Garoto morre no Hospital das Clínicas após 'peregrinação'

19/12/2014 10:39:00

Família fala em negligência, já hospital diz que está apurando o que aconteceu 'para tomar pleno conhecimento'

F.L.Piton / A Cidade
Neusa e os quatro irmãos do pequeno Enzo querem respostas pelo diagnóstico tardio que custou a vida do garoto (foto: F.L. Piton / A Cidade)]

“Eles disseram que meu filho estava com manha, que era para eu por ele no chão que ele conseguia andar”, afirma Neusa Dias da Silva, de 48 anos, mãe do pequeno Enzo Gabriel da Silva, 3.

Porém, Enzo morreu anteontem no Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto – mesmo após verdadeira peregrinação da família em busca do diagnóstico correto e do tratamento adequado para o pequeno.

Os familiares de Enzo, que são de Jardinópolis, alegam que houve negligência no atendimento - ficou internado no HC entre a madrugada de sábado e a segunda-feira. A criança voltou para o hospital no mesmo dia da alta – e já em estado grave. Morreu dois dias depois. O HC informou, por meio de sua assessoria, que está investiga o caso (leia mais ao lado).

Sem diagnóstico
Por conta do caso, um boletim de ocorrência de morte suspeita foi registrado pelo hospital. Consta no documento que a criança teve o intestino perfurado depois de ter ido para cirurgia com suspeita de apendicite. Para Neusa, os médicos do Hospital das Clínicas não levaram as queixas de seu filho a sério.

Os familiares contam que a peregrinação de Enzo começou no dia 11, quando o pequeno começou a se queixar de fortes dores abdominais. A família acabou procurando o Pronto Socorro de Jardinópolis.
“Mandaram a gente para o HC e fizeram todo o tipo de exame no meu filho. Fizeram ultrassom e ressonância. Como que não viram o que o menino tinha? Por que deixaram para operar só na segunda?” questiona a mãe.

A irmã de Enzo, Ludimila Paola Dias da Silva Santos, 26, estava inconsolável. “Eles deram alta dizendo que era uma bactéria. Não passaram um antibiótico”, conta. Segundo ela, quando chegou em casa, Enzo piorou, só queria beber água e começou a vomitar.Quando o menino voltou para o hospital, já era tarde.

Quinto filho da família e considerado “um presente”, Enzo era muito paparicado por todos. Em choque, a família ainda tenta entender o que aconteceu e quer respostas para que “outros pais não passem pela mesma situação”.

Secretária diz que não foi ‘constatado nada sério’

A secretária de Saúde de Jardinópolis, cidade que prestou o primeiro atendimento ao Enzo, diz que o quadro clínico não indicava nada grave.

 Marina Ferreira Bertagnoli explica que, no dia 11, quando Enzo foi atendido pela primeira vez no Pronto Socorro, não foi constatado qualquer sinal de apendicite e nenhuma alteração no abdômen da criança. “A medicação foi feita diante desse quadro, com paracetamol, e ele foi mandado para casa. No primeiro momento, o quadro não indicava nada grave”, explica.

De acordo com a secretária, no dia seguinte, após o exame de sangue, o médico pediu a regulação para o hospital com mais estrutura.

‘Sem risco’

Durante a saga pelo diagnóstico, Enzo também foi atendido na unidade de saúde da rua Cuiabá, em Ribeirão Preto. Segundo informou a prefeitura, “o único atendimento foi no dia 12 de dezembro, às 18h54, realizada pela equipe de pediatras da Secretaria da Saúde e, na ocasião, não foi constatada nenhuma situação de risco à criança”.

Hospital afirma que avalia o caso

O A Cidade solicitou ao Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto uma posição oficial sobre o caso. 

Por meio de nota divulgada por sua assessoria, a Coordenadoria da Unidade de Emergência do HC informou que “está avaliando o caso do paciente Enzo Gabriel da Silva, de 3 anos, para tomar pleno conhecimento do que ocorreu na assistência ao mesmo”. Ainda segundo a nota, o HC também informa que, “se necessário, vai realizar a apuração de responsabilidades”.

Após a morte, o HC registrou boletim de ocorrência por morte suspeita. O caso deve ser investigado pela Polícia Civil.

 

 



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