Moradores do Jardim Aeroporto, na Zona Norte de Ribeirão Preto, estão assustados com a violência e cobram mais segurança no bairro. De acordo com um líder comunitário, que por segurança prefere não se identificar, até mesmo restaurantes estão deixando atender pedidos e algumas lojas só fazem entregas durante o dia.  

 

 

 

"Hoje é normal você encontrar uma biqueira (ponto de droga) em cada esquina, ver veículos abandonados em terrenos baldios, motociclistas trafegando sem capacete. Não tem fiscalização. As pizzarias não entregam mais no bairro e algumas lojas só fazem entregas no período da manhã", comenta o morador.  

Segundo o líder, a transferência de uma base da PM (Polícia Militar) que funcionava no bairro para uma sala no Aeroporto Leite Lopes, em 2011, só piorou a situação. "Tinha uma base da PM que funcionava em um prédio na rua Pirassununga, então a polícia estava mais próxima da população. Hoje este prédio está abandonado e transferiram a base para uma sala dentro do aeroporto, isso dificultou o contato da população com a polícia".  

Comandante do 3º Batalhão de Polícia Militar do Interior (BPMI), o tenente coronel da PM Marcelo Jerônimo de Melo justifica a mudança da base. "A antiga base da PM era um verdadeiro chiqueiro, não oferecia condições de trabalho. Ela ficava no segundo andar de um prédio que não era do Estado, então não podia investir, com uma escada de ferro para chegar ao local. Não tinha acessibilidade nenhuma, um cidadão portador de necessidades especiais, por exemplo, não conseguia falar com a polícia. Graças a Deus, a história desta base ficou no passado."  

Baile Funk  

O representante da comunidade diz que durante a noite a situação se agrava e que viaturas não atendem determinadas ocorrências. "Temos um problema sério de perturbação de sossego aqui no bairro, principalmente por causa de baile funk, mas não adiantar ligar no 190 que não aparece nenhuma viatura para atender a ocorrência".  

A reportagem do ACidade ON enviou este e outros questionamentos à Ouvidora da Polícia Militar. "Há 15 dias fiz uma reclamação formal, por telefone, na Ouvidora do Polícia Militar, mas o prazo para me responderem é de 90 dias", explica o morador.   

Benedito Domingos Mariano, que tomou posse no início do mês como Ouvidor da Polícia Militar, conversou com a reportagem sobre as reclamações e denúncias envolvendo o bairro.  "Temos um número bem razoável de denúncias relatando diversos problemas neste bairro, inclusive sobre a falta de policiamento. Vou oficiar o comado do policiamento na região, relatando que nos últimos anos recebemos mais de 10 denúncias sobre o mesmo tema, que é a falta de policiamento no Jardim Aeroporto. Quando temos dezenas de reclamações da mesma natureza, envolvendo um único local, no meu entendimento é evidente que existe um problema. Vou enviar também ao comando da Polícia Militar todo o histórico das reclamações dos últimos 15 anos", explica Mariano.

Polícia na rua  

O capitão da PM Oliveira Júnior, responsável pelo policiamento na região do Jardim Aeroporto, diz que o trabalho da polícia é feito de acordo com as estatísticas. "O nosso planejamento operacional é feito com base nos índices de criminalidade. Temos feito muitos flagrantes na região, mas os índices ainda são considerados baixos".  

"Não sabemos mais a quem recorrer. Já fui ameaçado por traficantes que foram até a porta da minha casa, dois em uma moto, e avisaram que se eu continuar pedindo policialmente no bairro terei problemas", desabafa o morador.   

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