Plastino recorreu a Cícero e Capela para ressuscitar contrato milionário

15/08/2017 13:36:00

Dono da empresa Atmosphera pediu reunião 'urgente' com vereadores de Ribeirão Preto

 

Reprodução EPTV
Foto mostra Marcelo Plastino (dir.) durante entrega de revista a Cícero Gomes (PMDB) (foto: Polícia Federal)

 

Para “ressuscitar” um contrato da Coderp com a Atmosphera no valor de R$ 8 milhões, o empresário Marcelo Plastino agendou um encontro “urgente” com os vereadores Cícero Gomes (PMDB) e Capela Novas (PPS). Em mensagem enviada em janeiro de 2015, ele diz: “Precisamos nos unirmos” (SIC). No dia seguinte, o contrato foi retomado pelo poder público.

A urgência de Plastino é relacionada ao contrato 84/2012, assinado em julho de 2012 com valor inicial de R$ 7,1 milhões. Em dezembro do mesmo ano, ganhou aditivo de mais R$ 800 mil e foi sendo sucessivamente renovado até que, em 16 de outubro de 2014, a Coderp anunciou que iria rompê-lo em três meses – na segunda quinzena de janeiro de 2015.

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O rompimento ocorreu a pedido de Davi Cury, então superintendente da Coderp, devido a apontamentos de irregularidades feitos pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). A partir de então, Plastino iniciou uma campanha para evitar, a rescisão.

“Posso contar com você amanhã? Confirma com o Cícero e vamos nos encontrar”, diz Plastino em mensagem enviada a Capela às 18h30 do dia 5 de janeiro de 2015.

O conteúdo foi analisado pela Polícia Federal após uma varredura feita em um Ipod de Plastino, apreendido no dia 1 de setembro, data de deflagração da Sevandija. O relatório com a análise foi anexado nesta segunda-feira (14) pela Justiça no processo digital relacionado à corrupção na Atmosphera.

“Estou esperando o retorno da ligação que fiz e já marcamos pra amanhã, lhe aviso o local e horário”, responde Capela às 19h51.

No dia seguinte, Ricardo Ribeiro, então Diretor Financeiro da Coderp, assinou um aditivo ao contrato revogando a rescisão e ressuscitando os pagamentos. Marcelo Plastino também assina o documento.

Em depoimento nas audiências de testemunhas da Operação Sevandija, Ricardo Ribeiro afirmou que retomou o contrato a pedido de Davi Cury, e que “estranhou” a postura do então superintendente.
Cury, por sua vez, diz que defendeu a rescisão do contrato e que a sua retomada foi o motivo de ter se demitido da Coderp no mês seguinte.

As defesas de Cícero e Capela sempre negaram irregularidades. Seus nomes aparecem em planilhas apreendidas no escritório de Plastino após sua morte, relacionadas a valores que somam R$ 55 mil e R$ 45 mil, respectivamente. Eles negam recebimento de dinheiro.

Cícero também foi flagrado pela Polícia Federal recebendo um envelope de Plastino durante um “cafezinho”.

Segundo dois policiais federais ouvidos nas audiências da Sevandija, Plastino confessou informalmente que se tratava de dinheiro para campanha eleitoral.

Leia reportagem completa na edição impressa de A Cidade desta quarta-feira (16).
 



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