Pela quarta vez, sede da fábrica Nilza vai a leilão em Ribeirão

12/11/2018 15:56:00

A empresa de laticínios, que teve a falência decretada em 2012, acumula dívidas estimadas em R$ 700 milhões, sendo R$ 20,5 milhões com ex-funcionários

 

Sede da fabrica de laticínios Nilza em Ribeirão Preto (Foto: Lucas Mamede / Jornal A Cidade - 1/9/2014)

A Justiça determinou, pela quarta vez, a abertura de leilão para a venda da sede da Nilza em Ribeirão Preto. A empresa de laticínios, que teve a falência decretada em outubro de 2012, acumula dívidas estimadas em R$ 700 milhões. Cerca de mil ex-funcionários têm R$ 20,5 milhões para receber.  

Nomeado em 2013 administrador judicial da empresa, o advogado Alexandre Borges Leite diz que, em Ribeirão, a sede da Nilza foi desmembrada em dois lotes: a planta da fábrica, com 150 mil m² e avaliada em R$ 38 milhões, e um terreno ao fundo, de 100 mil m² avaliado em R$ 9 milhões.  

Os valores são estimativos. Borges ressalta que, pela legislação, os lances mínimos devem representar ao menos 50% do valor avaliado. A Justiça definirá os parâmetros para os preços mínimos de venda.

O leilão foi determinado pelo juiz Heber Mendes Batista, da 4ª Vara Cível de Ribeirão Preto nesta quinta-feira (8). Nos três leilões anteriores, os compradores ofereceram lances abaixo do mínimo estipulado.  

"Eles foram realizados sob cenário econômico adverso. A sede da fábrica está em uma localização muito boa, então acredito que agora teremos sucesso", afirmou.  

Os terrenos ficam na avenida Professora Diná Rizzi, no Parque Residencial Cândido Portinari, na zona Leste.  

Desde que a falência foi decretada, a Nilza se desfaz de seu patrimônio para sanar os débitos. Até o nome da marca foi vendido por R$ 7 milhões para a Italac. Mas a dívida da empresa, estimada em R$ 700 milhões, é insanável.  

"Conseguimos, nos últimos anos, verificar quais são os credores prioritários", diz Alexandre. Ele diz que R$ 200 milhões são apenas de impostos não recolhidos.  Além dos R$ 20,5 milhões de débitos trabalhistas, outros R$ 6 milhões para ex-funcionários estão em fase de habilitação ou tramitando na Justiça. 

A sede da empresa em Ribeirão, agora, é o último bem de valor da empresa.  

O atual leilão será feito diretamente pela 4ª Vara Civil, sem leiloeiro. Os interessados devem encaminhar envelope lacrado com a proposta até 15 de fevereiro de 2019.  A aberturá ocorrerá em 15 de março, no Salão do Júri. 

A venda é na modalidade "porteira fechada", ou seja: inclui todo o maquinário e bens que ainda estão na fábrica e não foram vendidos.  A unidade da Nilza de Itamonte (MG) também será leiloada. 


Histórico
A Indústria de Alimentos Nilza foi fundada em 2004 por sete cooperativas do ramo de laticínios. Em 2006 foi comprada por Adhemar de Barros Neto, neto do ex-governador de São Paulo.  

O empresário deu início a um processo de expansão, comprando duas unidades em Minas Gerais, e chegou a processar 1,5 milhão de litros de leite por dia em suas três unidades. 

Em 2009, a empresa pediu recuperação judicial. Três anos depois, o Tribunal de Justiça determinou a sua falência.



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