PM é acusado de atirar em adolescentes em Jardinópolis

25/11/2014 23:09:00

Testemunhas afirmam que policial passou em caminhonete e fez os disparos contra as vítimas, uma delas com 12 anos

F.L.Piton / A Cidade
Silvia Helena conta sobre os momentos de terror que viveu ao ver o filho, de 12 anos, baleado (Foto: F.L.Piton / A Cidade)

“‘Ô mãe, eu não vou morrer não’, ele me disse. Como uma mãe aguenta ver isso?”, afirma Silvia Helena Machado, 40 anos. Ela repetiu o que o filho dela, de apenas 12 anos, disse quando o segurou nos braços, depois de ter levado dois tiros. O crime ocorreu na noite desta segunda-feira (24), na Vila Reis, em Jardinópolis. A suspeita é que um policial militar tenha efetuado os disparos.

Silvia chegou na cena momentos depois dos disparos, que também feriram outro adolescente, de 17 anos, na perna.

“Segurei meu filho nos braços. Ele estava todo ensanguentado. A bala varou, agora ele está em estado grave”, conta.

O crime

Os dois meninos estavam em uma esquina na periferia da cidade, quando uma Pampa prata passou por eles. Testemunhas afirmam que um homem que estava no passageiro fez os disparos.

Quando fechei o olho para dormir ouvi os tiros. Durmo com a minha vó, ela perguntou ‘o que é isso, filho? Eu disse para ela que era tiro”, conta , V, 10 anos. amigo do menino de 12 anos.

O bairro, que tem muitas crianças, estava assustado e indignado diante da suspeita de quem tenha praticado o crime contra os adolescentes seja um policial militar da cidade.

“Meu filho não é bandido. Não tem envolvimento com o crime. Ele saiu de casa para comer um lanche e tomar um refrigerante e aconteceu isso”, afirma Silvia.

Recuperação

O garoto de 12 anos levou um tiro no abdômen e um na perna. Ele está internado no CTI (Centro de Terapia Intensiva) da Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas em estado grave.

O adolescente de 17 anos está internado na sala de traumas do hospital, em estado estável.
As marcas dos tiros ficaram pelo muro da esquina onde os adolescentes estavam no momento dos disparos.

Vizinhos que ouviram o tiroteio correram para fora e foram os primeiros a socorrerem os dois adolescentes, que foram levados de caro para o pronto-socorro. De lá as vítimas foram transferidas para Ribeirão Preto.

A perícia apareceu nela manhã desta terça-feira (25) para iniciar as investigações, que contou com quase dez viaturas de policiamento e até o helicóptero Águia como reforço.

Policial já passou por exame residuográfico

O delegado que cuida do caso, José Augusto Franzine, diz que o policial militar indicado pelos adolescentes já passou pelo exame residuográfico.

“Não admitimos esse tipo de conduta de nenhum tipo de polícia. Os adolescentes contaram que já tinham sido ameaçados de morte várias vezes pelo policial”, diz o delegado.

Franzine diz que ouviu os meninos no hospital na manhã desta terça. Ele conta que como o local é um ponto de tráfico de drogas, alguns moradores, entre eles os adolescentes, hostilizam os policiais em patrulhamento.

“Estamos em contato com a corregedoria da Polícia Militar para que a PM tome as devidas medidas cabíveis, caso seja confirmada a participação desse policial na tentativa de homicídio aos adolescentes”, afirma Franzine.

Polícia abre investigação preliminar

O policial militar acusado de atirar nos dois adolescentes não foi encontrado nesta terça para comentar o caso. Uma investigação preliminar foi aberta pela Polícia Militar para apurar o caso.

O A Cidade questionou nesta terça a Corregedoria da Polícia sobre o caso, mas até o fechamento desta edição, nenhum posicionamento foi passado pelo órgão. (Com EPTV)



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