Promotor diz que juramento entoado por calouras, em fevereiro, ofendeu incontáveis mulheres
Em ação civil ajuizada contra um médico que participou de um trote considerado de cunho machista e sexista, o Ministério Público de Franca pediu uma indenização de 40 salários mínimos, ou R$ 39.920, como reparação de danos morais coletivos.
Segundo o promotor Paulo César Corrêa Borges, o juramento entoado pelo médico e que os calouros foram obrigados a repetir tem conteúdo machista, misógino e preconceituoso, e que "o discurso ofendeu incontáveis mulheres".
O caso aconteceu durante a recepção dos novos alunos de medicina da Unifran, em fevereiro deste ano.
Vídeos com cenas do trote foram publicados em redes sociais na internet e causaram polêmica. Nas imagens, as novas alunas do curso de medicina estão ajoelhadas e repetem a fala de Braia, que surge como uma espécie de juramentador.
"Juro, solenemente, nunca recusar a uma tentativa de coito de um veterano ou de uma veterana, mesmo que eles cheirem a cecê vencido e elas a perfume barato", diz o médico, seguido pelas estudantes.
Em outro áudio divulgado, um grupo de calouros também é incitado a fazer outro juramento: "(...) e prometo usar, manipular e abusar de todas as dentistas e fazer [inaudível] que tiver oportunidade, sem nunca ligar no dia seguinte".
Na época, a Associação Atlética Acadêmica Doutor Ismael Alonso Y Alonso e o Núcleo de Apoio Escutamos, Lutamos e Acolhemos informaram que não são responsáveis e não atuaram como organizadoras do trote.
A Unifran informou que abriu uma sindicância para apuração dos fatos. A universidade disse que os alunos envolvidos seriam penalizados, conforme previsto no Regimento Geral. O resultado do processo investigatório ainda não foi divulgado pela instituição.
A defesa do médico informou que ainda não foi notificada sobre a ação, mas justificou que o ele já se prontificou a fazer uma retratação, porque em nenhum momento teve a intenção de ofender as calouras ou as mulheres de forma geral.
O caso segue na 3ª Vara Cível de Franca. O juiz Humberto Rocha ainda não se manifestou sobre o pedido do MP.
(Com informações do G1 Ribeirão Preto e Franca)