Empresas envolvidas na Lava Jato fizeram doações para políticos locais

18/11/2014 09:52:00

Valor foi recebido pelos principais candidatos da região a deputado estadual e federal nas eleições

Os políticos que foram os principais candidatos a deputado estadual e federal na região de Ribeirão Preto receberam juntos R$ 835 mil em doações das empresas envolvidas no caso de corrupção na Petrobras, que vem sendo apurado na Operação Lava Jato.

Os políticos ouvidos, disseram que as doações foram feitas de acordo com a lei. Mesmo as empresas estando em investigação - e até com executivos e presidentes com mandados de prisão decretado - as doações são regulares e todas estavam com a prestação devidamente feita.

Para Yuri Felix Araújo, especialista em política, é preciso extinguir o financiamento de empresas privadas na campanha. Já o advogado Guilherme Paiva, especialista em direito eleitoral, é preciso mais rigor nas fiscalização e mais transparência.

Números
Quem mais recebeu recursos das empresas investigadas foi o deputado federal Newton Lima (PT): R$ 332,5 mil. O petista, que acabou não sendo reeleito, teve doações da Construtora Queiroz Galvão (R$ 142,5 mil), Engevix (R$ 95 mil) e Andrades Gutierrez (R$ 95 mil).

Duarte Nogueira (PSDB), deputado federal que faz forte oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT), recebeu R$ 200 mil da Construtora Queiroz Galvão. O tucano foi reeleito.

Arnaldo Jardim (PPS), outro deputado federal da oposição que foi reeleito, recebeu R$ 180 mil das empresas investigadas. A empreiteira Odebrecht doou R$ 30 mil e a UTC, do ramo de petróleo e gás, outros R$ 150 mil.

A empresa OAS, dos setor de engenharia e infraestrutura, aparece na prestação de contas do deputado estadual (que foi eleito federal), Baleia Rossi (PMDB), com R$ 50 mil. A doação, porém, veio através de outro candidato.

Outros dois petistas não-eleitos em outubro também aparecem na lista de doação das empresas investigadas. O ex-prefeito de Matão, Adauto Scardoelli, que concorreu a uma cadeira da Câmara Federal, recebeu R$ 47,5 mil da UTC, empresa do ramo de engenharia industrial.

Jorge Parada, vereador em Ribeirão, tentou uma vaga na Assembleia paulista. Ele recebeu R$ 25 mil da Queiroz Galvão. O dinheiro, porém, foi repassado por Newton Lima.

Arte / A Cidade
Candidatos locais receberam doações de empresas envolvidas na Operação Lava Jato (Arte / A Cidade)

 

Doações das investigadas não são ilegais

Através da assessoria, o deputado Newton Lima ressaltou que “todas doações são regulares, dentro do que manda a legislação e com a devida prestação de contas”. “O sistema eleitoral atual permite a doação de empresas privadas, mas o deputado Newton Lima defende a reforma política e o fim do financiamento privado”, afirmou em nota, a assessoria do petista.

O deputado Duarte Nogueira informou, através da assessoria que “a doação foi feita dentro do que estabelece a legislação”.

A assessoria do ex-prefeito de Matão, Adauto Scardoelli, também ressaltou que não há nada irregular.  “As doações do Adauto vieram via diretório nacional, inclusive as da UTC”, informou a assessoria. “Foram doações oficiais e devidamente registradas nas prestações de contas dos candidatos, então estamos tranquilos quanto a isso”, finaliza a nota da assessoria.

O deputado Arnaldo Jardim ressaltou que as doações que recebeu são fruto de trabalho político. “A Odebrecht atua no seguimento de infraestrutura, que é minha área de atuação em Brasília”, disse. “A UTC atua na área de petróleo e gás, outro segmento que faz parte das minhas bandeiras. São apoios ideológicos”, finalizou.

Dinheiro da OAS veio através de Gilberto Kassab

O deputado estadual (eleito federal), Baleia Rossi, fez questão de ressaltar que o dinheiro da OAS foi doado para a campanha dele através de Gilberto Kassab (PSD), que foi candidato a senador. “A OAS doou dinheiro para o Kassab (R$ 1,85 milhão) e ele doou para minha campanha (R$ 50 mil). Eu não recebi dinheiro das empresas investigadas”, explicou Baleia.

Parada

A mesma coisa alegou o vereador Jorge Parada. “Eu fiz uma dobradinha com o Newton Lima e recebi os recursos (R$ 25 da Queiroz Galvão) dele”, explicou.



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