Apesar da crise política que se intensificou em nível nacional a partir de 2014, quando estourou a Lava Jato, e em nível local em 2016 com a Operação Sevandija, Ribeirão Preto ganhou filiados a partidos políticos. Até junho, eram 34,8 mil eleitores com registro em alguma das 35 legendas, 1,4 mil a mais do que há quatro anos.  

Um em cada 13 eleitores ribeirão-pretanos tem filiação partidária apesar do aumento quantitativo, a proporção é a mesma das eleições de 2014 e 2010. A participação em legendas está abaixo da média do Estado de São Paulo, onde um em cada dez eleitores é filiado.  

A consulta foi feita pelo ACidade ON junto aos dados oficiais do TSE.  

Segundo o cientista político Jefferson Goulart, professor da Unesp, o crescimento ocorre por múltiplos fatores, de "rearranjos pré-eleitorais" com partidos buscando aumentar o número de filiados até engajamento de algumas correntes, como do PT. Ele ressalta, entretanto, que o engajamento do brasileiro ainda é baixo se comparado a outros países.  

O partido com mais filiados é o MDB (7,2 mil), seguido pelo PT (5,3 mil) e PSDB (3,4 mil). Petistas e tucanos ganharam partidários em relação a 2014. O MDB se manteve estável (ver infográfico no final da página).  

No outro lado da ponta, está o Partido da Mulher Brasileira (PMB), com apenas 4 filiados (um deles é homem). O PCO (Partido da Causa Operária) é o vice-lanterna, com 6 integrantes.  

De acordo com o TSE, os dados são informados pelos partidos. Para se desfiliar, o eleitor precisa comunicar formalmente a legenda, já que não há campanhas periódicas de recadastramento assim, muitos se filiam mas não participam da vida partidária. Há, até, eleitores mortos ainda registrados.   

Sobe  
Devastado pela Lava Jato, o PT foi o partido local com maior número de novos filiados em 2018: 82 integrantes. Fernando Tremura, presidente do Diretório Municipal, diz que a "perseguição" a Lula contribuiu para o aumento. Em segundo lugar em 2018 está o PSL, partido de Jair Bolsonaro, com 44 novos integrantes. Já em relação a 2014, quem mais cresceu foi o SDD, com 216 filiados a mais, seguido pelo PSDB, que teve 185 novos membros.   

Desce 
Ex-partido de Dárcy Vera, o PSD foi do céu ao purgatório. Criado em 2011, eram 71 filiados em Ribeirão em janeiro de 2012. Com a reeleição de Dárcy naquele ano, a legenda passou para 990 em janeiro de 2013 e dobrou até agosto de 2016. Um mês antes da Sevandija, tinha 1,8 mil filiados. Após a operação, o crescimento estagnou. Não houve, porém, desfiliação em massa: apenas 33 pediram para deixar o partido (incluindo Dárcy). 

Baixa capilaridade 
Segundo o cientista político Jefferson Goulart, o Brasil tem "tradição modesta" de filiados, "o que evidencia a baixa capilaridade das legendas". Um dos motivos, diz, é que no País "a democracia de massas é exceção à regra", lembrando o período autoritário. Cita, também, que os partidos têm, em sua maioria, "modelos oligárquicos", que se proliferam pelas facilidades de acesso ao fundo partidário e tempo de TV. Mas ressalva: a quantidade de siglas, por si só, não deve ser vista como uma "anomalia". "Se elas de fato representassem a sociedade, não haveria problemas".