Vereadores apoiam decisão de Walter de aceitar somente 'cadastrados'

17/04/2014 23:19:00

Parlamentares avaliam que a medida de segurança é positiva e afirmam que ação igual já ocorre no País

03.abr.2014 - Milena Aurea / A Cidade
Câmara exigirá cadastro para entrada no prédio do Legislativo; grupo reclama de perseguição (Foto: 03.abr.2014 - Milena Aurea / A Cidade)

O presidente da Câmara, Walter Gomes (PR), não está sozinho em sua decisão de “fichar” qualquer pessoa que deseja pôr os pés nas dependências do Legislativo ao receber apoio de outros vereadores.

A preocupação de alguns é apenas como será o sistema de cadastramento. A medida entra em vigor já na sessão da próxima terça-feira (22). Será exigido a apresentação de um documento com foto.

Para o vereador Genivaldo Gomes (PR), Walter deveria ter implantado o cadastramento desde o começo do ano. “Em qualquer edifício comercial de Ribeirão, como de outros locais do País, tem que se identificar. Não vejo qualquer problema em adotar o cadastramento na Câmara”, disse.

Genivaldo afirma que, caso não fosse a reativação da porta-giratória e o trabalho dos guardas municipais, as pessoas teriam entrado normalmente no plenário com os mesmos artefatos encontrados na última terça-feira na área externa da Câmara.

Já o vereador Giló (PR) avalia que a medida a ser adotada pela Presidência é simples e não entende o motivo para tanta polêmica.

“A identificação já ocorrem em outros prédios, de grande movimentação de público, em Ribeirão. Não vejo qualquer abuso. Se a pessoa não deve, não tem motivo para não querer se identificar”, diz.

Ao afirmar que não tem conhecimento integral da medida a ser adotada pela presidência, o vereador André Luiz da Silva (PCdoB) defende a implantação de um sistema de segurança.

“Entretanto, é preciso encontrar uma fórmula que contemple dois pontos, uma que possa preservar a integridade física de quem frequenta o Legislativo e outra que assegura o livre direito de manifestação popular”, defende.

O vereador Ricardo Silva (PDT), da oposição, afirma que é positiva a adoção de medidas de segurança, mas diz que a Constituição precisa ser respeitada.

“Toda e qualquer medida de segurança é boa. Mas é preciso apenas ter cuidado para não ferir o direito constitucional de quem vai assistir a sessão”.

Já o vereador Marcos Papa (sem partido) tem a mesma preocupação de Ricardo, apesar de ser favorável a investimento na área de segurança. “É preciso averiguar apenas como será o cadastro. Não vejo problema algum de criar o cadastro, desde que seja simples e rápido”.

Manifestantes falam em perseguição

Os manifestantes insistem que foram vítimas de abusos e ameaças e afirmam que os coquetéis molotov e pedaços de paus foram plantados para incriminá-los.

“Foi pedido que todos que puderem voltem nas próximas sessões e ignorem os capangas infiltrados e a GCM (Guarda Civil Municipal) para manter o foco”, consta postagem no Facebook do grupo.

Sobre o cadastro a partir da próxima terça-feira, os manifestantes falam que é perseguição. A mesma avaliação é do integrante do Movimento Independente, Matheus Vieira, que tem participado dos protestos

“Não é por segurança e nem é questão de burocracia, isso é perseguição mesmo e um resquício do sistema coronelista”.

Walter diz ter sido vítima de racismo

Walter emitiu nesta quinta-feira (17) uma nota oficial afirmando que foi vítima de racismo na sessão da última terça-feira pelos manifestantes.

“Não tenho vergonha da minha cor de pele ou da minha origem, aliás, carrego muito orgulho por ser o primeiro presidente negro da Câmara de Ribeirão. Tenho origem humilde, todos sabem que cortei cana e colhi algodão, e me formei Bacharel em Direito com muito esforço”, disse.

Segundo o presidente do Legislativo, os seus assessores e amigos reagiram contra atos de racismo por parte de alguns manifestantes. “Que não somente usaram expressões como “seu preto analfabeto”, “seu macaco”, como fizeram gestos ofensivos a mim, imitando primatas”, disse.

O vereador Andre Luiz da Silva (PCdoB) afirma ter ouvido várias frases direcionadas ao Walter, mas não de cunho racista. “Eu repudio atos de racismo”.



    Mais Conteúdo