Conselho de ética Reunião realizada ontem (2) definiu Isaac Antunes como relator do processo contra Waldyr Villela (foto: Weber Sian / A Cidade)

O médico Carlos Roberto Leal de Andrade, apontado pelo vereador e dentista Waldyr Villela (PSD) como chefe do ambulatório em que ele atuava, está fora de Ribeirão Preto desde 2008, data que também deixou de trabalhar.

O médico procurou o A Cidade para esclarecer a situação, já que na semana passada Villela informou que ele aparecia, às vezes, no ambulatório lozalizado na zona Norte.

Ontem, a Câmara de Ribeirão Preto abriu processo que pode culminar com a cassação do parlamentar.

Médico

Por meio de um telegrama, Carlos Roberto Leal de Andrade, afirmou que vive no Sul do País (Florianopólis, SC) desde 2008. Andrade foi cirurgião plástico em Ribeirão Preto durante 35 anos. O médico afirma que prestou serviços no Centro Espírita André Luiz (local do ambulatório de Waldyr) por um curto período e se afastou do serviço em 2008.

Segundo escrevem os advogados de Andrade , ele “jamais autorizou a utilização de seu nome, tampouco de deu registro” por parte do vereador Waldyr Villela. O médico também confirma o que A Cidade já havia mostrado. Que pediu baixa no CRM - registro para exercer a medicina - no final de 2010, tendo o pedido deferido em fevereiro do ano seguinte.

Além de enviarem o telegrama para a reportagem, os advogados do médico também notificaram o vereador Waldyr Villela, exigindo a exclusão do nome de Andrade das receitas passadas no ambulatório. As guias ainda têm o nome do próprio vereador e também do filho dele, Alexandre Villela, que também é dentista.

Denúncias

A reportagem mostrou na semana passada que Villela, mesmo sendo dentista, receitava os mais variados medicamentos - chegou a oferecer injeção de anticoncepcional e remédio para vômitos.

A Vigilância Sanitária informou que em 2011 realizou uma vistoria no ambulatório e que indeferiu o alvará de funcionamento. Na oportunidade, chegou a notificar Villela que o local não poderia funcionar. O vereador, porém, seguiu prestando serviços no ambulatório mesmo assim. 

Uso do carro da Câmara e de comissionados

Além de atuar como médico sendo dentista, a reportagem também flagrou o vereador Waldyr Villela usando o carro oficial da Câmara para se locomover até o ambulatório durante o recesso parlamentar. Outra irregularidade é que o comissionado do legislativo José Luiz Lomastro estava no ambulatório. Waldyr Villela reconheceu que ele fica lá e alegou ser seu motorista. A reportagem, porém, flagrou o vereador dirigindo o carro oficial ao estacionar no ambulatório. A situação ocorreu no dia 26 de julho. Após a denúncia ser publicada e seu afastamento por motivo de saúde, o vereador estacionou o carro na vaga da Câmara.

Problemas de saúde

Desde a semana passada, Waldyr Villela está de repouso por problemas de saúde - passou por uma cirurgia de catarata e está com problemas de pressão alta. O parlamentar inclusive se afastou do Legislativo até o dia 8 de agosto. Um dia antes da publicação da reportagem, porém, A Cidade falou com o vereador, que negou as irregularidades. “Uso o carro da Câmara e funcionários do gabinete porque estou prestando serviço para a população”, explicou. Sobre a situação de atuar como médico, ele afirmou que, eventualmente, faz receitas de medicamentos e que atua porque a população não consegue atendimento em postos de saúde. Ele também afirmou que o médico Carlos Roberto Leal de Andrade seria o responsável pelo ambulatório.

Isaac Antunes será o relator do processo

O Conselho de Ética da Câmara de Ribeirão Preto escolheu, ontem, o vereador Isaac Antunes (PR) como relator do processo que pode cassar o mandato do também vereador Waldyr Villela (PSD). A investigação foi aberta na semana passada, a pedido do presidente da Câmara, Rodrigo Simões (PDT), após reportagem do A Cidade.

“De acordo com sorteio, o vereador Isaac vai fica responsável pela relatoria. Caberá a ele notificar o investigado, para que Waldyr Villela apresente em 10 dias a defesa”, disse o vereador Lincoln Fernandes (PDT), presidente do Conselho de Ética.

A notificação de Villela, porém, deve ocorrer apenas no dia 9 de agosto, já que ele se afastou da Câmara por 14 dias alegando problemas de saúde. “Só podemos fazer a notificação após o retorno dele ao Legislativo”, explicou Isaac.

O Conselho de Ética já havia se reunido na semana passada, mas como era recesso, o prazo de 60 dias para a investigação começou a correr ontem. Também integram o Conselho, Orlando Pesoti (PDT), Paulinho Pereira (PPS) e Fabiano Guimarães (DEM).