Um casal belo e apaixonado faz um romântico passeio de carruagem pelo parque no outono. Logo, a cena de "comercial de margarina" evolui para um episódio de tortura e sexo. Corta para a jovem abusada acordando ilesa e linda em sua segura e fria cama.  

Essas primeiras cenas do clássico "A Bela da Tarde" são primeiramente entendidas pelo espectador como um pesadelo. Mas a evolução dessa história, inspirada no livro "Belle de Jour" (1928), de Joseph Kessel, vai sugerir que se trata mais é de um sonho de Séverine, personagem vivida magistralmente por Catherine Deneuve aos 23 anos, auge de sua fama e beleza.  

Considerada por muitos críticos a obra máxima do cineasta espanhol Luis Buñuel, "A Bela da Tarde" é o primeiro título programado no festival de longas clássicos que a rede Cinépolis promove a partir deste domingo (16), em comemoração ao aniversário de cinco anos de suas operações em Ribeirão Preto (veja programação à esquerda).   

A beleza e a entrega de Deneuve ao papel de uma mulher insatisfeita sexualmente no casamento, que passa suas tardes se prostituindo em um bordel de luxo, é um dos motivos de "A Bela da Tarde" ter se tornado um clássico. Mas não só.  

O estilo genial de Buñuel, de misturar realidade e sonho para trazer à tona questões do inconsciente coletivo, é usado neste filme para criticar a rigidez da vida burguesa e o automatismo das relações em contraponto aos desejos individuais.  

Mais uma vez o cineasta usa o surrealismo como meio para racionalizar o irracional, chocando e provocando assim a reflexão. É o que faz seu cinema transpor aquela linha em que deixa de ser entretenimento ou simples representação para se tornar arte. 

Outros clássicos que serão exibibos sempre nas sessões das 15jh, na sla 6 do Cinepolis Iguatemi: } de    
 

23/9 - "Acossado" (1960, França), de Jean-Luc Godard  

 

DIA 30/9 - "8 ½" (1963 - Itália),de Federico Fellini

7/10 - "A Primeira Noite de um Homem" - (1967, EUA), de Mike Nichols  

 
14/10 - "A Doce Vida" - (1960, Itália) de Federico Fellini