Gangue da marcha à ré espalha pânico e prejuízo pelo comércio de Ribeirão Preto

19/01/2018 08:05:00

Criminosos fizeram pelo menos 7 vítimas em pouco mais de um mês; prejuízo supera R$ 100 mil

Weber Sian / A Cidade
O supermercado alvo da 'gangue da marcha à ré' em Bonfim Paulista (foto: Weber Sian / A Cidade)

A onda de ataques promovida pela ‘gangue da marcha à ré’ tem espalhado pânico e gerou um prejuízo superior a R$ 100 mil a comerciantes de Ribeirão Preto. Em 34 dias foram sete ocorrências, uma a cada 4 dias.

Nesse tipo de crime, os ladrões utilizam um carro na marcha à ré para arrombar a porta de estabelecimentos. Em seguida, invadem e limpam o estoque de mercadoria.

Temendo que o crime vire uma epidemia na cidade, comerciantes iniciaram a instalação de colunas de ferro chumbadas na calçada para barrar as invasões dos veículos, além de reforçar os cadeados (leia abaixo).

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Para o especialista em segurança José Vicente da Silva, é preciso que a polícia trabalhe para dar uma resposta rápida e com isso evitar que esse tipo de crime “se alastre e vire modismo” (leia mais ao lado).

O caso mais recente foi registrado na madrugada de ontem em um supermercado de Bonfim Paulista. Três criminosos arrombaram a porta de ferro do estabelecimento com um Ford Belina furtado.
Depois, invadiram o comércio e levaram sete gavetas dos caixas, com cerca de R$ 200 em dinheiro cada uma, além de dezenas de caixas de maços de cigarros.

O trio, no entanto, foi surpreendido pela Polícia Militar nas proximidades do Jardim Canadá. Eles abandonaram o carro com a mercadoria furtada e fugiram a pé.

Dois comparsas conseguiram escapar, mas Danilo Aparecido de Souza Spagnol, 23, foi alcançado pelos militares e preso.

“Haveria mais três integrantes da quadrilha, que estamos investigando para identificá-los e reunir provas para pedir a prisão”, declarou Ricardo Turra, delegado da DIG (Delegacia de Investigações Gerais).

Segundo as investigações, Danilo teria participado de outros três crimes praticados pela gangue da marcha à ré nos dias 25 e 26 de dezembro de 2017: uma padaria nos Campos Elíseos, uma loja de fogos na Vila Tibério e uma loja de maquinários agrícolas na avenida Barão do Bananal (veja quadro ao lado).

Já na tarde de quarta-feira (17), policiais civis prenderam Carlos Eduardo Teodoro da Silva, 29, em sua casa, no Parque das Figueiras. Ele é suspeito de participar da invasão a uma loja de roupas no Boulevard na madrugada de sexta-feira (12) e de furtar roupas de uma loja no Jardim Canadá na madrugada de domingo (14).

Supermercado fica no prejuízo

O supermercado alvo da ‘gangue da marcha à ré’ em Bonfim Paulista na madrugada de ontem teve de abrir mais tarde por conta dos estragos – todos os caixas ficaram sem gavetas e a porta principal de ferro foi destruída pela Belina usada pelos criminosos. “Abrimos às 9h30 e nesse período de uma hora e meia fechado estimamos que deixamos de vender R$ 2 mil”, declarou Valdimir Zilioti, supervisor do supermercado. A substituição da porta deverá custar R$ 4 mil. As imagens das câmeras devem ser utilizadas nas investigações.  A empresa de segurança acionou a Polícia Militar após o alarme ser acionado. Além das câmeras e do alarme, o supermercado já iria instalar ontem duas colunas de ferro para bloquear a invasão por veículos, ao custo de aproximadamente R$ 1 mil. A sustentação no subsolo é com concreto, o que dificulta a remoção do obstáculo. “Vamos dificultar ainda mais a ação dos ladrões. Nem aqui em Bonfim temos tranquilidade, até na igreja hoje é perigoso”, concluiu o gerente.

Weber Sian / A Cidade
Aos 23 anos, Danilo Spagnol tem uma ficha considerável no crime; veja mais fotos na galeria (foto: Weber Sian / A Cidade) 

 

Aos 23 anos, Danilo é preso pela 4ª vez

Aos 23 anos, Danilo Spagnol tem uma ficha considerável no crime. Ele já estava com prisão temporária decretada desde 3 de janeiro, segundo a Polícia Civil, por já haver suspeita de sua participação na ‘gangue da marcha à ré’.

Danilo foi preso em flagrante, em setembro de 2017, por furto em um estabelecimento comercial em Pirassununga, mas solto um dia depois. Antes, em fevereiro de 2016, também foi flagrado por furto a residência em Orlândia. Em 2014, Danilo foi preso por furto ao interior de um veículo no Jardim Aeroporto, zona Norte de Ribeirão. Segundo a Polícia Civil, Carlos Eduardo Teodoro da Silva, preso na quarta=-feira, também já tinha passagem por tráfico de drogas.

“Com certeza essas duas prisões devem refletir nas novas ocorrências e deve haver queda. É fato que se o Danilo tivesse ficado preso evitaria outros delitos, mas a legislação permite a soltura e quem tem que mudar isso são os deputados com o apoio da sociedade”, afirmou Rodrigo Lopes, capitão do 51º Batalhão da Polícia Militar.

Polícia deve ser rápida

“Duas medidas auxiliam a inibir a ação dos criminosos no caso das ‘gangues da marcha à ré’. A primeira é os comerciantes reforçarem a segurança dos estabelecimentos. O método mais eficiente que conheço para impedir os criminosos de levarem algo é a cortina espessa de fumaça, um dispositivo que é liberado assim que o alarme soa, muito implantado em caixas eletrônicos 24 horas, tanto que é incomum hoje esse tipo de crime nos caixas por causa da proteção que existe. O criminoso acaba não conseguindo visualizar nada e desiste da ação. É um sistema mais barato que câmeras de segurança e do que contratar um vigilante. A proteção de ferro na frente dos estabelecimentos pode ser eficiente, mas o comerciante precisa de autorização da prefeitura para colocar. Outra medida essencial é a polícia dar uma resposta rápida ao crime, investigando, identificando e prendendo os responsáveis. Se a polícia não fizer isso, esse tipo de crime acaba virando modismo.” José Vicente da Silva, especialista em segurança

Matheus Urenha / A Cidade
Empresário José Carlos Alves Ferreira contabiliza prejuízo de R$ 40,5 mil com furto; veja mais fotos na galeria (foto: Matheus Urenha / A Cidade)

 

Empresário reforça segurança de loja

Após arrombamento da loja de roupas no Boulevard (zona Sul) na madrugada de sexta-feira (12), o empresário José Carlos Alves Ferreira foi rápido. Investiu R$ 1,6 mil para instalar quatro colunas de ferro na entrada da loja e mais R$ 3,5 mil na aquisição de uma porta reforçada com grade e protegida por barras de ferro.

A ação da gangue da mrcha à ré deixou um prejuízo até agora de R$ 40,5 mil ao comerciante.
“Só com as roupas levadas tive R$ 27 mil de perda, levaram tudo que estava exposto na frente da loja e parte do estoque. Mas o seguro vai pagar R$ 25 mil”, afirmou.
José Carlos diz que desde a data do furto tem perdido venda. “Perco cerca de R$ 1.250,00 por dia. Estou com a loja aberta, mas não é de um dia para o outro que conseguimos repor toda a mercadoria”, concluiu.  

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