Famílias 'Nogueira' e 'Rossi' têm cabos eleitorais que passam de pai para filho políticos

28/09/2014 17:20:00

Família Iossi já trabalhou para Costábile, Marcelino e, agora, pede confiança para o candidato Maurílio Romano

Renato Lopes / A Cidade
Célia Iossi Pessini trabalha há três gerações para a família Romano – dessa vez, para o candidato a deputado estadual Maurílio Romano (Foto: Renato Lopes / A Cidade)

“A propósito, se você não tiver escolhido o candidato vote no Maurílio. Esse eu recomendo”. A frase é Célia Iossi Pessini, de 67 anos, que trabalha para ajudar os políticos da família Romano desde os tempos do prefeito Costábile. Assim, como ela, outras famílias se mobilizam em época de eleição para pedir o voto para o político em que acredita.

Essa situação passa de geração para geração, tanto na família dos cabos eleitorais, como na família dos políticos. Além dos ‘Romano’, os ‘Rossi’, com Wagner e Baleia, os ‘Silva’, com Ricardo e Rafael, e os ‘Nogueira’, com os ‘dois Duartes’ também têm seus cabos eleitorais fieis.

Para os especialistas ouvidos pelo A Cidade, essa situação nem sempre é boa, já que é preciso priorizar a razão na hora de votar.

Vem de longe

Gino Iossi e Olga Iossi, pai e mãe da Célia, trabalharam na década de 1950 para Costábile Romano, que foi prefeito de Ribeirão Preto (1955/1959). “Era outra época. A campanha era feita nas residências, com a presença de vizinhos e amigos. Minha mãe fazia comida e chamava todo mundo e também recebia o Costábile”, lembra Célia.

Duas décadas depois foi a vez de Marcelino Romano Machado, sobrinho de Costabile, entrar para a vida pública. Marcelino foi eleito vereador, deputado estadual e deputado federal. A última eleição que disputou (2004) foi candidato a vice-prefeito na chapa do ex-prefeito tucano Welson Gasparini.

“A família Romano só tem gente boa e tem raízes em Ribeirão Preto. Admiro todos eles. Por isso meu marido e eu começamos a trabalhar também com o Marcelino”, contou ela.

Mesmo após o marido (Tim Pessini) falecer, Célia seguiu a rotina de pedir votos para os Romano, mas desta vez para Maurílio, que iniciou a vida pública nos anos 2000 – está no segundo mandato para vereador e é candidato a deputado estadual. “Estou sempre no comitê e ajudo a fazer a campanha na rua e a pedir votos. Além disso, peço para todos os meus conhecidos votarem no Maurílio”, completou Célia.

Maria Rita pede voto para pai e filho

Se pedir votos para um candidato já demanda tempo e persistência, imagina para dois. Essa é a situação de Maria Rita Barbosa, de 72 anos, fã do deputado estadual Rafael Silva (PDT), que busca o sexto mandato. Da admiração pelo pai, surgiu o apreço pelo filho, Ricardo Silva (PDT), que é vereador e tenta ser eleito deputado federal.

Segundo Rita, tudo começou com o marido, Adib Barbosa. “Ele conheceu o Rafael antes de ele entrar para vida pública, na década de 1980, quando eles eram funcionários do Banco do Brasil”, explicou Rita. “Ele sempre foi um cara correto”, acrescentou.

Maria afirma que considera Rafael e Ricardo como membros da família. “Eu tenho trabalho voluntário em creches e asilos e sei tudo que o Rafael já fez pela cidade. Agora o filho dele segue os mesmos passos. O espelho do filho é o pai”, disse ela. “Tenho um filho e dois netos e todos vão votar no Rafael e no Ricardo.”

Análise

‘Voto pelo jeitinho deve acabar’

“O fanatismo político tem uma lógica cultural. Mesmo com as gerações avançando, as pessoas levam uma memoria social. Ao longo da história tivemos ditadura, coronelismo e o voto de cabresto. E mesmo com a evolução humana, ficam alguns traços desta cultura. Ou então, ocorre o caso do político ter ajudado a família e, por gratidão, a pessoa pede voto para ele. Também surgem aqueles pedidos ‘vota em tal político porque ele é meu amigo e eu sei que ele é bom’. Não podemos simplesmente votar em alguém porque vamos ter ‘um jeitinho’ para resolver os problemas. Agora, a tendência é que quanto mais o tempo passar com a população vivendo na democracia, menos bagagem do passado ditatorial seja levada às gerações futuras. Mas a mudança não acontece do dia para a noite”.

Fábio Pacano, sociólogo



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