Papa é suspeito de usar gabinete para 'comercializar' curso

24/11/2015 13:03:00

Panfleto divulga telefone da Câmara para informações

Matheus Urenha / A Cidade
Vereador Marcos Papa não vê nada de irregular ou imoral em usar gabinete para ‘dar informações’ (foto: Matheus Urenha / A Cidade)

O vereador Marcos Papa (Rede) é suspeito de usar o seu gabinete na Câmara para “vender” curso particular em Ribeirão Preto. O valor cobrado é de R$ 20, mas com alegação de ser apenas uma “contribuição”.

Em um folder distribuído pela internet, o vereador disponibiliza o telefone fixo do gabinete (veja abaixo).
Sobre o caso, o vereador disse não ver irregularidade ou imoralidade na divulgação por meio do gabinete.

Ao defender a bandeira da transparência pública, Papa cai em tentação e comete um novo pecado neste seu primeiro mandato. Isso porque, em janeiro de 2014, um assessor viajou para Curitiba (PR) para participar de uma palestra, mas assinou o ponto como se estivesse trabalhando no gabinete.

O curso “Escreva com Técnica” será ministrado pelo jornalista Rogério Godinho na próxima sexta-feira. Já um outro curso, com o mesmo jornalista é gratuito, mas tem conotação política.

Pagamento do curso
O A Cidade teve acesso a uma gravação feita por uma emissora de rádio, no qual uma estagiária de Papa passa informações sobre o curso, mas titubeia quando é questionada em relação ao pagamento.
“Então, não sei como serão feitos os pagamentos. Eu acho que no dia. Eu acho que o senhor pode pagar aqui no gabinete, sim”, informou a jovem.

A estagiária explicou que, na inscrição, é preciso responder a um questionário, com dados pessoais. A estagiária se compromete a enviar, por e-mail, um link para a inscrição dos cursos.
Na tarde de ontem, a reportagem ligou para o gabinete de Papa pedindo informações dos cursos e de como fazer as inscrições.

Uma assessora que atendeu ao telefone fixo do gabinete já passou as informações com mais cautela.
Segundo ela, as inscrições são feitas apenas pela internet, em um link próprio, e o pagamento apenas no evento a título de colaboração com o palestrante.

Sobre a polêmica, o presidente da Câmara, Walter Gomes, diz que não soube da denuncia oficialmente e não poderia se manifestar a respeito.Vereadores que integram o Conselho de Ética defendem que o caso seja apurado.

‘Uso do gabinete não é legal nem moral’, diz Villela

O presidente do Conselho de Ética, vereador Waldyr Villela (PSD), afirma que é preciso apurar o caso envolvendo o vereador Marcos Papa. Na avaliação de Villela, o gabinete não pode ser usado para vender qualquer tipo de curso ou servir de balcão para qualquer outra atividade que não envolva a atividade parlamentar. “O possível uso do gabinete para ‘vender’ curso não é legal e nem moral”, reiterou.

O membro do Conselho de Ética, Beto Cangussu (PT), avalia que qualquer telefone da Câmara não é o meio mais adequado para qualquer tipo de “venda” de curso.

Outro membro do conselho, vereador Samuel Zanferdini (PMDB), também defende a apuração da denúncia. “Telefone da Câmara não deve ser usado para esse tipo de coisa. Se está sendo vendido, aufere lucro para alguém”, disse o peemedebista. 

Papa não vê problema

O vereador oposicionista Marcos Papa (Rede) afirmou que seu gabinete está sendo utilizado apenas para dar informações sobre os cursos. “A inscrição é feita somente pelo link e a colaboração será coletada de quem puder dar na sexta-feira a noite, no local do curso”, frisou.

Papa disse não ver irregularidade ou imoralidade na divulgação, por meio do gabinete, por se tratar de um profissional renomado e porque os cursos são abertos à população. “Os cursos são de graça, a cidade ganha com isso. Tudo está sendo feito com muita transparência, não há nenhum tipo de vantagem. A colaboração espontânea em um deles ajudará a custear as despesas de viagem do Godinho”, afirmou.

Quanto a gravação em que a estagiária titubeia sobre o local do pagamento, Papa afirma que a moça se equivocou. “Na verdade, ela deu informação errada. Nunca foi recebido nada no gabinete, nem mesmo foi feita inscrição aqui”, ressaltou.



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