Água com coloração amarelada chega a residências e ao comércio do Centro (Foto: F.L. Piton / A Cidade)

Notícia atualizada às 22h41

A água das torneiras de moradores do Centro de Ribeirão Preto amanheceu amarelada e com forte odor nesta sexta-feira (17).

Após detectar a presença de uma bactéria, o Daerp suspendeu o abastecimento em parte da área central e recomenda que se evite o consumo.

De acordo com a autarquia, a interrupção atinge aproximadamente 9 mil ligações entre as ruas Bernardino de Campos e Lafaiete, e a rua Marechal Deodoro até a rua Garibaldi.

O cozinheiro Felipe Ruriel Pacheco, de 26 anos, conta que, ao acordar, foi lavar o rosto e sentiu um cheiro muito ruim.

"Pela cor, achei que fosse ferrugem do cano da minha casa, mas os vizinhos também estavam com o mesmo problema", relata.

Felipe não estava de todo equivocado. A coloração ligeiramente amarela da água foi ocasionada pela ação de ferrobactérias, micro-organismos que oxidam o ferro. Análises feitas por técnicos detectaram a presença deste tipo de bactéria. Os testes, contudo, não detectaram coliformes fecais.

O engenheiro químico Rogério Felisoni, diretor da Cohesp, laboratório especializado em análise de água, explica que as ferrobactérias se proliferam quando os canos ficam vazios. "Quando falta água, a pressão interna é menor, então, em vez de a água sair, a contaminação entra", esclarece.

Segundo Rogério, o problema das ferrobactérias é que elas consomem o cloro presente na água e, consequentemente, deixam a água mais vulnerável a outras bactérias. "Nesse caso, a caixa d'água tem que ser esvaziada e limpa", frisa.

Mineral

A cozinheira Neli Souza, 61, está consumindo água mineral para cozinhar e lavar a louça há cerca de seis dias. Ela afirma que a situação piorou nesta sexta, mas que a cor amarelada e o odor já duram cerca de quatro dias.

"Você não pode tomar banho que fica fedendo. Está horrível. Não dá nem para lavar roupa", comenta.

O problema também foi notado pela faxineira Helenice Tapete Macario, 48. "Depois de fazer a faxina, fui lavar os braços e quando levei a água para o rosto, senti um gosto estranho", lembra.

A solução encontrada por ela foi recorrer ao álcool gel. "Passei nos braços e, na hora, parei de lavar o banheiro, porque em vez de limpar, eu estava sujando", observa.

A empresária Cláudia Sala, 44, foi mais uma vítima da água 'suja'. Ela, que é proprietária de uma padaria, está preocupada porque usa a água filtrada para fazer os pães. "Tive que comprar galões d'água. O cheiro é de esgoto", ressalta.

O secretário Leonardo Bacadini, 18, que trabalha em um consultório de odontologia, diz que ficou assustado com a coloração da água.

"É nítida a diferença da água mineral para essa. Uma está mais escura que a outra."

O Daerp diz que os trabalhos vão continuar durante esta noite e no final de semana até que seja identificado e sanado o problema.