Ré na Sevandija entrega R$ 100 mil em dinheiro vivo ao Gaeco

13/07/2018 12:29:00

Filha de Sandro Rovani levou as cédulas dentro de uma sacola plástica nesta quinta-feira, o montante foi apreendido e depositado em uma conta judicial

 

Advogado Sandro Rovani seria o responsável por repassar as propinas de Zuely aos demais participantes do esquema ilícito (Foto: Weber Sian / A Cidade)

A filha de Sandro Rovani, ambos réus na Operação Sevandija, entregou ontem à tarde na sede do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) R$ 100 mil em dinheiro vivo, armazenados em uma sacola de plástico. O montante é o que ela diz ter sobrado dos R$ 400 mil que sacou nos dias 12 e 29 de maio de 2017, em uma operação que, para os promotores de Justiça, serviu para Sandro ocultar a origem ilícita de propina dos honorários advocatícios de Zuely Librandi.  

Após a entrega, o dinheiro foi apreendido e levado, sob escolta policial, até o Fórum, onde foi depositado em uma conta judicial. Se ao longo do processo for comprovado que ele foi obtido mediante a prática de crimes, será devolvido aos cofres públicos municipais. Caso contrário, retornará para os réus.  

O advogado Júlio Mossim, que defende Sandro e sua filha - Ana Claudia Silveira -, diz que a jovem entregou o dinheiro ao Gaeco como sinal de "boa-fé".  

"Ninguém sabia que ela guardava esse dinheiro. Poderia ter alegado que já tinha gasto [todos os R$ 400 mil que foram sacados em 2017] ou manter escondido, mas preferiu, por livre e espontânea vontade, apresentar às autoridades", afirmou Mossim.  

Segundo ele, Ana Claudia sacou o dinheiro a pedido do pai que está preso desde março de 2017 e, portanto, estava em Tremembé quando a quantia foi retirada do banco sem saber a sua origem. O montante, alega, seria para que ela e a mãe pagassem despesas pessoais e se sustentassem.  

Já Sandro, diz Mossim, sustenta que o dinheiro tem origem de negócios pessoais lícitos.  

Na denúncia que tramita na Justiça desde o dia 21 de junho, o Gaeco acusa Sandro, a filha, o advogado Marcelo Gir Gomes e o empresário Paulo Roberto Nogueira de movimentarem R$ 1 milhão de origem ilícita após a deflagração da Operação Sevandija, ocorrida em setembro de 2016.  

Os promotores afirmam que Sandro utilizou Paulo Roberto e Marcelo Gir Gomes para poder usufruir de cheques dos honorários advocatícios assinados por Maria Zuely Librandi, realizando diversas transações entre empresas e pessoas físicas que se configuram lavagem de dinheiro.  

O processo está tramitando na Justiça. Sandro e Marcelo Gir Gomes estão presos. Ana Claudia e Paulo Nogueira respondem em liberdade.  

Apesar de tratar dos honorários, esse processo apura apenas os crimes de lavagem de dinheiro praticada por Sandro.  

A acusação de propina e fraude no acordo que resultaria em R$ 69 milhões a Zuely Librandi, dos quais R$ 45 milhões foram pagos, e que tem a ex-prefeita Dárcy Vera como ré, tramita em um procedimento próprio e está na fase de alegações finais para, em seguida, o juiz da 4ª Vara Criminal proferir a sentença.



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