Prefeito nega desvio de merenda na Cozinha Piloto de Batatais

29/07/2014 09:14:00

Sindicância aberta pela prefeitura foi concluída, mas relatório final não foi disponibilizado à imprensa

Milena Aurea / A Cidade
Prefeito prometeu reformar e informatizar a Cozinha Piloto, além de destiná-la apenas ao atendimento da Secretaria de Educação (foto: Milena Aurea / A Cidade)

Em coletiva de imprensa realizada na tarde de ontem, o prefeito de Batatais, Eduardo Oliveira (PTB), negou a existência de desvio dos alimentos da merenda escolar. Ele assumiu, entretanto, que havia irregularidades na Cozinha Piloto, responsável pelo armazenamento e fornecimento das refeições aos alunos.

O prefeito admitiu falta de controle no estoque - anotações de retiradas eram feitas a lápis - e prometeu informatizar o sistema. Ele também determinou que a Cozinha Piloto seja reformada e atenda apenas à Secretaria de Educação - atualmente, ela armazena e fornece alimentação para toda a prefeitura.

Conforme o A Cidade mostrou no dia 17 de julho, servidoras denunciaram o desvio constante de itens da merenda. Até carne temperada seria retirada para churrascos aos finais de semana. “Nenhum alimento adquirido para a merenda teve outra destinação”, defendeu Eduardo.

A sindicância aberta pela prefeitura em abril tem 17 volumes e 1,7 mil páginas. Ela foi concluída e será encaminhada ao Ministério Público, Polícia Civil e Câmara Municipal, que tem uma Comissão Especial de Inquérito instaurada e hoje ouvirá o ex-prefeito de Batatais.

Eduardo não disponibilizou ontem ao A Cidade o relatório final da apuração, alegando estar em seu escritório - todos os outros 16 volumes foram trazidos na coletiva. A entrevista também não teve a presença do procurador do município, Celso Augusto de Oliveira Santos, responsável pela investigação e tido internamente como “linha-dura”.

Punição
A sindicância encontrou desvios de função de servidores e pagamento inapropriado de horas extras. Uma funcionária foi afastada por 15 dias por ter levado para a própria casa um armário da Cozinha Piloto. Não houve outras punições.

O prefeito defendeu o secretário de administração, Raimundo Fernandes. Seu nome aparece na lista de retiradas de alimentos aos finais de semana da Cozinha Piloto, que seriam repassados a entidades não identificadas. “O problema é na anotação precária, não na retirada”, disse Eduardo.

Ele não vê irregularidade no repasse de alimentos que não sejam da merenda para instituições beneficentes ou privadas, como o Batatais Futebol Clube, ou realização da Festa do Leite e Festa do Peão - neste ano, um almoço para 500 “peões” foi fornecido pela Cozinha Piloto.

Eduardo disse que as denúncias são fruto de motivação política e de problemas de relacionamento das servidoras da Cozinha. 

Câmara vê irregularidades

A vereadora Andresa Furini (PT) disse que a Câmara não recebeu o relatório da sindicância da prefeitura, e que a apuração realizada pela Comissão Especial de Investigação (CEI) encontrou fortes indícios de irregularidades na Cozinha Piloto, inclusive desvio de itens da merenda escolar.

Ela reclama que a prefeitura não enviou à Câmara notas de compras de alimentos para entidades particulares e beneficentes. 

Em relato prestado à CEI no dia 24 de junho, as funcionárias da Cozinha Piloto C.N.S e L.L.B afirmam que  os alimentos enviados para essas entidades saíam do estoque da merenda escolar, inclusive a alimentação dos membros de uma cooperativa de recicláveis.

A prefeitura nega que esses repasses foram feitos com verbas da merenda.

Hoje, a CEI irá ouvir o ex-prefeito de Batatais José Luiz Romagnoli (PTB) e a atual secretária de Assistência Social, Marta Guidolin.



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