Processo de perdas salariais de R$ 113 milhões é investigado

25/07/2017 08:18:00

Ação é semelhante à que gerou uma das investigações da Sevandija; beneficiários são quase três mil

F.L.Piton / A Cidade
Agentes federais no Palácio Rio Branco, no início da Operação Sevandija (foto: F.L.Piton / A Cidade)

 

Mais um processo milionário de perdas salarias de servidores municipais de Ribeirão Preto está em investigação. Polícia Federal e Ministério Público solicitaram informações para a Prefeitura sobre os processos conhecidos como 5,15% - as ações tramitam na Justiça para repor perdas salariais dos servidores municipais entre os anos de 1999 e 2008.

Essas ações estão em fase final na Justiça - falta apenas definir o número de servidores beneficiados, já que há divergência entre a prefeitura e o Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto.
Ainda segundo informações do Sindicato, autor das ações - são duas -, a reposição salarial cobrada na Justiça chega a R$ 113 milhões e o número de servidores beneficiados pode somar 2.753.

As ações são semelhantes ao processo dos 28,35%, que na Operação Sevandija levaram para a prisão a ex-prefeita Dárcy Vera, os ex-advogados do Sindicato dos Servidores Municipais, Zuely Librandi e Sandro Rovani, e o ex-secretário de Administração da prefeitura, Marco Antonio dos Santos.

O esquema foi delatado pelo ex-presidente do Sindicato dos Servidores, Wagner Rodrigues.

Oficialmente, os envolvidos não confirmam a investigação, mas o A Cidade apurou que há 15 dias a prefeitura encaminhou documentos envolvendo o caso a Polícia Federal e ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

O que dizem

A prefeitura, por meio de nota da assessoria, informou que não sabe se há alguma irregularidade no processo dos 5,15%.

“A Secretaria Municipal da Administração informa que está levantando os números e a situação dos beneficiários, mas ainda não tem uma definição de quem tem direito e também não sabe se há irregularidades no processo”, disse o Executivo, via assessoria.

Em nota, a Polícia Federal não quis se manifestar sobre o caso, mas também não desmentiu a investigação. “Por força de seu regimento interno, a Polícia Federal não presta informações acerca de eventuais investigações em curso”, informou, também via assessoria.

A reportagem ainda questionou o Gaeco via assessoria de imprensa. A resposta foi a seguinte: “O que podemos passar por hora é que estão ocorrendo audiências da Operação Sevandija no Fórum, na 4ª Vara de Ribeirão Preto”.

Mastrangelo Reino / A Cidade - 16.ago.2016
Wagner Rodrigues é ex-presidente do Sindicato dos Servidores (foto: Mastrangelo Reino / A Cidade - 16.ago.2016)

 

Em delação, Wagner explicou ‘rateio’ dos 28,35%

Wagner Rodrigues (foto), ex-presidente do Sindicato dos Servidores, delatou o caso dos 28,35% durante a eleição de 2016, quando foi candidato a prefeito pelo PCdoB. Ele também era presidente na época em que a entidade ingressou com as ações dos 5,15%. Quando a Operação Sevandija foi deflagrada, Wagner optou pelo acordo de colaboração premiada. As informações passadas por ele embasaram a Operação Mamãe Noel, no dia 2 de dezembro, segunda fase da Sevandija. Ele contou com detalhes como reuniões do Sindicato foram forjadas para favorecer o pagamento dos honorários de Maria Zuely Librandi. A advogada, então, fazia a divisão dos valores com Wagner e membros do primeiro escalão do Executivo. A Cidade procurou Wagner Rodrigues, mas ele não foi localizado. O advogado de Wagner também foi procurado, mas ele estava com o celular desligado. 

Sindicato diz atuar em prol do servidor

O Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto informou, por meio de nota, que considera válida toda forma de fiscalização realizada.

“Em relação ao conjunto de ações que ficaram conhecidas como processo dos 5,15%, o Sindicato dos Servidores considera benéficas todas as formas de controle e fiscalização pelas instituições que zelam pela transparência e pela moralidade administrativa”. 

A entidade afirmou que sempre atuou “em defesa dos direitos da categoria” “O Sindicato tem concentrado seus esforços no processo de execução que corre junto a 2ª Vara da Fazenda Pública da Justiça Estadual. No outro lado da demanda, a Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto tem apresentado as argumentações e fundamentações que no entender do Município zelam pelo interesse público”, informou.

“Caberá ao Judiciário, no momento oportuno, dar a palavra final sobre as demandas ainda em curso’’, finaliza a nota do Sindicato dos Servidores.

 



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