Todos querem ir às eleições com o nº ouro do partido

02/05/2016 09:28:00

O chamado número ouro leva uma sequência de três zeros e é mais fácil de o eleitor decorar

Arte / A Cidade

A seis meses das eleições municipais, vereadores que buscam a reeleição já travam uma acirrada batalha interna. Eles disputam o número ouro de seus respectivos partidos para se apresentar ao eleitorado. O chamado número ouro é o do partido com a sequência de três zeros, ou seja, são os mais fáceis de serem decorados pelos eleitores. Presidentes de partidos afirmam que existem critérios para essa distribuição.

O vereador Rodrigo Simões (PDT) admite estar na disputa para ficar com o número ouro do PDT, o 12345. Em 2012, Ricardo Silva foi eleito vereador com essa sequência numérica, que ficará disponível agora para os pré-candidatos, já que ele deve concorrer ao Palácio Rio Branco em outubro. “Eu fui o primeiro a chegar com o Ricardo em todos os aspectos. Todo mundo quer esse número de urna realmente. Entretanto, acredito que eu mereço herdar”, diz.

No PMDB, a disputa é pelo 15000. A numeração já foi do deputado Baleia Rossi, quando foi vereador no passado. Léo Oliveira herdou o número quando Baleia foi eleito deputado estadual. Em 2014, ao ser eleito deputado estadual, Léo desejava transferir o número para seu filho, Igor, concorrer a eleição a vereador neste ano. Entretanto, Cícero Gomes entrou na briga interna para pleitear o número e teria vencido o embate. “Eu devo ficar porque sou o vereador mais antigo do PMDB.”

No PTB, a briga é para quem vair ficará com o 14000. Entre os interessados, consta o presidente do Legislativo, Walter Gomes, recém-filiado ao partido. Ele, que no PR, disputava a eleição com o número ouro da legenda: 22000. O final do número de celular de Walter tem, inclusive, essa sequência. “Quando me filiei ao PTB, a condição era essa, de ter esse número. A definição será na convenção.”

Com a decisão de Coraucci Neto de não concorrer à reeleição, a briga no PSD é sobre quem vair herdar o 55000. Samuel Zanferdini, que concorrerá a reeleição, está entre os filiados que disputam o número chave. 

Por sorteio

O número ouro do PR, o 22000, ficou vago com a saída do presidente da Câmara, Walter Gomes, do PR. Segundo o presidente local do partido, Isaac Antunes, existe mais curiosidade por parte dos filiados sobre o futuro desse número que interesse em tê-lo. “Entretanto, vamos definir os critérios logo após a convenção. A possibilidade é de realizar sorteio”, diz.

É histórico

Já os vereadores que são presidentes de partidos devem buscar a reeleição com os números ouros. É o caso do vereador Maurílio Romano (PP) que, desde 2006, quando concorreu à eleição pela primeira vez, foi com o ouro da legenda. “É número redondo e fácil para o eleitor armazenar na memória. São duas palavras, quando é falado”, afirmou.

Distribuição é por critérios

Presidentes de partidos afirmam que a distribuição do número ouro respeita uma série de critérios, como candidato com maior potencial de voto, antiguidade e fidelidade partidária. Entretanto, apesar de existir hoje uma disputa interna, a concessão do número só será sacramentada em julho, nas convenções.

Segundo o presidente local do PSD, Marco Antônio dos Santos, o número ouro é destinado ao candidato a vereador com maior potencial de voto. “Ele está levando consigo a força do partido. É espécie de um bônus.” O presidente local do PTB, Paulo Garde, afirma que o critério ainda será definido nas convenções. “Mas a antiguidade e potencial de votos devem ser levados em conta.”

Para o presidente estadual do PMDB, deputado federal Baleia Rossi, o número ouro é concedido a político com potencial de liderança e representatividade. “O vereador Cícero herdará o 15000 porque é o único vereador do PMDB na Câmara de Vereadores. Ele é o mais antigo filiado também”, afirmou.

Número é só um detalhe

O especialista em marketing político Yuri Félix Araújo afirma que o candidato a vereador não deve ficar preocupado apenas com o número de urna a fim de conseguir votos com mais facilidade. “O número é uma ferramenta, mas não é o mais importante. Ele não está acima do trabalho a ser desenvolvido no decorrer da campanha. É nesse ponto que o candidato precisa ficar atento”, disse Yuri.

Segundo o especialista, apesar de uma determinada combinação ser difícil para a memorização do eleitorado, a qualidade da campanha pode superar essa dificuldade. “O número pode ser muito fácil para assimilação, mas se o candidato não souber trabalhar a sua divulgação, não conseguirá o resultado esperado”, disse.

Para o cientista político Alessandro Mello, o candidato não deve ficar preocupado apenas com o número. Na opinião dele, o eleitorado não escolhe o candidato porque gosta ou simpatiza por uma determinada sequência numérica da urna. “É preciso o contato maior com os eleitores e apresentar propostas viáveis de trabalho, caso seja eleito a vereador. O número é detalhe.”



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