça Shitzu, também sobreviveu.
“Ela estava dentro de casa, mas mesmo assim encontrei-a com lama até o pescoço”, contou.

Pontos críticos sem previsão de obras

As duas áreas mais afetadas pela chuva da segunda-feira – a avenida Francisco Junqueira e a parte baixa da Ribeirânia – não tem previsão de obras.

Segundo a secretária de Infraestrutura, Isabel de Farias, até 2007 a maioria dos loteamentos de Ribeirão Preto foi construída sem um plano de drenagem, que não era exigido.

Sobre a avenida Francisco Junqueira, o Plano de Macrogrenagem prevê a construção de uma barragem no córrego dos Catetos, que desagua no Retiro Saudoso. Porém, segundo o secretário de Obras, Abranche Fuad Abdo, não resolve o problema. “Uma das faixas de rolamento da avenida Francisco Junqueira (sentido Centro) foi feita um metro e meio abaixo do que deveria. Temos um problema urbanístico histórico ali”, disse.

Assista ao vídeo de Weber Sian que mostra os estragos provocados pelo temporal

Weber Sian / A Cidade



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