Corregedoria investiga delegado por falha no caso Gabriela Zafra

06/10/2015 09:15:00

Secretaria de Segurança Pública informa que investigações continuam em andamento, sem revelar o apurado

F.L.Piton / A Cidade
Delegado José Gonçalves Neto nega que tenha arquivado o caso e diz que concluiu inquérito com objetivo de ‘agilizar o processo’ (foto: F.L. Piton / A Cidade)

O delegado José Gonçaves Neto, do 8º Distrito Policial de Ribeirão Preto, é investigado por prevaricação no caso Gabriela Zafra. Prestes a completar um ano, o inquérito da 3ª Corregedoria Auxiliar da Polícia Civil de Ribeirão Preto segue sem conclusões.

As investigações da morte da jovem, sob responsabilidade da Delegacia Seccional de Ribeirão Preto, também continuam sem respostas.

Gabriela morreu em maio de 2014, aos 16 anos, após procurar atendimento em unidades de saúde municipais cinco vezes. Sindicância da própria Prefeitura de Ribeirão Preto apontou erros no atendimento prestado à jovem.

O delegado José Gonçalves Neto, que investigava o caso, foi afastado após concluir as investigações sem apontar culpados.

O promotor criminal Naul Felca entendeu que José Gonçalves falhou em suas funções e solicitou, além do encaminhamento das investigações para a Delegacia Seccional, que o delegado fosse investigado por prevariação.

Naul apontou, em relatório, que o delegado não buscou pareces médicos que explicassem o atendimento prestado à Gabriela e ignorou documentos importantes como os prontuários médicos da jovem e o laudo necroscópico que apontou a meningococemia (bactéria da meningite) como causa da morte.

O inquérito para investigar a conduta do delegado foi instaurado em 16 de setembro do ano passado e corre pela Vara do Juizado Especial Criminal de Ribeirão Preto.

O A Cidade procurou o delegado corregedor responsável pelo caso, mas não conseguiu localizá-lo na Corregedoria na sexta-feira passada à tarde e ontem, pela manhã e à tarde.

Por nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo limitou-se a informar que “o caso segue em investigação para apurar a conduta do delegado José Gonçalves Neto”, sem fornecer prazos ou detalhes sobre o procedimento.

O delegado Neto se defende da acusação, com o argumento de que em momento algum “arquivou” o inquérito. “Eu conclui para agilizar o procedimento”, afirmou em entrevista ao A Cidade. 

‘Estou tranquilo com o trabalho que fiz’ 

O delegado José Gonçalves Neto se defendeu da acusação de prevaricação, com o argumento de que finalizou o inquérito para agilizar o processo, sugerindo ao Ministério Público a necessidade de parecer médico para complementar as investigações. 

“O promotor de Justiça não pode requerer diligências antes do relatório final do delegado”, afirmou. 

Ele informou ainda que assumiu o inquérito quando faltava “apenas a oitiva de um dos profissionais da saúde”, já que foi nomeado titular do 8º Distrito Policial com a transferência do delegado anterior. 

“Estou tranquilo em relação ao trabalho que fiz”, finalizou o delegado. 

O advogado da família da Gabriela, Daniel Rondi, quer respostas. “Não concordamos com o arquivamento do inquérito, pois temos certeza de que houve homicídio culposo e  é dever da polícia dizer quem cometeu. Não temos nada contra o delegado, mas esperamos Justiça”. 

 



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