Ter as melhores cartas na mão, nem sempre é sinônimo de vitória. Às vezes, o segredo para ter sucesso é esconder o jogo. É isso que os partidos políticos estão fazendo a menos de um mês do fim do prazo para inscrever possíveis candidatos.

O próximo dia 2 de outubro é o último dia para que os nomes que serão candidatos estejam filiados.
Porém, tente tirar uma possível lista de um presidente de partido: “A verdade é que a filiação partidária em Ribeirão está parecendo uma guerra”, disse o presidente municipal do PSDB, Nicanor Lopes.

O tucano diz que é preciso muito cuidado na divulgação precipitada dos novos filiados antes do prazo final.Segundo Nicanor, o partido prepara um evento para a divulgação oficial, o que deve ocorrer até o final deste mês. Além dos atuais dois mil tucanos, o partido conseguiu nas últimas semanas em torno de 300 filiados.

Quem também reconhece que há um assédio por parte dos partidos concorrentes é o presidente do PT, vereador Jorge Parada.

O petista afirma que o assédio ocorre principalmente naqueles filiados que tiveram votação expressiva na última eleição.

“Não temos problema em divulgar os nomes, mas é questão de cautela. Muitos filiados podem desistir de disputar a eleição ou decidem migrar para outro partido”, disse Parada.

Provável candidato ao Palácio Rio Branco em 2016, o vereador Ricardo Silva (PDT) diz que não encontra problema em abrir a relação com os novos filiados. Entretanto, o pedetista diz que algumas questões não foram acertadas.

“Além disso, a pessoa pode desistir de concorrer ou trocar de partido. A nossa perspectiva é de lançar chapa completa e fazer a maior bancada de vereadores na Câmara em 2016”.

Questionado sobre o número atual de filiados e de novos, Ricardo não soube precisar. Diante da alta procura por seu partido, o pedetista afirma que passou a ajudar outras legendas a formar suas respectivas chapas: PSC, PROS e PV.

Na contramão, o PMDB de Ribeirão afirma que não tem receito de divulgar seus novos filiados. 

PMDB segue na contramão e divulga

O presidente do Diretório do PMDB em Ribeirão Preto, Paulo César Saquy, diz que não tem problema algum em divulgar seus novos filiados. “Não usamos essas estratégia, não. Se a pessoa assinou a ficha de filiação, divulgamos normalmente”, disse.

A cautela existe em não divulgar antes que a ficha seja efetivamente assinada.

“É para evitar constrangimento. Não podemos divulgar antes da assinatura até porque a pessoa pode se arrepender ou querer outro partido”, disse o presidente da legenda.

A divulgação das novas filiações do PMDB em Ribeirão tem sido feita até mesmo pelo deputado estadual Baleia Rossi.

Em seu Facebook, o peemedebista divulgou a filiação do delegado Geraldo Dias e também do advogado criminalista Luiz Carlos Bento, que concorreu à eleição de 2014 para deputado pelo PSB.

Análise - Esconder nomes é estratégico

É comum a estratégia dos partidos políticos de esconder até a última hora a listagem de seus novos filiados. É um reflexo que a disputa política começa bem antes, justamente nesse momento de filiação. As legendas ficam de olho em seus concorrentes e disputam os filiados que são bons de voto. Ao esconder quem são seus novos filiados, os partidos buscam cercar qualquer assédio. É natural a gente ver uma pessoa que acabou de se filiar a um partido e, 10 dias depois, migra para outro. Esse trampolim ocorre justamente porque houve oferta de promessa. Uma outra justificativa para não mostrar as cartas é que a listagem de filiados pode revelar a estratégia do partido para a eleição. Se determinado partido  conseguiu mais filiados em determinado setor da sociedade, a estratégia será de conseguir votos nesses locais para eleger seus políticos. Yuri Félix, especialista em marketing político

Cartas na manga para quem pretende disputar as eleições em 2016 (Arte / A Cidade)