Em 16 dias, 11 ataques a usuários dentro e fora dos ônibus urbanos

17/01/2017 14:24:00

Passageiros relatam falta de segurança em pontos rodeados de mato alto e sem iluminação em Ribeirão Preto; Transerp se cala

Weber Sian / A Cidade
'Não me sinto segura. Por isso, estou sempre atenta. Ando com a bolsa junto ao corpo e o celular está sempre escondido', diz a auxiliar de limpeza Lúcia Duarte, de 50 anos (Foto: Weber Sian / A Cidade)

 

Além de ter que lidar com superlotação nos horários de pico, atrasos e falta de infraestrutura, agora, o usuário do transporte coletivo urbano de Ribeirão Preto tem que enfrentar outro problema: a falta de segurança.

Hoje, o passageiro é alvo dentro e fora dos ônibus. Em seis dias – dias 8, 13 (dois), 14 -, a cidade registrou quatro arrastões. E nos 16 dias do ano, ocorreram pelo menos outros 7 ataques nos pontos de ônibus.

A estudante Fernanda Corato, de 18 anos, já sofreu uma tentativa de assalto. “Tentaram roubar minha bolsa no ponto de ônibus. Depois disso, fiquei ainda mais atenta”, garante.

Enquanto espera o coletivo, Fernanda presta atenção ao movimento e não descuida da bolsa. “Também não fico com o celular na mão”, diz.

A auxiliar de limpeza Lúcia Duarte, de 50 anos, não sofreu nenhum roubo, mas conhece muitas vítimas. “A maioria dos pontos são escuros, com mato alto e árvores em volta. Tudo isso facilita a ação dos bandidos, que passam de moto e pedem as bolsas”, afirma.

Por isso, Lúcia está sempre atenta. “Não me sinto segura. Ando com a bolsa junto ao corpo e o celular escondido”, frisa. “Além de todos os problemas estruturais do transporte público, não ter segurança é muito ruim”, reforça.

Mapeamento

Para o especialista em segurança Ricardo Alves de Macedo, a criminalidade está cada vez mais ousada. “A polícia intensifica o patrulhamento em uma área e os bandidos migram para outra”, diz. “O ideal é que a polícia faça o mapeamento dessas rotas e intensifique o patrulhamento.”

Segundo o tenente-coronel Francisco Mango Neto, retirar o dinheiro de circulação foi um grande avanço. “Hoje, parou os roubos aos coletivos. Mas, por outro lado, passou a ter assaltos em pontos de ônibus ou a quem está dentro dele”, frisa. “E é difícil coibir esse tipo de ação”, reforça.

Mango garante que o patrulhamento está sendo feito e será intensificado para tentar evitar a ação de criminosos.

Para ele, cuidado é palavra-chave quando se trata de segurança. “O usuário deve estar sempre atento, procurar lugares mais iluminados, evitar certos horários, lugares ermos e andar sozinho.”

A Transerp informou que “as ocorrências são questões de segurança pública”, mas não respondeu sobre o que pode ser feito para melhorar os pontos de ônibus, que são motivo de reclamação dos usuários.

Weber Sian / A Cidade
'Quando está claro, tenho mais segurança. Mas, a noite é muito escuro, falta iluminação perto dos pontos e aumenta o risco de assalto', diz a estudante Fernanda Corato, de 18 anos (Foto: Weber Sian / A Cidade)

 

Sem dinheiro no ônibus, usuário vira alvo

Desde outubro de 2014, os usuários de ônibus de Ribeirão Preto só podem usar o cartão da empresa permissionária para ter acesso ao serviço. O fim da cobrança em dinheiro pretendia dar mais segurança aos motoristas e usuários, que reclamavam dos constantes assaltos.

Segundo o diretor do consórcio PróUrbano Carlos Roberto Cherulli, a retirada do dinheiro dos ônibus foi um sucesso total. “Reduzimos a zero os roubos aos ônibus”, garante. Tanto que a onda de assaltos deste ano tem vitimado apenas os passageiros. “Tudo o que podemos fazer pela segurança de motoristas e passageiros, nós fazemos”, diz.

“Há câmeras dentro dos ônibus e sempre que solicitadas, enviamos as imagens às autoridades para colaborar com as investigações.” A Polícia Civil informou que investiga todas as denúncias, mas que “até o momento não há esclarecimento de autoria dos fatos em questão.” A Polícia não informou se costuma solicitar imagens dos ônibus para identificar os criminosos.

Distração é o grande erro

Segundo a PM, o erro mais comum do usuário do transporte coletivo, que acaba chamando a atenção dos bandidos, é a distração e a ostensividade, principalmente de aparelho celular, carteira e objetos de valor. Para reduzir o risco de roubo, a PM orienta o usuário oficar atento a presença de suspeitos ao redor e evite distrações; tnha cuidado ao atender o celular; mantenha objetos pessoais à frente do corpo; e se notar que está sendo seguido, entre em lugar público e ligue para a PM, no 190.

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