Whatsapp reforça uso político de terceirizados em Ribeirão Preto

15/08/2017 10:51:00

Esquema seria utilizado na campanha de Rodrigo Camargo (PTB), candidato apoiado pelo grupo político da ex-prefeita Dárcy Vera

Matheus Urenha / A Cidade
Rodrigo Camargo (PTB) foi candidato a prefeito de Ribeirão Preto (foto: Matheus Urenha / A Cidade)

 

Conversas no aplicativo Whatsapp rastreadas pela Polícia Federal no celular de Ângelo Invernizzi, ex-secretário da Educação de Ribeirão Preto e preso pela Operação Sevandija, reforçam o uso de terceirizados da Atmosphera para fins eleitoreiros. O esquema seria utilizado na campanha de Rodrigo Camargo (PTB), candidato apoiado pelo grupo político da ex-prefeita Dárcy Vera (PSD).

O relatório do pente-fino no celular de Ângelo foi anexado na tarde desta segunda-feira (14) pela Justiça no processo digital da denúncia de fraudes em licitação, corrupção e apadrinhamento político na Atmosphera. Ao todo, 400 páginas de análises de apreensões da Sevandija foram digitalizadas.

A Polícia Federal verificou que em 18 de julho do ano passado, um grupo com oito pessoas, entre elas Rodrigo Camargo (PTB) e os então homens forte de Dárcy, Layr Luchesi e Marco Antonio, debatarem no Whatsapp sobre convocação de terceirizados para reuniões visando as eleições de outubro.

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Alliomar Martins, ex-diretor do Departamento de Alimentação Escolar, diz ser necessário achar um coordenador para os funcionários comissionados, terceirizados e emergenciais da prefeitura.
Em seguida, Marco Antonio reforça que deveria ser marcada uma reunião com os terceirizados na quarta-feira, às 19h, para a “promoção do evento de domingo”.

O evento a que ele se refere foi o lançamento da candidatura de Rodrigo Camargo, realizada na manhã do dia 24 de julho de 2016, um domingo, na Câmara Municipal, que estava com as galerias lotadas de apoiadores políticos. Dárcy Vera discursou na ocasião e foi aplaudida de pé.

Layr Luchesi, na conversa do Whatsapp, até tenta se precaver. “Canal inadequado”, diz ele, sugerindo que aquele tipo de conversa não deveria se dar pelo aplicativo. Marco Antonio, concorda, mas diz que eles precisam “disparar urgente”, ou seja, articular com rapidez.

Rodrigo Camargo então utiliza, na conversa, uma nova designação para os comissionados e terceirizados que ajudarão na campanha: ele os chama de “multiplicadores”, e faz questão de reforçar o termo utilizando-o em caixa alta.

Além dessa conversa, a Polícia Federal também localizou diálogos de Ângelo com Marco Antonio tratando de demissões de apadrinhados terceirizados e demonstrando interesse, junto a uma funcionária da Secretaria de Educação, sobre os procedimentos tomados pela Atmosphera em uma licitação em andamento.

Outro lado

Ao ACidade ON, Rodrigo Camargo afirmou nas conversas do Whatsapp havia integrantes da coligação formada pelo partido PSD, do grupo de Dárcy, e do PTB, seu partido. “Eu nunca fiz parte do governo. Ali estavam pessoas que trabalhavam não apenas para a campanha para prefeito, mas também de vereadores, inclusive candidatos à reeleição. Se eu soubesse de algo irregular, com certeza teria denunciado. Infelizmente, somente após a Operação Sevandija esses fatos vieram à tona”, justificou.

Ele diz que, na ocasião, tinha conhecimento que haveria uma reunião com os chamados multiplicadores (militantes que angariam votos), mas ignorava se eram terceirizados ou comissionados. “Não sabia o que acontecia por detrás disso”.

Na conversa exposta no relatório da Polícia Federal, não consta que Rodrigo utilizou o termo terceirizados ou fez qualquer menção à Atmosphera. Ele não foi denunciado pelo Gaeco na Operação Sevandija. Os demais citados nesta reportagem sempre negaram irregularidades.

Leia reportagem completa na edição impressa do A Cidade desta quarta-feira (16).

 



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