Prefeita esteve mais uma vez no tribunal para pedir agilidade
Até que o TCE (Tribunal de Contas do Estado) decida pela procedência ou improcedência das representações movidas contra as duas licitações do PAC (Programa de Aceleração de Crescimento) da Mobilidade Urbana, o órgão receberá visitas semanais da prefeita Dárcy Vera (PSD).
O objetivo da chefe do Executivo é pressionar o tribunal por uma decisão rápida – em média o julgamento ocorre em 30 dias.
“Vou sentar na antessala do conselheiro Sidney Beraldo toda semana. Estou muito triste correndo contra o tempo, dependendo do tribunal para viabilizar as licitações. Ribeirão não pode perder R$ 300 milhões por causa de discurso político”, enfatizou Dárcy, na tarde de terça-feira. Ontem ela só se manifestou por nota.
A promessa da prefeita começou a ser cumprida ontem, quando ela voltou ao TCE, em São Paulo, em menos de uma semana.
Para o cientista político Fábio Pacano a estratégia é equivocada. “A prefeita deveria investir seu tempo para coordenar sua equipe a fim de que os projetos não tenham falhas e acabem sendo judicializados”, diz.
Já o vereador governista Maurílio Romano (PP) acredita que a pressão possa surtir efeito. “Não acredito que as visitas mudem a decisão do tribunal, mas pode ser que gere uma apreciação mais rápida sim, pois a prefeita está se mostrando muito preocupada.”
Para o aliado, o empenho político é uma característica da prefeita. “E mostra a importância dessas obras para a cidade, mais de cinco mil empregos serão criados”, emendou.
Por outro lado, o vereador oposicionista Marcos Papa (sem partido) – autor da representação que suspendeu a abertura dos envelopes – defende que Dárcy use seu tempo para administrar Ribeirão. “A cidade está um horror, abandonada”.
E acrescentou: “Lamento que ela não tenha reformulado os editais em fevereiro atendendo recomendações do TCE.”
‘Corrida contra o tempo’, diz prefeita
Questionada sobre as viagens semanais que a chefe do Executivo pretende fazer ao TCE (Tribunal de Contas), a Prefeitura de Ribeirão Preto declarou, apenas, que a “prefeita Dárcy Vera e o ex-secretário de Administração e superintendente do Daerp, Marco Antônio dos Santos, estiveram nesta quarta-feira, dia 2, no TCE, para buscar esclarecimentos e acompanhar, passo a passo, o processo de Obras do PAC da Mobilidade Urbana”.
A nota ainda destaca que “a chefe do Executivo e o ex-secretário da Administração, que na época participou da elaboração dos projetos do Pacote de Obras, afirmaram que é uma corrida contra o tempo para manter o pacote de Obras de Mobilidade Urbana, que beneficiará milhares de pessoas em Ribeirão, garantindo, principalmente, maior fluidez e agilidade ao trânsito da cidade”.
O governo não respondeu, por exemplo, se Dárcy crê que a pressão resultará em decisão mais rápida.
Análise - Medida é um equívoco da prefeita
É um equívoco por parte da prefeita de Ribeirão Preto ir ao Tribunal de Contas toda semana até que saia a decisão do caso. Equívoco tanto por questão de tempo como de orçamento. A prefeita deveria investir seu tempo para coordenar sua equipe a fim de que os projetos não tenham falhas e acabem sendo judicializados. É uma forma de jogar para a torcida, querer mostrar serviço além do necessário. Além do mais, com essa postura ela acaba irritando o pessoal do tribunal, que já tem uma demanda grande. Como se a decisão do tribunal fosse questão de caráter só político, mas é técnico também. A prefeita deveria mesmo evitar a judicialização do caso. Com relação ao gasto do dinheiro público com as viagens a São Paulo é, digamos, café pequeno, não é um gasto alto. Fábio Pacano, Cientista político.