Levantamento do A Cidade mostra que só neste ano foram registrados 46 assaltos em pontos de ônibus
Com o objetivo de combater a onda de assaltos que tem aterrorizado o ribeirão-pretano, a DIG (Delegacia de Investigações Gerais) criou uma equipe especializada em roubo a pedestres. Em menos de duas semanas de implantação da equipe, quatro pessoas foram presas.
Levantamento feito pelo A Cidade mostra que, somente neste ano, foram registrados 46 assaltos em pontos de ônibus. Um deles teve como vítima a passadeira Maria das Merces Guimarães da Silva, de 61 anos, que foi assaltada no bairro Eugênio Mendes Lopes, zona Oeste de Ribeirão Preto, por volta das 7h15, enquanto aguardava o transporte público para ir ao trabalho.
Para o especialista em segurança pública Ricardo Alves de Macedo, a equipe é bem-vinda. “Eles fazem um policiamento repressivo, não só voltado ao esclarecimento do delito, mas à prisão dos que estão cometendo o crime, à retirada deles do seio social e à inserção no sistema carcerário como maneira de diminuir a prática desse tipo de delito, que está causando transtorno e temor”, frisou (leia mais na análise).
Mapeamento
Além de roubos, a equipe especializada também combaterá furtos e receptação. O primeiro passo, segundo o delegado Cláudio Salles Júnior, está sendo fazer um mapeamento das áreas com maior número de casos e um banco de dados com características de suspeitos e fotos de bandidos que já foram presos por esses três crimes.
“Com a readequação dos distritos, recebemos mais investigadores experientes. Apesar de termos investigadores focados em roubos e furtos de veículos e roubos e furtos a residências, não tínhamos uma equipe específica, então essa é uma inovação, uma maneira de dar uma resposta mais rápida à população”, disse Salles Júnior.
Celular é hoje o principal alvo dos bandidos por ser de fácil comercialização, de acordo com o delegado, e uma das principais dificuldades encontradas pela Polícia Civil é a falta do registro do boletim de ocorrência.
“A vítima precisa fazer o boletim porque é a forma como ela abastece a polícia com dados, como as características dos autores. A Polícia precisa de informações para cada vez prender e reprimir. Se a população colaborar com a Polícia, o bandido vai pensar duas vezes antes de praticar qualquer crime”, avaliou o delegado.
Salles Júnior destacou que o crime de receptação prevê fiança e que o autor de roubos e furtos pode responder em liberdade se não for preso em flagrante.
Tensão e medo no trajeto para o trabalho
O trajeto para o trabalho se tornou sinônimo de tensão e medo para a passadeira Maria das Merces Guimarães da Silva, de 61 anos, e para a faxineira Elisete Valoci Teixeira da Silva, de 39 anos. Ambas foram roubadas e tiveram o celular levado por bandidos.
No caso de Elisete, o roubo ocorreu no dia 18 de março, às 10h45, na avenida Braz Olaia Acosta, zona Sul de Ribeirão Preto. Ela havia acabado de sair do serviço e caminhava para almoçar em sua casa quando foi abordada por dois rapazes “bem vestidos”.
“Eu nem desconfiei. Um me perguntou se eu tinha hora, eu disse que não. Foi quando o outro fez sinal como se tivesse com uma arma na cintura, arrancou o celular do meu bolso e me empurrou. Eles me mandaram correr e não gritar, cheguei em casa chorando, pensei no pior”, frisou.
Maria das Merces foi assaltada junto com um grupo que aguardava o ônibus às 7h15 do dia 2 de março. Dois homens chegaram de moto, armados e anunciaram o assalto. Uma idosa desmaiou. O celular de Maria das Merces estava dentro da bolsa. “Não espero mais o ônibus no ponto. Fico olhando de frente da minha casa e quando o ônibus aponta na esquina eu saio correndo”, contou.
Além do trauma, as duas vítimas ainda ficaram com um prejuízo extra: cinco parcelas, cada uma, do celular roubado para pagar.
Análise - ‘Grupos especiais nunca serão demais’
“A Polícia Civil precisa mostrar serviço porque ela tem passado por um processo de sucateamento. Quem sabe com esse remanejamento na distribuição dos distritos possa a mão de obra se qualificar cada vez mais. Esse tipo de policiamento já acontece muito em São Paulo, que tem o Garra, que é o Grupo Armado de Repreensão a Roubos e Assaltos, e o GOE, que é o Grupo de Operações Especiais. A Polícia Civil trabalha após o cometimento do delito, de maneira sigilosa e velada, por meio de um inquérito policial, e à paisana para que os policiais não sejam identificados pela sociedade. Sou 100% favorável a esse tipo de policiamento operacional focado em minorar os roubos, repreendendo os praticantes de crimes. Nunca será demais grupamentos operacionais e a qualificação da mão de obra do policial. A população se sente mais segura, aplaude e agradece.” Ricardo Alves de Macedo, especialista em segurança pública
- Não se distraia na rua se estiver com objetos de valor
- Não se distraia na rua se estiver com bolsa ou mochila a tiracolo – mesmo
que não porte nada de valor
- Evite manusear o celular enquanto caminha pela rua ou está parado em algum ponto
- Se precisar usar o celular na rua certifique-se que o local é seguro
- Não pare em locais com pouca iluminação
- Registre boletim de ocorrência se for vítima de roubo, furto ou tentativa
- Se puder colaborar com a polícia no esclarecimento de crimes ligue no Disque Denúncia: 181
- Se visualizar alguma atitude suspeita aciona a PM: 190
- Não compre celular de particular sem nota fiscal, o aparelho pode ser produto de crime