Corregedoria assume investigação por morte na UPA de Ribeirão Preto

31/10/2014 11:04:00

Paciente de 55 anos morreu após passar por diversos atendimentos em unidade e receber diagnósticos variados

Matheus Urenha / A Cidade
Fernando Garcia Filho, que perdeu o pai neste mês, regsitrou boletim de ocorrência e entregou laudos e exames à Polícia Civil (foto: Matheus Urenha / A Cidade)

A Corregedoria da Polícia Civil assumiu ontem as investigações que apuram a eventual falha médica que resultou na morte do motorista Fernando Garcia, 55 anos, no início do mês. O órgão foi nomeado pela Delegacia Seccional a presidir a apuração do caso porque o médico Manoel Brito Burgos, que prestou parte do atendimento ao paciente na UPA e supostamente apontou o diagnóstico errado, é também médico legista da Polícia Científica.

Na manhã de hoje, o filho do paciente, Fernando Garcia Filho, entregou à Polícia Civil os laudos da causa da morte do pai e todos os resultados de exames feitos pelo Hospital das Clínicas, com a confirmação de que a morte foi mesmo causada por choque séptico decorrente de uma grave infecção urinária.

“Meu pai só pedia para o médico o socorrer, passamos quatro vezes pela UPA, disseram que o que ele estava sentindo era diabetes, depois gases, pedra no rim e até depressão”, conta.
Fernando diz que ninguém da família ainda foi chamado para prestar depoimento na sindicância aberta pela Secretaria da Saúde.

“Se tivessem feito um exame de urina, ministrado um antibiótico, meu pai podia estar vivo, podia não ter acontecido isso, mas ele não tomou um antibiótico.”

A família conta que ficou até assustada quando Garcia foi transferido para o HC. “Meu pai estava na UTI e a médica que veio falar com a gente disse que ele tinha uma infecção muito forte. Ele estava tomando a dosagem máxima na veia dos antibióticos e ela não tirava o olho dos aparelhos, que estavam monitorando ele”, diz. Os médicos também avisaram à família que o quadro do caminhoneiro já era de 80% de chances de óbito.

Investigação
A investigação agora será feita pela corregedoria, que tem o prazo de 30 dias para concluir o inquérito ou pedir a prorrogação para mais 30 dias. A família também já procurou um advogado e diz que pretende entrar com ação contra a prefeitura.

Fernando Garcia morreu no dia cinco de outubro, depois de ter sido encaminhado para o Hospital das Clínicas, onde assim que chegou foi direto para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva), pois a pressão estava muito baixa, em decorrência da forte infecção urinária.

Garcia chegou até a ser submetido a uma cirurgia de emergência e teve um dos rins retirado, no entanto, seu quadro só piorou.

Médico diz que atendeu com respeito

Por telefone, a reportagem do A Cidade entrou em contato com o médico Manoel Brito Burgos. 

Ele diz que prefere se manter em silêncio e que vai responder tudo ao Conselho Regional de Medicina e a Polícia Civil.

“O que eu posso falar é que tanto eu, como meus colegas na UPA atendemos esse paciente com respeito e atenção, como a gente faz com todos os outros”, diz.

O médico frisou ainda que trabalha há 22 anos como clínico geral em Ribeirão Preto e que no momento certo o caso vai ser esclarecido.

Sindicância está em fase preliminar

A reportagem entrou em contato com a Secretaria da Saúde de Ribeirão Preto e questionou, por meio de e-mail, por que a família ainda não foi ouvida na sindicância aberta para apurar o caso.

Por meio de nota, a secretaria informou que a sindicância está em fase preliminar de instalação. “A família do senhor Fernando será a primeira a ser ouvida, pois faz parte do rito processual, ou seja, ouve-se a acusação, as testemunhas, analisa-se os documentos e por fim emite-se o relatório conclusivo.”

Porém, nenhum prazo ou data para que isso ocorra foram confirmados.

 



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