Anel Viário Sul: Trajeto do caos e do medo

16/04/2017 14:37:00

Motoristas levam até até 20 minutos para percorrer 350 metros em alça de acesso alvo de criminosos

Anel Viário Sul é acesso para as avenidas Braz Olaia Acosta e Doutor Ângelo Gennaro Gallo (Foto: Renato Lopes / Especial)

 

Um local, dois problemas. O que já era motivo de transtorno agora também é de tensão e medo. Mais do que atenção e paciência, transitar em horário de pico pelas alças de acesso do Anel Viário Sul, no entroncamento com as avenidas Braz Olaia Acosta e Doutor Ângelo Gennaro Gallo, na zona Sul de Ribeirão Preto, exige cuidado redobrado dos motoristas.

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Como o deslocamento pelas alças de acesso e por baixo do viaduto pode durar até 20 minutos – quando o trajeto de 350 metros é feito em horário de pico –, bandidos viram nos pontos de congestionamento uma oportunidade de negócios e deram início aos arrastões. O último ocorreu na semana passada e teria feito pelo menos quatro vítimas.

Desde então a Polícia Militar (PM) intensificou as rondas no local com as viaturas do setor e com apoio da Rocam (Rondas com apoio de motocicletas) e da unidade especializada da Polícia Rodoviária (PR).
“Não se trata de um local perigoso demais e sim de uma via de interesse de segurança pública onde demanda maior esforço operacional”, ressaltou o capitão da PM Maurício Rafael Jerônimo de Melo, comandante da 2ª Companhia do 51º BPM/I.

Assim como o trajeto, o medo faz parte da rotina de Thaís Guimarães desde a semana passada, quando dois rapazes tentaram assaltá-la. No impulso de evitar o roubo, Thaís acelerou a moto e quase foi atropelada. “Fiquei muito assustada. Primeiro porque ouvi quando um dos homens falou ‘Ou vai ou racha’, depois porque um carro quase bateu na moto quando eu saí com tudo”, contou.

Moradora do bairro Ipiranga, Thaís é babá em um dos condomínios localizados na Vila do Golf – por isso, faz o trajeto, pelo menos, duas vezes ao dia. “Não sei se eles queriam minha moto ou o celular na mão da minha amiga, que estava na garupa. Só sei que meu desespero foi tanto que não parei nem para contar o ocorrido para os policiais que estavam numa viatura do outro lado do viaduto”, relatou.

‘Assaltos e acidentes são constantes’

O comerciante ambulante Reginaldo Rodrigues (foto ao lado) percorre diariamente o entroncamento das avenidas Braz Olaia Acosta e Doutor Ângelo Gennaro Gallo e, além de ouvir relatos sobre assaltos nos congestionamentos, presencia acidentes de trânsito com frequência. “Já soube de vários assaltos e já vi várias batidas. Infelizmente, quem precisa passar por aqui diariamente passa com medo.”

Segundo Rodrigues, o policiamento melhorou consideravelmente nos últimos dias, depois que ocorreram pelo menos dois arrastões no local. “Antes era difícil ver viatura por aqui, agora toda hora passa uma. Mesmo assim, os motoristas ficam apreensivos toda vez que para uma moto ao lado com dois homens em cima”, afirmou.

O comerciante ainda contou que, na semana passada, um motorista saiu correndo e abandonou o veículo no meio da pista durante uma tentativa de assalto. “Como ele levou a chave, demorou um bom tempo para conseguirem tirar o carro do meio da avenida e o trânsito, que já estava terrível, ficou ainda pior”, frisou Rodrigues.

Polícia orienta a nunca reagir

As polícias Civil e Militar orientam a população a nunca reagir a um assalto. “Até mesmo fazer movimentos bruscos pode deixar o indivíduo mais nervoso. É importante que a população tenha comportamento preventivo e evite chamar a atenção de bandidos. Deixar o celular exposto dentro do veículo é, sem dúvida, um chamariz”, enfatizou o capitão Luiz Eduardo Ulian Junqueira, comandante da 4ª Cia do 3º Batalhão da Polícia Rodoviária.

“Temos que ter em mente que o criminoso procura sempre por oportunidades, facilidades e nós todos, polícia e comunidade, temos que, juntos, diminuir essas oportunidades. Atitudes seguras irão mitigar as possibilidades dos criminosos obterem êxitos em suas ações”, acrescentou o capitão da PM Maurício Rafael Jerônimo de Melo, comandante da 2ª Cia do 51º BPM/I.

Análise > Acione a PM e registre BO

“Em qualquer lugar da cidade estamos suscetíveis a essa prática de crime. De certo modo, era previsível porque ali temos um lado da cidade muito rico e, um pouco adiante, temos bairros periféricos, onde a criminalidade é mais alta. Se for o caso de arrastão, a polícia tem de agir com rigor.
O segundo aspecto é que o cidadão tem que chamar a polícia no local para que ela intensifique o policiamento com base nessa estatística. Ele também tem que fazer o boletim de ocorrência porque gera um registro e isso pode ser distribuído para que a polícia investigue melhor o ocorrido. É uma maneira de pressionarmos o Governo do Estado, que cobra muito das polícias.
O motorista tem que estar ligado sempre: não é porque está em um congestionamento que pode se distrair no celular. Se distrair é pedir para ser roubado. Na dúvida, é melhor guardar a integridade física do que guardar o patrimônio. De imediato acionar o 190 que é a instituição que faz o patrulhamento preventivo, ostensivo e fardado. Na situação de perda, o carro não é um escudo, é um alvo, então manter a calma, entregar e tentar viabilizar para que a polícia chegue o quanto antes.
A população também precisa ser mais cidadã, facilitar e dar apoio para a polícia”.

Ricardo Alves de Macedo
Especialista em segurança pública

Dicas para evitar assalto e de como proceder diante de um roubo

- Mantenha os vidros do carro fechados e portas travadas
- Nunca deixe celular ou notebook expostos no interior do veículo
- Bolsas devem ser colocadas embaixo do banco
- Evite parar o veículo em locais pouco iluminados
- Nunca reaja a um assalto
- Não faça movimentos bruscos que possam ser interpretados como uma reação pelo bandido
- Mantenha a calma e entregue os pertences solicitados pelo bandido
- Acione a Polícia Militar após ser assaltado e registre boletim de ocorrência
- Acione a Polícia Militar se visualizar indivíduos em atitude suspeita

Fontes: Polícias Militar e Rodoviária



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