"O RenovaBio vai induzir ganhos de produtividade e de eficiência na produção e no uso dos biocombustíveis e vai reduzir os custos de produção, que serão transformados consequentemente em redução de preços para o consumidor", garantiu o presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari, durante o simpósio Abertura de Safra de Cana 2018/2019, realizado ontem (14), em Ribeirão Preto.  

Segundo ele, o programa que teve o decreto sobre sua regulamentação assinado pelo presidente Michel Temer, durante o evento resultará na construção de mais usinas, geração de empregos e queda de preço para o consumidor.  

"Ao estimular o aumento da eficiência na produção terá mais cogeração, mais biodigestão e aumentará a produtividade de biocombustíveis. Isso tudo vai trazer ganhos de produtividade, que vão resultar em redução de custo e, mais importante, redução de preço para o consumidor", reforçou.

Descarbonização  

Nastari explicou que o programa implica em uma certificação dos produtores, com a emissão de uma nota de eficiência energética ambiental, por critérios internacionais.  

"Essa nota vai determinar a capacidade de cada produtor solicitar a emissão de crédito de descarbonização, que serão negociados em bolsa, livremente, e os agentes que estarão responsáveis por reduzir as emissões de carbono, no caso as distribuidoras, vão adquirir estes créditos para cumprir suas obrigações", comenta.  

Isso tudo faz parte de uma estratégia para permitir que o Brasil cumpra o compromisso de reduzir em 43% suas emissões de gases de efeito estufa até 2030.  

Além disso, o RenovaBio trará previsibilidade para a retomada dos investimentos e crescimento da produção do biocombustível (etanol, biodiesel, biometano, biogás), sem depender de subsídios do governo e de renúncia fiscal. 

O que é o Renovabio?

- A Lei nº 13.576/2017, que trata da Política Nacional de Biocombustíveis, conhecida como RenovaBio, promove a redução de emissões de gases de efeito estufa no setor de transportes, em linha com os compromissos do Brasil assumidos no Acordo do Clima em 2015, e cria condições para o crescimento do setor de biocombustíveis.
 
- No futuro, espera-se uma redução de 847 milhões de toneladas de CO2 com etanol e biodiesel, o que equivale a 6 bilhões de árvores plantadas, além da expansão de oferta de biocombustíveis e milhares de novos empregos.   

Única critica declarações sobre aumento de preços  

Segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), "é improcedente o argumento de que o RenovaBio implicará na elevação gradual na mistura de etanol à gasolina de 40% até 2030, o que provocaria um aumento de até R$ 0,06 por litro do combustível fóssil nas bombas".  

Isso porque, o texto da lei sancionada em dezembro de 2017, não prevê tal medida. Desta forma, a Unica reforça que o decreto do RenovaBio tem como tema a orientação do funcionamento do Programa, não sobre questões de mistura.  

Safra deve chegar a 598 milhões de toneladas 

A projeção para a safra 2018/2019 de cana-de-açúcar no Centro-Sul do País, que começa oficialmente em abril, deve totalizar 577 milhões de toneladas, uma queda de 5,2% sobre o resultado do ano passado. Esta é a estimativa revisada pela consultoria Datagro e anunciada ontem (14), em Ribeirão Preto.  

Já a atual safra (2017/2018), que segue até o final deste mês, deve ficar entre 596 milhões e 598 milhões de toneladas.
Segundo o presidente da Datagro, Plínio Nastari, a queda na oferta de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil se deve ao clima, que prejudicou com períodos de 60 a 90 dias de estiagem no ano passado.  

"O mês de fevereiro não foi auspicioso em chuva na região Centro-Sul, sendo que é uma época importante para o desenvolvimento", afirmou. "Agora, em março, as chuvas também estão abaixo da média histórica, sendo este mais um ponto de atenção", completou.  

A produção de açúcar foi estimada em 31,6 milhões de toneladas. Já a previsão de produção de etanol em 2018/2019 é de 26,7 bilhões de litros, destacando que a safra será mais alcooleira.  

Usina Batatais  

A Usina Batatais, primeira a dar início à safra 2018/2019, estima moer 4,250 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, contra os 4,207 milhões de toneladas na safra anterior. Já a produtividade do canavial está estimada em 87 toneladas por hectare na safra 2018/2019, contra uma produtividade de 91 toneladas por hectare na safra passada. No grupo, composto pelas unidades de Batatais e Lins, esse número deve ser 3% menor que na safra 2017/2018, sendo o principal motivo o volume reduzido e irregularidade nas chuvas no ano passado.