Família acusa hospital por morte de mãe e filha no parto

17/07/2018 12:26:00

Gravida de 40 semanas, Érika teria procurado a Santa Casa de Sertãozinho quatro vezes com dores fortes; no último domingo (15), ambas não resistiram ao parto de urgência

 
Érika e o marido, Samuel, com o filho de 3 anos (Foto: Reprodução EPTV)
A Polícia Civil de Pontal instaurou inquérito para apurar a morte da gestante Érika Lima dos Santos, 24 anos, e de sua filha durante o parto no último domingo (15). A suspeita da família é que houve negligência médica durante o acompanhamento da gravidez de 40 semanas no SUS (Sistema Único de Saúde) de Sertãozinho, onde elas moravam.   


"Minha filha disse que não estava bem. Levou a gestação até o final e passou mais de uma semana procurando ajuda, só que esses médicos não foram capazes", disse a dona de casa Josefa Carreiro de Lima, 46, ao resume a dor de perder a filha e a neta.

Uma semana de dor  

De acordo com Josefa, Érika começou a reclamar de dores e pontadas fortes na vagina em 20 de junho, quando procurou um posto de saúde e relatou os primeiros sintomas.  

"Ela foi medicada e mandada de volta para casa. Depois disso, retornou na semana passada. Foram quatro idas a Santa Casa [de Sertãozinho] neste período, mas ela nunca recebeu atenção dos médicos", diz.  

A última consulta ocorreu no sábado (14). A jovem teria ligado de dentro do hospital para a mãe, chorando por não ter recebido um tratamento adequado. A equipe plantonista teria identificado três dedos de dilatação e a queda do tampão mucoso dela, mas a liberou após consulta ginecológica.  

Essa camada costuma sair e sinalizar a preparação do corpo para o parto. Já de alta médica e em sua residência, ela aproveitou que o marido iria a Pontal para a visita o filho e decidiu procurar ajuda no hospital da cidade.  

"Eu cheguei a ficar brava. Queria que ela ficasse em casa e repousasse, mas minha filha fez uma mala pequena e foi até a Santa Casa de Pontal. Eu fiquei cuidando dos meus netos, mas senti que algo de errado estava acontecendo", conta Josefa.  

A gestante deu entrada às 22h do mesmo dia no centro médico, ficou sob observação durante a noite e foi submetida ao parto normal às 9h de domingo (15). As mortes foram constatadas logo depois.  

O bebê, que se chamaria Camille Ester, pode ter nascido morta, devido a demora de indução ao procedimento - apesar de a informação não ter sido confirmada pelo hospital - e Érika com uma parada cardíaca.  

A família acredita, ainda, que o correto teria sido que médicos optassem por uma cesariana, pela falta de dilatação e perda constate de líquido que ela apresentava.  

"Quando meu genro ligou avisando, achei que era mentira. Até agora não consigo acreditar, mas a dor é muito grande. Nós morávamos todos na mesma casa, e ainda não consegui voltar para lá. Ver o enxoval da pequena, as coisas da minha filha. Não criei forças para isso, mesmo depois do enterro, só sei que precisamos de Justiça", lamenta.  

Mãe e filha foram veladas juntas, no Velório Municipal de Sertãozinho, na tarde desta segunda-feira (16), e enterradas em seguida. Os dois meninos, de 3 e 6 anos, filhos da jovem, estão com o pai, na casa de parentes.  

O delegado José Carvalho de Araújo Junior, da Delegacia do Município, investiga as circunstâncias da morte. Ele aguarda os laudos do Instituto Médico Legal que deverão apontar as causas das mortes. O documento deve ficar pronto em pelo menos 30 dias. Procurado nesta terça-feira (17), o policial estava em diligencia e não pôde comentar o caso.  
 
Outro lado  

Por meio de nota, a Santa Casa de Sertãozinho nega as acusações de negligência. "Ela passou por atendimento no hospital, na noite de sábado (14), onde deu entrada às 20h49. Na ocasião, ela foi atendida pelo médico de plantão, que realizou todos os exames clínicos necessários e constatou que ela não estava em trabalho de parto.   
Durante o atendimento, os batimentos cardíacos do bebê apresentavam-se normais. Foi agendado um exame de cardiotografia de controle para o dia seguinte. Diante disso e estando tudo bem com a gestante e o bebê, ela foi liberada com recomendações de que voltasse no dia seguinte ou a qualquer momento, no caso de alteração no quadro clínico", escreveu, via assessoria de imprensa.  

Já a Santa Casa de Pontal não se posicionou sobre o caso.




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