'Sabia que seria difícil, mas não tão difícil', diz Duarte Nogueira

09/04/2017 16:27:00

Prefeito minimiza as dificuldades dos três meses de governo e afirma que a cidade 'avançou bastante'

Weber Sian / A Cidade
Duarte Nogueira (PSDB), prefeito de Ribeirão Preto (foto: Weber Sian / A Cidade)

 

A comemoração oficial é segunda-feira ((10). Mas os 100 dias de governo Duarte Nogueira (PSDB) já foram “festejados” antecipadamente com um bolo produzido na sexta-feira (7) por servidores municipais que, em greve, manifestam em frente ao Palácio Rio Branco há onze dias, paralisando os serviços públicos. O parabéns irônico é o mais recente dos percalços de um governo que, em pouco mais de três meses, ainda luta para superar a crise financeira herdada da ex-prefeita Dárcy Vera (PSD).

“Trabalho, planejamento, prioridades e dinamismo”, diz Nogueira sobre a cara de seu governo nesses cem dias.

Em entrevista por telefone ao A Cidade, o tucano mostrou empolgação na voz. Questionado sobre o balanço de sua gestão, listou, por exatos 13m55 ininterruptos, ações realizadas. Apontou 48 principais atos, que vão desde renegociação de dívidas com fornecedores a até comparação de atropelamentos ocorridos no Carnaval deste ano com o do ano passado (um contra oito, segundo ele).

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Sem grandes obras, nem a visita do presidente Michel Temer (PMDB) em janeiro escapou da lista de pontos positivos, que incluem também inauguração do Centro de Operações da PM pelo Estado.

“Estamos fazendo a lição de casa, trabalhando e com resultados positivos”, diz Nogueira. Mas os cem dias também foram marcados por reajuste de tarifas de água e iluminação, derrotas consecutivas na Câmara e ausência de um líder de Governo no Legislativo (que ele promete indicar até abril), derrotas judiciais e, até, seu nome envolvido na lista de investigados pela delação da empreiteira Odebrecht - ele nega irregularidades.

“Cada dia que passar será melhor que o outro, diferente dos anos anteriores em que era sempre flechinha para baixo, agora é flechinha para cima”, promete o prefeito. 

A Cidade - Os primeiros cem dias transcorreram como o senhor esperava?
Duarte Nogueira - Foram, desde o domingo de 1º de janeiro na posse, mas especialmente no dia 2, quando logo pela manhã percorremos as unidades de saúde, um desafio constante, não houve descanso. Se eu pudesse resumir esses cem dias em uma única palavra, seria intensidade. Mas os resultados foram muitos promissores, inclusive comparando com governos anteriores e com as condições que recebemos e enfrentamos, avançamos bastante.

Quais as principais dificuldades e o que não estava previsto pela equipe de transição?
Os R$ 37 milhões que precisavam ser pagos ao IPM, que comprometeram nosso saldo positivo da venda da folha de pagamento por R$ 39 milhões, falta de recursos para fazermos mais investimentos, o sucateamento da frota de ambulância, caminhões e tratores, praticamente tudo sucateado, os contratos muito pulverizados na parte de serviços de limpeza e desmotivação do servidor, que procuramos suprir com a melhoria do ambiente de trabalho, com reformas de próprios públicos a partir de 2018.

Vocês começaram com derrotas na Câmara. Como está sua relação com o Legislativo?
O mais importante é gradativamente ir melhorando o ambiente de diálogo, e ele melhorou sobremaneira. Já tivemos varias reuniões com os vereadores, um diálogo permanente. O presidente Rodrigo Simões (PDT) e eu temos conversado semanalmente e os principais projetos e demandas estamos discutindo a quatro mãos.

Já é a relação ideal?
A relação ideal é aquela que vai nos permitir fluir com mais rapidez os interesses da cidade. Mas a inércia que vem da disputa eleitoral já foi superada pela responsabilidade de governar. As relações evoluíram de maneira republicana e satisfatória.

Se arrepende de alguma decisão?
Não. Tudo o que eu tive que rever, reconheci e revi. Mas não me arrependo. Pior do que tomar a decisão é não tomar a decisão.

Houve promessa de campanha de não aumentar tributos, mas logo nas primeiras semanas reajustou a tarifa de água e Contribuição de Iluminação Pública. Não foi um descumprimento de promessa?
Não. Primeiro: eu não aumentei alíquota de nenhum imposto. O que eu reajustei foram duas taxas, que são previstas em lei, para manter os serviços sustentáveis. Não aumentarei impostos.

Se refere a aumento real ou correção inflacionária?
Aumento real. O reajuste pela perda inflacionária é de lei.

Valeu a pena ter sido eleito prefeito?
Muito. Você não faz ideia o tanto de ânimo e aprendizado, e ao mesmo tempo de sensação de resultados que estamos tendo. Eu sabia que seria difícil, não sabia que ia ser tão difícil, mas também não sabia que teríamos uma capacidade tão grande de superação. Ribeirão Preto é uma cidade muito, muito forte.



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