Barrinha de olho na Presidência do Brasil

08/08/2017 15:22:00

Com sede na cidade do Interior, PEN aposta em Bolsonaro, redes sociais e mudança de nome para conquistar o Palácio do Planalto

 Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Filiação do deputado Jair Bolsonaro será anunciada nesta quinta-feira (10) (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

 

Com a sede principal em Barrinha (39 km de Ribeirão Preto), tendo como presidente nacional um vereador da cidade, o PEN (Partido Ecológico Nacional) dará, nesta quinta-feira (10), a maior guinada em seus apenas cinco anos de existência. Será anunciada a filiação do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) e de seu clã político, bem como a mudança de nome da legenda para Patriotas.

O objetivo é conquistar o Palácio do Planalto em 2018. Mas não só.

Aos 53 anos, Adilson Barroso, presidente e responsável pela criação do PEN, quer eleger uma bancada de 30 a 50 deputados federais – para efeito de comparação, hoje o PSDB possui 45 deputados em exercício – e transformar o partido em uma força nacional.

“Não somos nanicos. Nanico é o partido que existe há muito tempo e não saiu do lugar, não consegue mais crescer. O PEN é pequeno, muito novo, com potencial de crescimento”, afirma.

Para alcançar o objetivo, Barroso aposta no “efeito Bolsonaro” como puxador de votos e, principalmente, nas redes sociais. “Juntos, eu e o Bolsonaro temos 11 milhões de seguidores. Isso representa quase 10% do eleitorado brasileiro”, afirma o vereador, que pretende se licenciar do cargo para se dedicar integralmente às eleições do próximo ano.

Barroso tem 6,2 milhões de seguidores no Facebook e Bolsonaro, outros 4,4 milhões. Se não houver fakes (perfis falsos), seguidores múltiplos ou residentes no exterior, ambos teriam juntos o equivalente a 7,3% dos 144 milhões brasileiros aptos a votar no ano passado, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

“Têm postagens minhas com meio milhão de curtidas. Vídeos com mais de 1,5 milhão de visualizações. Não é pouco”, afirma Barroso, que garante cuidar pessoalmente de sua página. Ela, porém, é restrita a postagens sobre natureza, sem abordagens políticas. Nesta segunda-feira (7), por exemplo, postou a foto de uma árvore florida. Teve 31 mil curtidas e 6,1 mil compartilhamentos.

A valorização das redes sociais é tanta que a filiação de Bolsonaro nesta quinta-feira (10), no Rio de Janeiro, será transmitida ao vivo por seus perfis no Facebook. “Esperamos ter ao menos 5 milhões de visualizações”, adianta. A mudança para Patriotas também deve ser anunciada. Os filhos de Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSC) e o vereador Carlos Bolsonaro (PSC) também migrarão para o partido.

Mas Barroso garante que a adesão será muito maior. Ele conta que políticos de todo o Brasil, incluindo senadores, o procuraram nas últimas semanas buscando a filiação.

Entre as apostas está o deputado federal Major Olímpio, atualmente no Solidariedade, que pode ser lançado candidato a governador de São Paulo no próximo ano.

Matheus Urenha / A Cidade
Adilson Barroso é presidente e responsável pela criação do PEN (Foto: Matheus Urenha / A Cidade)

 

Milagre

“Foi um milagre”, diz Barroso, sobre a filiação de Bolsonaro ao partido. Ele está esperançoso em uma vitória no primeiro turno. Segundo pesquisa Datafolha divulgada em 26 de junho, o deputado está em segundo lugar nas intenções de voto, com 16%, atrás de Lula, com 30%.

Barroso nega que a vinda de Bolsonaro possa desconfigurar a bandeira ecológica que o PEN carrega no nome e afastar os eleitores devido aos posicionamentos políticos do deputado – que, entre outros, defende a ditadura militar, já foi condenado a pagar multa por declarações homofóbicas e é réu no STF por incitação ao estupro da deputada federal Maria do Rosário (PT).

“Nós sempre fomos de centro-direita, sem radicalismo, nem mesmo na temática ambiental. Defendemos, acima de tudo, a sustentabilidade. E o Bolsonaro não é um extremista, esse é um discurso repetido apenas por esses partidos de esquerda, PT, PSOL, PCdoB...”, opina.

Ele explica que foram emissários do deputado que o procuraram, em dezembro do ano passado, cogitando a filiação e a candidatura à presidência. Foi no terceiro encontro, realizado no mês passado em São Paulo, que o acerto foi concretizado.

PEN

O partido obteve o registro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 19 de junho de 2012, e foi criado por Barroso após ele ser destituído da presidência estadual do PSC por não conseguir a reeleição para a Assembleia Legislativa em 2006.

Em sua primeira eleição pelo PEN, para deputado federal em 2014, obteve 35,2 mil votos e ficou em suplente. No ano passado, foi o segundo vereador mais votado de Barrinha, com 497 votos – cinco a menos que o primeiro colocado.

Barroso afirma, de cabeça, que a legenda hoje possui 3 deputados federais, 14 estaduais, 14 prefeitos, 40 vice-prefeitos e 524 vereadores.

A assessoria de imprensa de Bolsonaro afirmou que apenas na quinta-feira (10) ele se manifestará sobre a filiação. Procurada, a assessoria de Major Olímpio não retornou até a publicação desta reportagem.



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