Dinheiro era depositado em conta de vereadora em Sertãozinho

26/11/2014 09:46:00

Maria Célia Ramos (PMDB) diz que não sabia que medida era irregular; ela era uma das dez pessoas indiciadas pela polícia

Joyce Cury / A Cidade
Maria Célia Ramos nega conhecimento sobre ilegalidade (foto: Joyce Cury / A Cidade)

A vereadora Maria Célia Ramos (PMDB), ex-diretora da UBS do Jardim Alvorada, em Sertãozinho, confirmou em depoimento ao Ministério Público que recebeu cerca de R$ 5 mil por mês em uma conta. O pagamento teria sido feito por um ano.

Segundo o depoimento, prestado no dia 4 de novembro, a quantia foi acertada com o ex-secretário de Saúde Jorge Fernando Furtado. A vereadora nega que tenha ficado com os valores. Segundo ela, a quantia era repassada para Renata Cabral, funcionária da Secretaria de Saúde. A defesa da servidora tenta fazer um acordo de delação premiada.

Célia, que segundo o A Cidade apurou é das 10 pessoas indiciadas pela Polícia Civil por supostas fraudes na pasta, diz desconhecer a origem do dinheiro. A ex-diretora da UBS alegou que só aceitou receber o dinheiro após uma autorização de superiores.

“Busquei informações com o secretário de Governo e também com o secretário de Saúde do porquê desta solicitação. Questionei também a correição e a lisura desta atitude. Eles me informaram e orientaram para que eu ficasse tranquila, que não havia nenhuma ilegalidade”, disse Célia.

O caso
Na semana passada o delegado responsável pelo caso, Plaúcio Fernandes, informou que já indiciou 10 pessoas que atuavam no suposto esquema de fraude que ocorria dentro da Secretaria de Saúde de Sertãozinho.

A fraude, desvendada há dois anos pelo MP, consistia fraudar as planilhas de serviços médicos terceirizados prestados pela empresa Comed. Funcionários da Saúde aumentavam o número de horas trabalhadas pelos médicos para obrigar o município a pagar mais do que devia. Os médicos recebiam apenas pelos serviços prestados e a diferença era depositada nas contas particulares dos funcionários envolvidos. O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) abriu uma sindicância para apurar a conduta de médicos suspeitos de envolvimento no esquema que segundo a polícia, desviou R$ 1 milhão do sistema de saúde de Sertãozinho.

Servidora tenta acordo para colaborar

A defesa da servidora Renata do Prado Ferreira Cabral, apontada por suspeitos e testemunhas como sendo a responsável por fazer os pagamentos e os recebimentos de um suposto esquema de fraude que atuou dentro da Secretaria da Saúde de Sertãozinho, estuda pedir o benefício da delação premiada.

Segundo o advogado, Luiz Gustavo Vicente Penna, a servidora está indiciada. “Estamos verificando a possibilidade de entrar com um pedido de delação premiada. Desde o início ela citou alguns nomes e apresentou documentos”, disse Penna.

O advogado nega que sua cliente tenha participação no caso. “A Renata não está envolvida em nenhum suposto esquema de fraude. Ela está colaborando com a Justiça e com o Ministério Público”, disse.

 



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