Um pitbull atacou e perfurou o olho de um border collie na manhã desta sexta-feira (14) no bairro Alto da Boa Vista, zona Sul de Ribeirão Preto. O proprietário do animal ferido registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil e afirmou que, apesar de "feroz", o cão agressor circula diariamente com a dona sem focinheira e "foi autor de vários ataques na vizinhança".  

Em entrevista ao ACidade ON, o fisioterapeuta Mayko Olinto Amaral, de 42 anos, conta que passeava com seu filho de um ano e o border collie chamado Ali quando foi surpreendido pelo pitbull.  

Ali ficou, segundo seu relato, "gravemente ferido no rosto". O animal foi atendido em uma clínica veterinária e se recupera em casa, sob observação. Ele passará por mais exames e poderá ter sequelas.  

"Foi feio, triste e machucou muito o meu cachorro. O Ali urrava de dor e pode perder o olho esquerdo", disse Mayko.  

Segundo o registro policial, o pitbull passeava com a dona conduzido apenas por "uma guia frágil", que se rompeu no momento do ataque.  

Mayko relatou à reportagem que tentou "de todos os modos" separar os cães e chegou a desferir pauladas na cabeça do pitbull, que só soltou Ali após um vigia que estava no local interceder.  

"O veterinário falou para a mulher que ela era uma criminosa por andar com o pitbull daquela forma", afirmou. "Ele podia me matar ou matar o meu filho".  

Mayko disse à Polícia Civil que já havia orientado os proprietários do animal de que ele deveria circular com itens de segurança, como focinheira e enforcador, conforme exige a legislação (leia mais abaixo). 

"Isso [ataques do pitbull] já aconteceu pelo menos umas seis vezes com pessoas diferentes no quarteirão em que a gente mora. Mas o dono não quer andar com o cachorro como a lei manda", disse.  

Ameaças
Mayko disse que o proprietário do pitbull o ameaçou de morte para o vigia que ajudou a conter o ataque, por não aceitar que ele tenha batido no cachorro para salvar a vida de Ali.  

"Ele passou duas vezes na frente da minha casa fazendo o sinal com as mãos de que iria atirar. Está tentando me intimidar", afirmou Mayko.  

Ali, de oito anos, é considerado o "terceiro filho" de Mayko. O cachorro sempre passeia com o fisioterapeuta e com os dois filhos deles a outra criança tem cinco anos.  

A reportagem não conseguiu contato com os proprietários do pitbull.

Lei multa proprietários 
Segundo a lei estadual 11.531/03, os cachorros das raças pitbull, rottweiller, mastim napolitano e american stafforshite terrier devem andar em locais de acesso público com utilização de coleira, guia de condução, enforcador e focinheira. O responsável, caso não cumpra a lei, terá uma multa no valor atualizado de R$ 257.  

Viviane Alexandre, advogada e presidente do Instituto Iluminar, afirmou que o dono do pitbull deveria respeitar a legislação, uma vez que existe um histórico de agressão a outros animais.  

"É preciso buscar a Justiça. Isso pode resultar em reparação moral e material, para que a pessoa se eduque quando sentir no bolso. Uma das ações mais importantes é pedir para que o dono do pitbull perca a guarda do animal", explicou Viviane.  

A advogada afirmou que o responsável provou não ter condição de ter um animal de raça poderosa, como é o caso do pitbull.

"O cachorro não é culpado. O pitbull precisa de um dono equilibrado e mentalmente forte", afirmou.
Viviane também afirma que os responsáveis pelos cães atacados sempre devem procurar registrar as ocorrências.

Mayko afirmou que está reunindo outros moradores que tiveram os cachorros atacados, para prosseguir com medidas judiciais.

Convivência
O adestrador Sérgio Cantadeiro, adestrador do Centro de Adestramento e Psicologia Canina Cantadeiros Kennel, disse à reportagem que todos os cachorros devem ser educados para sair na rua em harmonia com outros animais.  

"Desde o pinscher até o pitbull", afirmou. "É primordial que o cachorro tenha disciplina com regras, limites e restrição. Se o cão acha que é diretor da empresa, o dono nunca mandará nele", afirmou.

(Germano Neto com supervisão de Cristiano Pavini)