Servidores em greve criticam Executivo por falta de diálogo

11/04/2017 08:56:00

Paralisação entra em seu 13º dia em Ribeirão Preto; veja as principais reivindicações dos funcionários

Weber Sian / A Cidade - 21.fev.2017
"O governo precisa dialogar mais com os trabalhadores. Não pode tomar decisão e somente depois comunicar", afirma o presidente do Sindicato dos Servidores, Laerte Carlos Augusto (foto: Weber Sian / A Cidade - 21.fev.2017)

 

A greve dos servidores municipais de Ribeirão Preto chega hoje ao 13º dia sem perspectiva de entendimento entre a categoria e o governo do prefeito Duarte Nogueira (PSDB). Nessa queda de braço, o que não falta é reclamação de ambos os lados.

E o pior: quase nenhum avanço em relação às negociações da pauta de reivindicação da categoria composta por 149 itens. E quem paga o pato é a população que sofre com a paralisação dos serviços públicos.

O presidente do Sindicato dos Servidores, Laerte Augusto, elencou a pedido do A Cidade 15 itens que, se atendidos pelo governo, poderiam pôr fim à paralisação (veja arte).

“É assim, mesmo. Existe falta de sensibilidade por parte deste governo em reconhecer a necessidade de fazer pelo menos a reposição da inflação nos salários”, afirmou o sindicalista.

Enquanto a categoria reivindica 13% de correção, a prefeitura ofereceu na última sexta-feira o pagamento de 4,69% - parcelados entre os meses de março e outubro deste ano e janeiro de 2018.

“A inflação corroeu o salário dos servidores nos últimos 12 meses. É direito pelo menos o recebimento da reposição da inflação. Estamos sendo tratados com desrespeito pelo governo”, afirmou Laerte.

Afronta aos servidores

Segundo o presidente do sindicato, o governo tem afrontado os servidores ao trancar portas dos prédios públicos para impedir o acesso dos grevistas, como ocorreu ontem na Secretaria Municipal da Fazenda durante um protesto, e ao fazer ataques por meios das redes sociais. “O vice-prefeito (Carlos Cezar Barbosa) tem publicado nas redes sociais para que os servidores descontentes peçam demissão. Isso é uma afronta. Os funcionários foram aprovados em concurso público. As falas do prefeito não condiz com suas atitudes”, diz.

Outra crítica feita pelos grevistas é a ausência de diálogo. A servidora Érica Garcia afirma que Nogueira não senta com a categoria para um diálogo olho no olho. “O que o Executivo quer é nos vencer pelo cansaço. Mas vamos seguir até o fim com a nossa luta. Vamos batalhar para conseguir”.

Veja a lista completa com as 149 reivindicações dos servidores

Nicanor nega afrontas

Sobre as críticas e reclamações de falta de diálogo e do não reconhecimento por parte do Executivo dos direitos dos trabalhadores em receber pelo menos a reposição da inflação, o prefeito Duarte Nogueira afirmou que foram realizadas oito reuniões. No entanto, culpa a categoria de não entender a grave situação financeira da prefeitura (leia ao lado). Já o secretário de Governo, Nicanor Lopes, afirma que a administração nunca buscou afrontar os servidores. “O Executivo nunca se dirigiu com falta de respeito com a categoria. Em algums momentos, os prédios públicos são fechados por questão de segurança”, disse.

Weber Sian / A Cidade
“O prefeito não é dono do dinheiro. Pior do que não receber o aumento é não receber o salário”, diz Duarte Nogueira, prefeito de Ribeirão Preto (foto: Weber Sian / A Cidade)

 

Para Nogueira, o que falta é a categoria  reconhecer a grave situação financeira da prefeitura 

Já o governo do prefeito Duarte Nogueira (PSDB) rebate as críticas do movimento grevista e diz que, na verdade, o que existe é falta de reconhecimento por parte da categoria em reconhecer a grave situação financeira da prefeitura.

Em entrevista coletiva ontem à tarde na Transerp, Nogueira afirmou que o diálogo existe e citou oito reuniões realizadas com o sindicato desde março para tratar sobre a reivindicação da data-base. “Pior que não receber o aumento de 13%, é não receber salário em dia”, disse o prefeito.

Na avaliação da administração municipal, o percentual reivindicado pela categoria (13%), se concedido, irá extrapolar em muito os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Ataques

Já o secretário de Governo, Nicanor Lopes (PSDB), criticou os ataques pessoais disparados contra o prefeito desde o início da paralisação no dia 30 de março. “Os ataques não levam a lugar algum. É preciso sentar e dialogar com bom senso. Estamos dispostos a esse diálogo. Agora, ataque por ataque, não é certo”, disse Nicanor.

Em protestos em frente ao Palácio Rio Branco, servidores têm levado cartazes com frases pejorativas sobre sua citação na Operação Lava Jato.

A administração municipal também critica a influência política dentro do movimento grevista que estaria colocando os servidores contra a atual gestão. “Influência política sempre haverá. No entanto, é preciso bom senso para não levar uma discussão técnico-financeira para o lado partidário”, disse o secretário.

Segundo Nicanor, os servidores têm o direito de entrar em greve e fazer suas reivindicações. “Mas tudo deve ocorrer dentro da razoabilidade. Os serviços públicos não podem ser prejudicados. A população não pode ficar sem atendimento”, disse o secretário.

Na semana passada, o chefe do Executivo afirmou que, por conta da greve, muitos serviços acabaram sendo prejudicados, como a operação tapa-buraco. Levantamento da prefeitura aponta que já foram tapados 18 mil buracos.

Laerte fala em respeito

O presidente do Sindicato dos Servidores, Laerte Augusto, rebateu as críticas do Executivo. Segundo ele, a administração tem, sim, condições de atender a reivindicação do aumento salarial, já que a arrecadação municipal cresceu cerca de 20% desde o ano passado. Em relação aos ataques a Nogueira, o sindicalista afirmou que a categoria sempre tratou o prefeito com respeito. Em relação a possível influência política no movimento grevista, Laerte afirmou que não é candidato a cargo eletivo e também não haverá eleição no sindicato. “Estamos lutando apenas pelos direitos do trabalhador”.

 



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