Zagueiro do Leão dá lição de preparo, conhecimento e planejamento

21/07/2016 13:46:00

Marco Tiago, 32 anos, quer trabalhar como técnico depois que deixar os gramados

Matheus Urenha / A Cidade
Marco Tiago deixa recado aos atletas de atualmente: 'É possível jogar bola e fazer outra coisa' (Foto: Matheus Urenha / A Cidade)

 

O mundo de Marco Tiago é diferente. Nos seus sonhos mais distantes, haverá um momento em que a maior parte dos jogadores serão engajados, saberão planejar o futuro e brigar pelos direitos da profissão.

Tido como um dos principais líderes do elenco do Comercial, o zagueiro ainda tem 32 anos, mas já planeja a vida após deixar os gramados. E, se nada mudar, a nova carreira terá relação com o esporte. A ideia é trabalhar como técnico.

E ele já deu os primeiros passos para ingressar na carreira. Nos últimos meses, fez curso de Gestão Técnica na Universidade do Futebol e completou a licença C nos cursos para formação de treinadores da CBF. Recentemente, fez estágio no Feirense e no Boa Vista, ambos de Portugal - o zagueiro atuou por cinco anos e meio no futebol português. “Não tenho vontade de estender a minha carreira. Minha ideia é jogar mais dois anos. Tenho o desejo de ser treinador e venho estudando para isso. Pelo que já aprendi no futebol, acredito que terei a possibilidade de ajudar muita gente”, comentou.

Natural de Belo Horizonte, ele é a prova que um zagueiro pode fazer mais do que simplesmente rebater e dar carrinho. O atleta comercialino foge do estereótipo do boleiro e defende um perfil de atleta diferente. Insatisfeito com os rumos do futebol brasileiro, o defensor decidiu aderir ao Bom Senso F.C.

Ao lado de atletas experientes e consagrados, faz parte do movimento em defesa de uma ampla reestruturação do futebol nacional e não poupa críticas aos companheiros de profissão. Desde 2014, tornou-se uma espécie de porta-voz do “baixo clero”.

“Eu acabei me tornando uma das vozes do chamado “subúrbio”. O que mais me ajudou foi o fato de ser um cara esclarecido. Tive a chance de viver culturas diferentes. Infelizmente 1% dos jogadores dão a cara pra bater. Somos uma classe desunida. O Bom Senso precisa de caras novas, mas os jogadores são acomodados. Quem está em cima não se preocupa com aqueles que estão em baixo e os menos privilegiados não dão a cara pra bater”, avalia.

Fora dos gramados, Marco Tiago já tem passe livre para cuidar da carreira nos negócios. Desde 2013, complementa a renda com uma loja on-line, na qual comercializa luvas e chuteiras para diversos clubes do Brasil. “A loja já é muito conhecida no meio esportivo. Vendo do Amazonas ao Rio Grande do Sul. Com essa grana consigo manter os meus compromissos em dia. O ‘boca a boca’ é a melhor propaganda que temos”.

Diante do cenário, Marco Tiago não aconselharia o filho Diego, de cinco anos, que reside com a mãe em Portugal, a seguir a carreira de atleta. “É um mundo sujo e de muita ilusão. Mas não é uma exclusividade do futebol e nada que fuja do universo atual”, conclui.



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