Saulo é condenado a 4 anos de prisão

23/10/2014 09:17:00

Segundo decisão da Justiça Federal, vereador de Ribeirão fazia parte da Máfia das Ambulâncias

31.out.2013 - Milena Aurea / A Cidade
Vereador Saulo Rodrigues foi acusado pela Justiça Federal de participação em esquema de desvio de verbas, ainda cabe recurso (foto: Milena Aurea / A Cidade)

O vereador de Ribeirão Preto Saulo Rodrigues (PRB) foi condenado pela Justiça Federal a 4 anos e 2 meses de prisão por crime de estelionato devido a sua participação na Máfia das Ambulâncias. Além disso, ele terá de devolver, no mínimo, R$ 500 mil aos cofres públicos. Ainda cabe recurso em segunda instância.

Em 2006, a Polícia Federal deflagrou a “Operação Sanguessuga”, que desmantelou uma quadrilha com atuação em nível nacional desviando verbas públicas destinadas à compra de ambulâncias.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a participação de Saulo no esquema ocorreu pela ABC (Associação Beneficente Cristã), vinculada à Igreja Universal do Reino de Deus.

Por meio de emendas parlamentares da bancada evangélica no Congresso, a ABC, da qual Saulo era dirigente, firmou quatro convênios com o Ministério da Saúde considerados irregulares pela Justiça.

O MPF aponta que a ABC comprava os equipamentos com empresas por meio de licitações fraudulentas, e o dinheiro era repartido com os integrantes do esquema.

Segundo o juiz da 7ª Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo, Ali Mazloum, o esquema envolvendo a ABC desviou, em valores atualizados, R$ 2,5 milhões de verbas públicas.

Saulo foi condenado por crime de estelionato em dois desses convênios, firmados em dezembro de 2004 e maio de 2005.

Apesar de não prestar atendimento na área da saúde, a ABC recebeu, por meio de uma das emendas parlamentares, R$ 120 mil para comprar uma ambulância. O veículo foi encontrado sem condições de uso em um galpão pertencente à Igreja Universal do Reino de Deus em São Mateus.

Em outro convênio, a ABC recebeu R$ 240 mil para a aquisição de duas unidades móveis equipadas. Os veículos, de acordo com a Justiça, estavam sem equipamentos médicos.

Desvios
Na decisão judicial, assinada em 16 de outubro e recebida anteontem pelo MPF, o juiz Ali Mazloum diz que “que Saulo Rodrigues tinha pleno conhecimento do que ocorria na ABC”.

O juiz afirma que, “na condição de dirigente da ABC, permitiu que pessoas estranhas, indicadas por parlamentares, atuassem na elaboração de processos licitatórios fraudulentos e como mandatários da entidade perante órgãos públicos. Estas circunstâncias, por si sós, são altamente incriminadoras, lançando uma pá de cal na fantasiosa negativa de Saulo Rodrigues e dos parlamentares”.

Um dos documentos do processo mostra que Saulo nomeou uma assessora de um dos deputados envolvidos no esquema para atuar como procuradora da ABC.

Apesar da condenação, ele não era ativo no esquema. “Reconhece-se em favor de Saulo Rodrigues participação menor, pois permitiu que a ABC, por ele dirigida, ficasse à disposição dos demais para a consumação dos delitos. Teve conduta mais passiva do que ativa. Os demais, a par de figurarem como artífices da empreitada criminosa, dividiram tarefas e o produto do crime”, diz o juiz.

Vereador vai aguardar em liberdade

Condenado a 4 anos e 2 meses de prisão no regime semiaberto, Saulo Rodrigues responderá a pena em liberdade enquanto aguarda decisão em segunda instância. Segundo a sentença, não há “motivos ensejadores da prisão preventiva”.

A reportagem não conseguiu localizar o vereador ontem. O celular de uma de suas advogadas, Simone Galhardo, estava desligado e ela não retornou os recados deixados na caixa postal. 

No processo, Saulo negou ter participado do esquema envolvendo a ABC, entidade que gerenciava.

Câmara pagou passeio da mulher de Saulo

Em dezembro, o A Cidade revelou que o vereador Saulo Rodrigues (PRB) levou a esposa cinco vezes a São Paulo com dinheiro da Câmara Municipal.

O dinheiro público custeio, inclusive, hospedagem em suítes de luxo e, até, rodízios de pizza. 

Após a reportagem, Saulo devolve R$ 2,8 mil aos cofres da Câmara. Pelas redes sociais, ele pediu desculpas à população de Ribeirão Preto e disse ter errado.

Devido à irregularidade, Saulo foi excluído da vaga que teria na Mesa Diretora do Legislativo.



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