Exame não detecta pólvora nas mãos de menino que teria atirado em PM

21/03/2017 14:38:00

Criança de 11 anos disse à polícia que a espingarda disparou quando o policial afastado tentava tirar a arma de sua mão

 

Reprodução / Facebook
O ex-policial Geraldo Neres Ribeiro foi morto com um tiro na barriga (Foto: Reprodução / Facebook)

 

O exame residuográfico feito nas quatro pessoas que estavam na chácara onde o policial militar afastado José Geraldo Neres Ribeiro, 48 anos, foi morto no dia 28 de fevereiro não identificou vestígios de pólvora nas mãos de ninguém, nem mesmo nas mãos do enteado da vítima, um menino de 11 anos apontado como o autor do disparo que matou o PM.

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Apesar de o exame ter dado negativo, o delegado Sérgio Pereira, da Diju (Delegacia de Polícia da Infância e Juventude) de Ribeirão Preto, não acredita que houvesse mais pessoas na chácara além do policial, seu enteado, sua mulher e um casal de amigos.

"Tanto o casal quanto o menino disseram a mesma coisa: que o policial agrediu a mulher e ela saiu correndo. Em seguida, o policial pediu para o enteado buscar sua espingarda, mas o menino tentou esconder a arma. O policial segurou, então, a espingarda pelo cano e deu um tapa na mão do garoto para tentar pegar a arma. Neste momento, a espingarda disparou atingindo o abdômen da vítima", destaca o delegado.

Desconfiança

A filha do PM, Ariany Rocha Ribeiro, 23 anos, continua achando que não foi isso que aconteceu. "Meu pai tinha 1,80 metro de altura, praticava atividade física, era forte. Ele teria conseguido tirar a arma do menino, ainda mais sendo uma espingarda, que tem cano longo", comenta.

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Segundo Ariany, uma conversa de WhatsApp entre ela e a mulher de seu pai reforça sua suspeita de que não foi o menino que atirou. Na conversa, a viúva diz "só te falo uma coisa: enquanto vocês estão atrás de mim, os que fizeram a crueldade com ele estão fugindo".

Ariany ainda afirma que o homem que estava na chácara no momento da confusão estava irritado com seu pai. "Ele mandou um áudio falando 'E aí, Neres, boa tarde! Beleza? Ou, você adicionou a minha namorada no Facebook? Perguntou para ela que dia que ela vai aí para vocês tomarem um Red [Label]?'", conta.

"Acho que estão colocando a culpa no menino, porque ele é uma criança, então não vai ter processo. Essa história não me desce. Não consigo acreditar. Sem contar que a mulher do meu pai ligou para o 190 antes de ligar para o Samu. E ele não morreu na hora", ressalta.

De acordo com o delegado Sérgio Pereira, o inquérito já foi enviado para a Delegacia Seccional de Ribeirão Preto, que deve encaminhá-lo para o setor de homicídios da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) ou para o 7º Distrito Policial, que abrange Bonfim Paulista, área em que o fato ocorreu. 



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