Vacina contra dengue chega em uma semana em Ribeirão Preto

28/07/2016 09:40:00

Vacina vai custar, para os fornecedores, entre R$ 132,76 e R$ 138,53 por dose e não será distribuída pelo SUS

Mastrangelo Reino / A Cidade
O infectologista Benedito da Fonseca, professor da USP (Mastrangelo Reino / A Cidade)

 

A primeira vacina contra a dengue registrada no Brasil começa a ser comercializada em Ribeirão Preto na próxima semana. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) regulamentou nessa segunda-feira o preço das doses de Dengvaxia®, que já começaram a ser distribuídas em todo Brasil.

A vacina vai custar, para os fornecedores, entre R$ 132,76 e R$ 138,53 por dose e, por ora, não será distribuída pelo SUS (Sistema Único de Saúde), estando restrita a clínicas e laboratórios particulares.

O valor das doses para a população será mais alto, já que cada fornecedor deverá acrescentar seus custos sobre o preço de fábrica.

O laboratório Sanofi Pasteur, que produziu a Dengvaxia, informou que aguardava a regulamentação do preço para começar a comercializar a vacina, que teve registro aprovado pela Anvisa em dezembro do ano passado.

A partir desta segunda-feira, com a decisão da Anvisa, mais de um milhão de doses da vacina começaram a ser enviadas para laboratórios de todo o Brasil, inclusive Ribeirão Preto. A cidade registrou 34.936 casos de dengue de janeiro a julho deste ano. A vacina é esperada pelos especialistas, assim, como recurso no combate a dengue, mas há ressalvas. 

O infectologista Benedito da Fonseca, professor da Faculdade de Medicina da USP Ribeirão Preto, explica que a faixa etária restrita entre nove e 45 anos e o fato de a vacina ter mais eficácia entre pessoas que já tiveram dengue são pontos negativos.

“Idosos e crianças, que não têm indicação para o uso da vacina, são população de risco”, ele diz.
Além disso, a necessidade de três doses da vacina para eficácia total pode fazer com que os pacientes deixem a profilaxia sem terminar o ciclo. Pesquisas também indicam uma possível reação grave a partir do cruzamento da vacina e do zika vírus.

F.L.Piton / A Cidade

Por enquanto, vacina não chega ao SUS 

O Ministério da Saúde informou que “até o momento, não há decisão sobre a incorporação da vacina contra o vírus da dengue ao SUS”. 

 “Para ser integrada ao SUS, a vacina, assim como qualquer outro medicamento, precisa passar pela análise da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS, que leva em conta aspectos como a eficácia, segurança e custo efetividade do produto, além dos benefícios da oferta para a população”, informou o Ministério em nota enviada por assessoria de imprensa. 

Para ter acesso à vacina, assim, as pessoas precisarão comprá-la. 

Como são necessárias três doses, a profilaxia pode chegar a custar R$ 415 para o fornecedor, que ainda deverá colocar seus custos sobre o preço final. 

O professor Benedito da Fonseca defende a incorporação da vacina ao SUS, para população específica. “Não seria de uso generalizado. Pessoas com comorbidade, que entram no grupo de risco, poderiam ser imunizados, já que idosos e crianças não têm indicação”, ele diz. 

Butantan

O Instituto Butantan, órgão da Secretaria de Saúde de São Paulo, deu início, nessa segunda-feira, aos testes em humanos da primeira vacina brasileira contra a dengue. Os testes serão feitos em Fortaleza, com a participação de 1,2 mil fortalezenses de 2 a 59 anos. Essa é a última etapa do estudo. A partir dessa fase, a expectativa é de que a vacina seja registrada para, então, ser distribuída a população. Os estudos para a produção da vacina começaram em 2008. O Sanofi informou que levou 20 anos para produzir a Dengvaxia, utilizando 25 estudos clínicos em 15 países em todo o mundo, com mais de 40 mil voluntários. 

Arte / A Cidade



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