Existe cultura de 'não-discussão política' entre jovens

25/09/2016 15:43:00

Para especialista, o baixo número de eleitores mais novos se deve à falta de incentivo ao debate

Weber Sian / A Cidade
"Precisamos começar a tomar a nossa consciência política para construirmos um futuro para nós, nossos filhos e netos", afirma a estudante Gabriely Ávila (Foto: Weber Sian / A Cidade)

 

A árdua tarefa de se encontrar jovens eleitores entre 16 e 17 anos para o pleito municipal de 2016 em Ribeirão Preto (apenas 0,39% dos cidadãos aptos a votar na cidade) vai na contramão do histórico do Brasil. Uma “cultura de não-discussão política” é, na visão do historiador Guilherme Gomide, 32 anos, uma das principais razões.

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“Todo jovem tem, por essência, uma busca pela transformação, certo gosto por transgredir as regras. E eu acredito que, através da discussão política, esse jovem começa a entender as regras do jogo. Então, ele vai se interessar. Pois percebe que esse jogo é fundamental para a vida dele, que está na escola e será, um dia, cidadão ativo na comunidade”, analisa. “Existe esse mito de que o brasileiro não gosta de política. O brasileiro não gosta do horário eleitoral, quando ouve discursos criados sem a real discussão de ideias e propostas”, adiciona.

Segundo o também professor, que leciona história, filosofia e sociologia, votar é somente um dos passos para se exercer a cidadania. “Política não é votar. Não é saber o nome das legendas ou conhecer os candidatos. É compreender quais são as principais ideias para a gestão pública e como isso impacta na vida cotidiana de cada um”, ressalta.

A estudante Gabriely Ávila, 17 anos, por exemplo, tirou o título de eleitor e, ao corroborar com Gomide, é exemplo a maturidade necessária para se votar com consciência. “Acho importante que a gente se torne cidadão e tenha a possibilidade de nossos direitos o quanto antes. Depois, é muito fácil dizer ‘o candidato não fez isso, não fez aquilo’. Mas se a gente não votou, ou votou branco ou nulo, como cobrar? Isso nos dá a chance de exercer nosso direito, até porque é a nossa geração que vai sofrer as consequências mais para frente”, analisa. “Então, precisamos começar a tomar a nossa consciência política para construirmos um futuro para nós, nossos filhos, nossos netos, e por aí vai”, conclui.

E, para votar consciente, Gabriely dá a dica. “É importante pesquisar o que o candidato fez anteriormente. O que ele era, o que fez para ajudar a cidade quando tinha outros cargos e o que pode fazer para ajudar futuramente. Não adianta pesquisar o ‘agora’. Se não fizeram nada antes, porque fariam agora?”.

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