Gastos da cota parlamentar despencam em ano eleitoral

23/01/2015 09:37:00

Rafael Silva diz que evitou gastos para não "misturar as coisas"; Nogueira fala que Congresso "parou"

Jornal A Cidade
Deputados usaram menos recursos em ano que brigaram por reeleição (Foto: A Cidade)

O ano eleitoral não influenciou nos gastos de gabinete dos deputados de Ribeirão Preto. Três dos quatro parlamentares do município, na época, gastaram menos em 2014 do que em 2013. A única exceção foi o deputado estadual Welson Gasparini (PSDB), cujo gasto subiu apenas 2%.

O maior gasto do tucano, no ano passado, foi com combustíveis e lubrificantes: R$ 58,1 mil, seguido por moradia (R$ 31,3 mil) e locação de bens imóveis (R$ 29,6 mil). Gasparini ainda gastou R$ 13 mil com serviços gráficos e a mesma quantia com serviços de comunicação.

Para o tucano, dentre os motivos do “pequeno aumento” de gasto está a coordenação da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Sucroalcooleiro criada na Assembleia. “Enviamos muitas correspondências e visitamos dezenas de cidades que sofreram com a crise no setor”, destacou.

Pela primeira vez nos últimos três anos, o deputado estadual Rafael Silva (PDT) não lidera o ranking de gastos entre os parlamentares do município. Em 2014, Rafael gastou R$ 212 mil, pouco mais de R$ 75 mil a menos do que em 2013, quando gastou R$ 287,3 mil.

A maior despesa de Rafael foi com materiais de escritório e de consumo (R$ 56,8 mil), seguido por locação de bens imóveis (R$ 37,4 mil), serviços gráficos (R$ 35,7 mil), serviços de comunicação (R$ 35,1 mil) e combustíveis e lubrificantes (R$ 19,1 mil).

Rafael afirma que tirou dinheiro do próprio bolso para não misturar a atuação parlamentar com a campanha eleitoral. “Acabei me penalizando gastando com o que eu tinha direito justamente para não misturar as coisas”, frisou, acrescentando não condenar quem gasta muito e que toda a verba parlamentar é documentada detalhadamente.

Baleia é o menos ‘gastão’
Na outra ponta do ranking de gastos da cota está Baleia Rossi (PMDB), na época, ainda deputado estadual. Além de ser o parlamentar que menos gastou no ano passado (R$ 157,1 mil), Baleia “economizou” mais de R$ 31 mil no comparativo com a despesa de 2013.

Em viagem, o deputado não foi encontrado pela reportagem ontem para comentar os gastos.

Já Duarte Nogueira (PSDB), que gastou R$ 263,2 mil em 2014, diz que a economia tem relação com o período eleitoral. “Nossa orientação sempre foi a de otimizar os recursos. No ano passado, as despesas foram menores em função do período eleitoral, quando a atividade no Congresso Nacional diminui.”

Já o deputado Marco Feliciano não foi encontrado para comentar o assunto.

Campanhas foram caras
Os quatro deputados de Ribeirão Preto – na época, três estaduais e um federal - que disputaram as eleições em 2014 gastaram, juntos, mais de R$ 6,6 milhões na campanha eleitoral.

No total, o voto do eleitor custou, em média, R$ 9,31 se considerarmos que os 22 candidatos obtiveram 993.303 votos e que gastaram, juntos, mais de R$ 9,2 milhões na acirrada disputa. Os números são do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Rafael Silva (PDT) e Welson Gasparini (PSDB) foram reeleitos deputados estaduais gastando,respectivamente, R$ 187 mil e R$ 447 mil. Duarte Nogueira (PSDB) foi reeleito e declarou ter gastado R$ 4,4 milhões na campanha. Já o então deputado estadual Baleia Rossi (PMDB) se elegeu federal pela primeira vez – declarando gastos de R$ 1,6 milhão.

Período eleitoral influencia na conta
“Uma série de fatores pode implicar na redução de gastos da cota parlamentar. Pode ser que, à medida que os deputados candidatos fincaram compromissos de campanha, passaram a gastar mais dinheiro do partido e menos dinheiro do parlamento. Devido à campanha, possivelmente eles se ausentaram mais das sessões e participaram menos das comissões e das diligências. Essa menor frequência em São Paulo ou em Brasília também pode justificar a menor utilização da cota parlamentar. Sinceramente, não acredito em uma súbita tomada de consciência, no sentido de que tenham se preocupado com a opinião da população e, por isso, não utilizaram a estrutura parlamentar para fazerem campanha. Além do mais, muitas vezes, empresários custeiam as viagens de campanha de políticos e esses acabam economizando a cota. É o famoso caixa dois que todo mundo nega a existência, mas todos sabem que existe.”

Fábio Pacano
Cientista político



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