DIG cria equipe especializada para investigar assalto a pedestre em Ribeirão Preto

21/04/2017 14:57:00

Levantamento do A Cidade mostra que só neste ano foram registrados 46 assaltos em pontos de ônibus

Weber Sian / A Cidade
'Desde aquele dia faço o trajeto do serviço com muito medo. É uma pena a gente trabalhar tanto para ter algo e ver nossas coisas sendo levadas assim.' Elisete Valoci Teixeira da Silva 39 anos, faxineira, vítima de assalto (foto: Weber Sian / A Cidade)

 

Com o objetivo de combater a onda de assaltos que tem aterrorizado o ribeirão-pretano, a DIG (Delegacia de Investigações Gerais) criou uma equipe especializada em roubo a pedestres. Em menos de duas semanas de implantação da equipe, quatro pessoas foram presas.

Levantamento feito pelo A Cidade mostra que, somente neste ano, foram registrados 46 assaltos em pontos de ônibus. Um deles teve como vítima a passadeira Maria das Merces Guimarães da Silva, de 61 anos, que foi assaltada no bairro Eugênio Mendes Lopes, zona Oeste de Ribeirão Preto, por volta das 7h15, enquanto aguardava o transporte público para ir ao trabalho.

Para o especialista em segurança pública Ricardo Alves de Macedo, a equipe é bem-vinda. “Eles fazem um policiamento repressivo, não só voltado ao esclarecimento do delito, mas à prisão dos que estão cometendo o crime, à retirada deles do seio social e à inserção no sistema carcerário como maneira de diminuir a prática desse tipo de delito, que está causando transtorno e temor”, frisou (leia mais na análise).

Mapeamento

Além de roubos, a equipe especializada também combaterá furtos e receptação. O primeiro passo, segundo o delegado Cláudio Salles Júnior, está sendo fazer um mapeamento das áreas com maior número de casos e um banco de dados com características de suspeitos e fotos de bandidos que já foram presos por esses três crimes.

“Com a readequação dos distritos, recebemos mais investigadores experientes. Apesar de termos investigadores focados em roubos e furtos de veículos e roubos e furtos a residências, não tínhamos uma equipe específica, então essa é uma inovação, uma maneira de dar uma resposta mais rápida à população”, disse Salles Júnior.

Celular é hoje o principal alvo dos bandidos por ser de fácil comercialização, de acordo com o delegado, e uma das principais dificuldades encontradas pela Polícia Civil é a falta do registro do boletim de ocorrência.

“A vítima precisa fazer o boletim porque é a forma como ela abastece a polícia com dados, como as características dos autores. A Polícia precisa de informações para cada vez prender e reprimir. Se a população colaborar com a Polícia, o bandido vai pensar duas vezes antes de praticar qualquer crime”, avaliou o delegado.

Salles Júnior destacou que o crime de receptação prevê fiança e que o autor de roubos e furtos pode responder em liberdade se não for preso em flagrante. 

Tensão e medo no trajeto para o trabalho

O trajeto para o trabalho se tornou sinônimo de tensão e medo para a passadeira Maria das Merces Guimarães da Silva, de 61 anos, e para a faxineira Elisete Valoci Teixeira da Silva, de 39 anos. Ambas foram roubadas e tiveram o celular levado por bandidos.  

No caso de Elisete, o roubo ocorreu no dia 18 de março, às 10h45, na avenida Braz Olaia Acosta, zona Sul de Ribeirão Preto. Ela havia acabado de sair do serviço e caminhava para almoçar em sua casa quando foi abordada por dois rapazes “bem vestidos”.

“Eu nem desconfiei. Um me perguntou se eu tinha hora, eu disse que não. Foi quando o outro fez sinal como se tivesse com uma arma na cintura, arrancou o celular do meu bolso e me empurrou. Eles me mandaram correr e não gritar, cheguei em casa chorando, pensei no pior”, frisou.

Maria das Merces foi assaltada junto com um grupo que aguardava o ônibus às 7h15 do dia 2 de março. Dois homens chegaram de moto, armados e anunciaram o assalto. Uma idosa desmaiou. O celular de Maria das Merces estava dentro da bolsa. “Não espero mais o ônibus no ponto. Fico olhando de frente da minha casa e quando o ônibus aponta na esquina eu saio correndo”, contou.

Além do trauma, as duas vítimas ainda ficaram com um prejuízo extra: cinco parcelas, cada uma, do celular roubado para pagar.  

 

Weber Sian / A Cidade
Delegado Cláudio Salles Júnior comanda equipe especializada (foto: Weber Sian / A Cidade)

Análise - ‘Grupos especiais nunca serão demais’ 

“A Polícia Civil precisa mostrar serviço porque ela tem passado por um processo de sucateamento. Quem sabe com esse remanejamento na distribuição dos distritos possa a mão de obra se qualificar cada vez mais. Esse tipo de policiamento já acontece muito em São Paulo, que tem o Garra, que é o Grupo Armado de Repreensão a Roubos e Assaltos, e o GOE, que é o Grupo de Operações Especiais. A Polícia Civil trabalha após o cometimento do delito, de maneira sigilosa e velada, por meio de um inquérito policial, e à paisana para que os policiais não sejam identificados pela sociedade. Sou 100% favorável a esse tipo de policiamento operacional focado em minorar os roubos, repreendendo os praticantes de crimes. Nunca será demais grupamentos operacionais e a qualificação da mão de obra do policial. A população se sente mais segura, aplaude e agradece.” Ricardo Alves de Macedo, especialista em segurança pública

Atenção: Celular, principal alvo
A fácil comercialização e a distração das pessoas quando estão com o aparelho nas mãos fazem do celular o principal alvo dos criminosos atualmente, de acordo com o delegado Cláudio Salles Júnior. “Por incrível que pareça, a vítima colabora com os bandidos quando fica desatenta ao seu redor por estar enviando uma mensagem ou falando”, ressaltou. Ainda segundo o delegado, muitas vezes a população fomenta esse tipo de crime ao comprar celular de um particular sem nota fiscal. “É uma coisa lógica, se na loja o celular custa R$ 3 mil e no particular, R$ 300, algo está errado. Não compre, não alimente o crime”, alertou Salles Júnior.
 
Dicas para os pedestres

- Não se distraia na rua se estiver com objetos de valor

- Não se distraia na rua se estiver com bolsa ou mochila a tiracolo – mesmo
que não porte nada de valor

- Evite manusear o celular enquanto caminha pela rua ou está parado em algum ponto

- Se precisar usar o celular na rua certifique-se que o local é seguro

- Não pare em locais com pouca iluminação

- Registre boletim de ocorrência se for vítima de roubo, furto ou tentativa

- Se puder colaborar com a polícia no esclarecimento de crimes ligue no Disque Denúncia: 181

- Se visualizar alguma atitude suspeita aciona a PM: 190

- Não compre celular de particular sem nota fiscal, o aparelho pode ser produto de crime

 



    Mais Conteúdo