Brama era considerado 'campeão de flagrantes'

22/06/2017 19:05:00

Cabo Roberto Abramovicius estava na PM havia 21 anos e era apontado como um policial firme e muito respeitoso com colegas

Reprodução / WhatsApp
O soldado Roberto Pereira Abramovícius, 38 anos, foi morto em um posto de combustíveis na quarta-feira (21) (Foto: Reprodução / WhatsApp)

 

Policial Militar desde 1996, o cabo Roberto Abramovicius, o Brama, era considerado um “campeão de flagrantes”. Promotores ouvidos pelo A Cidade disseram que ele era um dos PMs que mais efetuavam prisões, principalmente relacionadas ao tráfico de drogas na região Norte, onde atuava pela Rocam.

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“Sempre foi firme, porém muito respeitoso e exemplar. Era um dos nosso policiais mais atuantes”, afirma o coronel da PM Marcelo Antônio Jerônimo de Melo.

Alexandre Nuti foi professor de Direito de Brama na Unip há quatro anos, e reforça o perfil respeitador e dedicado. “Chamava até os professores mais jovens de senhor, e pedia licença sempre que precisava entrar na sala com a farda”.

Em julho do ano passado, dez pessoas ouvidas pelo A Cidade apontaram Brama como autor dos 41 disparos que mataram Alfred Vieira dos Santos, conhecido como Tiquinho, 17 anos, em plena luz do dia.

Familiares e amigos disseram que, quando passava por Alfred - acusado de participar da morte de um PM - Brama apontava o indicador, como um símbolo de arma. Não há registro no sistema do Ministério Público que o policial tenha sido investigado pela morte de Tiquinho. 

Brama foi apontado por testemunhas, segundo a Ouvidoria das Polícias, de ter participação na chacina ocorrida em outubro de 2012, com cinco mortes. O caso, porém, foi arquivado por falta de provas.

Ouvidoria vai acompanhar

O Ouvidor das Polícias, Júlio Neves, diz que irá acompanhar as mortes ocorridas após a execução do Policial Militar. “Esperamos que não sejam retaliações praticadas por policiais militares, mas existe essa possibilidade”. Ele lembra de um caso ocorrido em Campinas, em janeiro de 2014, em que um PM foi morto em um posto de combustível e, em seguida, 12 pessoas morreram. “A violência só gera violência, vitimando inocentes. A PM não existe para matar e fazer Justiça com as próprias mãos”, diz o Ouvidor. Ele diz, também, que a maioria dos policiais assassinados são vítimas enquanto fazem bicos. “É reflexo da remuneração baixa que recebem do Estado. Nos bicos, ficam mais vulneráveis”, explica. (Cristiano Pavini)

Tenente-coronel descarta relação entre casos

O tenente-coronel da PM, Marcelo Jerônimo de Melo, nega que haja qualquer relação dos ataques que resultaram em duas mortes na tarde de ontem com o assassinado do PM ocorrida de manhã.

“O que nos garante que não existe ligação é que todos os crimes ocorreram em pontos diferentes, distantes um do outro. São fatos isolados.”

Apesar de ter ocorrido em endereços distintos, os crimes se concentraram em bairros da zona Norte de Ribeirão - Ipiranga, Quintino Facci 2 e Jardim Jandaia. Segundo o tenente-coronel, as quatro vítimas que foram baleadas no cruzamento das ruas Porto Seguro e Itaguaçu serão fundamentais para contribuir com as investigações e identificar os suspeitos. “Como elas sobreviveram, terão condições de apontar as características dos homens que fizeram os disparos”, relatou. Desde o início da tarde, os policiais fazem patrulhamento para identificar os suspeitos. (Wesley Alcântara)



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