Funcionários do Daerp afirmam que são chamados para serviços de urgência a qualquer hora do dia ou do fim de semana (F.L.Piton / A Cidade 12.jul.2016)

Vinte e dois motoristas do Daerp receberam salário maior que o do superintendente – R$ 6,5 mil – e metade dos 890 funcionários da autarquia mais de R$ 5,1 mil em outubro do ano passado.
Uma das prioridades da nova gestão é, justamente, corrigir excessos da folha de pagamento, que gira em torno de R$ 5,5 milhões ao mês.

Por meio da Lei de Acesso à Informação, A Cidade obteve a íntegra da folha de pagamento da autarquia dos últimos três meses de 2016. Os dados até então eram mantidos sob sigilo por Marco Antonio dos Santos, ex-superintendente da autarquia acusado de ser peça-chave no esquema de corrupção da prefeitura pela Operação Sevandija.

A caixa-preta dos funcionários revela que o Daerp possui 121 motoristas concursados – excluindo as motocicletas, a autarquia tem 114 veículos -, que representaram R$ 620 mil na folha de pagamento de outubro, com média salarial de R$ 5,1 mil. A autarquia diz que essa quantidade é necessária para suprir faltas, férias e escalas de plantão.

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No ano passado, os cofres da autarquia também custearam 50 chefes de setor ou de divisão, sendo que 15 deles eram comissionados sem vínculo.

Conforme A Cidade revelou, um deles, que recebia R$ 5,6 mil como chefe do Setor de Obras, não possui curso de engenharia e atuava como fotógrafo para a assessoria de imprensa.

“Quando comparados com outras autarquias e prestadores de serviços de saneamento, parece que estamos superdimensionados”, diz o superintendente Afonso Reis, que diz estar “verificando as medidas necessárias”.

Levantamento feita pela superintendência sobre a folha de pagamento de novembro do ano passado aponta, até, que foram pagos R$ 31,2 mil da “gratificação do BIP”, destinada a funcionários que ficariam de sobreaviso para eventuais imprevistos.

Aumento salarial

Apesar da crise financeira, o salário do superintendente do Daerp passou de R$ 6,5 mil para R$ 11,5 mil neste ano.

A mudança engloba todos os órgãos da administração indireta, para equiparar o salário dos superintendentes ao dos secretários municipais da Prefeitura de Ribeirão, que também passaram a receber R$ 11,5 mil em 2017.

'Agora somo escândalo'

Servidores ouvidos pela reportagem alegam que os maiores salários são pagos a funcionários com mais de duas décadas na autarquia, e que apenas receberam os benefícios previstos em lei pelo Plano de Cargos, Carreiras e Salários.

“Tem gente que deu a vida inteira pelo Daerp, sempre abriu mão do final de semana para ajudar a população. Agora somos tratados como escândalo”, afirma um mecânico de manutenção de bombas que preferiu não se identificar.

Eles reclamam, também, dos cargos comissionados preenchidos por apadrinhados políticos (chamados internamente de “sanguessugas”) e, também, dos custos com terceirização.

“O custo final de um funcionário terceirizado para o Daerp é muito maior do que o de um servidor, que é muito mais especializado”, afirma Marcelo Lima, representante do sindicato dos servidores na autarquia.