A cada dois dias, uma pessoa descobre que pegou HIV em Ribeirão

10/12/2017 10:25:00

No ano passado, 179 casos novos foram registrados, um crescimento de 72% na comparação com 2007

Weber Sian / A Cidade
Lis Neves diz que serviço de saúde ligou para pacientes iniciarem o tratamento (Foto: Weber Sian/ A Cidade)

 

A cada dois dias, uma pessoa descobre que pegou HIV em Ribeirão Preto. A estatística é baseada nos 179 novos casos registrados no ano passado. Em comparação com 2007, o número de novos registros cresceu 72% - naquele ano, 104 pessoas descobriram que tinham HIV.

Existe ainda uma subnotificação dos casos, ou seja, muita gente ainda tem o vírus, mas ainda não descobriu.

Relatório de monitoramento clínico produzido pelo Ministério da Saúde revela que 715 mil novos casos de HIV foram diagnosticados no Brasil em 2015. No entanto, a pasta estima que haja 827 mil pessoas vivendo com o vírus no País, ou seja, 13% dos infectados ainda não sabem da situação clínica.

A coordenadora do Programa Municipal de DST e Aids, Lis Neves, considera que hoje há dois problemas ainda a serem enfrentados para combater a epidemia – ampliar o diagnóstico e fazer com que os pacientes se tratem adequadamente.

“A orientação é que quem nunca se testou para HIV deve fazer o teste uma vez na vida, mesmo que ache que não tenha risco. Já quem tem exposição frequente ao risco, como à prática do sexo sem camisinha, por exemplo, deve fazer a testagem regular a cada seis meses”, declarou.

Em julho de 2016, quase 30% dos pacientes diagnosticados com HIV naquele ano ainda não haviam iniciado o tratamento em Ribeirão.

“Começamos a ligar para os postos de saúde para avisar os pacientes”, relembra. Com o trabalho, Lis conta que, em dezembro do mesmo ano, a falta de adesão ao início do tratamento caiu para 11%.

Uma das ações desenvolvidas foi a campanha Fique Sabendo, que promoveu 1.782 testes rápidos entre 25 de novembro e 1º de dezembro, sendo 809 em homens e 973 em mulheres. Entre os homens testados, seis deram positivo. Entre as mulheres, nenhuma.

A atendente de telemarketing Nayara dos Reis, 34, descobriu que tinha HIV após terminar seu relacionamento. Foi procurar o ex para avisá-lo da condição clínica e recebeu a notícia. Ele sabia ser portador do vírus e não contou nada para ela (leia mais na página 14).

Nayara foi um dos três entrevistados do documentário “Vivendo Positivo”, produzido pelos alunos do último ano de jornalismo da Unaerp

Prevenção antes ou depois

Os avanços no combate ao HIV não se resumem ao tratamento medicamentoso, que ficou mais eficiente. Segundo o Ministério da Saúde, entre os pacientes que se tratam adequadamente, 90% têm a carga viral indetectável, ou seja, não transmitem o vírus.

O ministério defende que a camisinha é o método mais eficaz para se prevenir contra as doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids, alguns tipos de hepatites e a sífilis. “Além disso, evita uma gravidez não planejada.”

No entanto, em casos de rompimento da camisinha ou uso ignorado do preservativo há meios de barrar a infecção do HIV. É a PEP (Profilaxia Pós-Exposição), em que o tratamento deve começar em até 72 horas depois da exposição de risco para ter efeito.

O maior perigo de adquirir o HIV é pelo sexo anal, seguido pelo sexo vaginal e, por último, pelo sexo oral. Segundo especialistas, a relação anal passiva, quando praticada sem preservativo, é a que mais apresenta risco, na proporção de uma transmissão a cada 72 relações sexuais.

Desde janeiro deste ano, também é possível fazer um tratamento em Ribeirão em que se toma um medicamento para prevenir a infecção pelo HIV, antes da exposição ao risco. É a Prep (Profilaxia Pré-Exposição).

Secretaria utiliza documentário

A Secretaria da Saúde de Ribeirão Preto está utilizando, desde outubro, o documentário “Vivendo Positivo” em capacitações e treinamentos dos profissionais da pasta. “Os relatos sensibilizam os profissionais. Agora estamos planejando utilizá-lo externamente”, afirmou Lis Neves, coordenadora do Programa Municipal de DST e Aids. Com duração de 11 minutos, o curta mostra a história de vida de três pessoas que contraíram o HIV. O trabalho ficou em 2º lugar na Mostra de Atividades em Comunicação Social da Unaerp, realizada no final de novembro. Nesta semana, ficou entre os dez melhores vídeos universitários no 12º Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro. O documentário foi produzido pelos alunos do quarto ano do curso de jornalismo Marina Marzola, Pâmela Baldin, Talita Robinato, Luisa Barros, Gilsimara Santos e Victor Menezes.

Colaboração Marina Marzola.
 



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