Ribeirão-pretano de 13 anos muda de vida ao praticar judô

15/01/2017 16:40:00

José Cleiton Alves, o Cleitinho, deixou as ruas e virou um vencedor

Weber Sian / A Cidade
Cleitinho pode se espelhar na trajetória de Sibilla Facchioli (Foto: Weber Sian / A Cidade)

 

Menino garimpado da periferia de Ribeirão Preto, José Cleiton Alves, o Cleitinho, já é apontado como uma das maiores revelações na região. A história do judoca de 13 anos é comum à da esmagadora maioria das crianças criadas em situações desfavoráveis. A diferença é que a dele mostra o quanto este roteiro quase predeterminado é possível de ser alterado. “Minha vida mudou depois do judô. Na escola tinha dificuldades para aprender, não conseguia fazer nada”, conta.

O garoto foi descoberto pelo professor Cléber do Carmo aos cinco anos. Ele foi colocado para lutar no projeto “Corpore Sano Rumo ao Pódio”. Em vez da rua e de seus perigos e tentações, o jovem decidiu guardar energias para ser um campeão nos tatames.

“[O Cleitinho] Era um menino que poderia estar perdido, mas ele ama o judô e já treina com a molecada do sub-18. Ele está muito à frente dos garotos da sua idade”, afirmou o técnico Cléber do Carmo.

A grande incentivadora

Responsável pela guarda do menino, a assistente social Lucimara Nefer contou que a vida de Cleitinho mudou quando ele conheceu o judô. O garoto entrou “nos trilhos” e iniciou uma carreira promissora no esporte.

“Ele era agressivo, hiperativo, não conseguia parar sentado na cadeira. Com o judô, ele ganhou foco e disciplina”, declarou Lucimara. Mas, o seu desafio vai além do tatame e do esforço individual, que serve de exemplo para muitos outros garotos. “O esporte é uma ferramenta social. O Cleitinho é mais um dos diversos garotos que tivemos a chance de recuperar”, comentou o professor Cléber.

Apesar da pouca idade e do jeito tímido, o garoto, aluno do 6º ano do Ensino Fundamental, é gente grande e fala alto quando o assunto é conquistar títulos. No ano passado, ele foi vice-campeão paulista na categoria super-ligeiro sub-13. Também coleciona outras medalhas.

“Gosto de competir e quero evoluir a cada dia. O meu maior sonho é disputar uma Olimpíada”, comentou Cleitinho, ribeirão-pretano de nascimento.

Professor atende crianças e adolescentes carentes

Aos 45 anos, o ribeirão-pretano Cléber do Carmo se dedica a formar um exército de jovens guerreiros do bem. Atualmente ele ministra aulas para cerca de 1,5 mil crianças menos favorecidas. “A gente acaba tendo essa contrapartida de ver a criança evoluir e crescer na escola. Nós estamos fazendo aquilo que o poder público não faz. A nossa filosofia é formar o cidadão”, contou Cléber. Pela equipe de Ribeirão Preto, o ex-judoca profissional conquistou, ao todo, nove títulos, além de 14 vice-campeonatos e terceiros lugares. Foram 23 anos de trajetória representando a cidade em competições regionais, estaduais e nacionais.

Garoto demonstra maturidade

Um menino cheio de sonhos e dedicado. Assim Luciana Nefer define Cleitinho. O garoto impressiona na execução dos fundamentos do judô, diante dos adversários, e pela maturidade demonstrada quando está fora dos tatames.

“Apesar de ter apenas 13 anos, ele é um garoto que já tem objetivos bem definidos. Isso, de certa forma, impressiona a gente. No judô os próprios professores citam que ele é diferenciado”, declarou Nefer.

Em busca de mais experiência, Cleitinho quer passar por um período de intercâmbio no Japão para conhecer ainda mais sobre a modalidade que transformou sua vida. “Quero ir para lá, vai ser importante para mim. É um sonho que sempre tive”, contou o judoca. Além disso, Cleitinho pretende seguir os passos do professor Cleber do Carmo e se formar em Educação Física. Assim terá a possibilidade de transformar a realidade de meninos e meninas que, exatamente como ele, fazem parte das camadas menos privilegiadas.

“Ele quer estudar, ser igual ao professor [Cleber do Carmo]. Nós estamos ao lado dele e vamos incentivá-lo, apesar das dificuldades”, finalizou Nefer.



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