Ribeirão registra 103 furtos e roubos de celular em setembro

05/10/2015 15:03:00

Cinquenta desses registros foram feitos após uma micareta; delegado diz existir mercado ilegal

Matheus Urenha / A Cidade
Julia teve o celular roubado durante micareta, mas conseguiu recuperá-lo (Foto: Matheus Urenha / A Cidade)

Levantamento feito pelo A Cidade entre os boletins de ocorrência do último mês aponta que foram registrados 103 furtos e roubos de celular em Ribeirão Preto somente em setembro.

Nada menos do que cinquenta desses registros foram feitos no mesmo dia, após um arrastão durante micareta sertaneja realizada no Parque Permanente de Exposições no dia 26.

Contudo, segundo o delegado responsável pelo caso, Antônio Sérgio Pereira, do 2º Distrito Policial, tudo indica que o número de furtos foi bem maior – já que, na semana posterior ao evento, a delegacia não parou de receber vítimas para reconhecer os aparelhos. “Só na segunda e na terça estiveram 150 pessoas aqui para reconhecer os celulares apreendidos. Foram 34 aparelhos que vieram para cá, porque os outros 16 já foram entregues aos respectivos proprietários no plantão na DIG (Delegacia de Investigações Gerais). E ainda teve gente vindo fazer boletim de ocorrência”, afirmou.

Os celulares são cada vez mais visados porque, segundo o delegado, o destino desses produtos roubados ou furtados é ou o mercado ilegal ou o tráfico. “Eles vão para o tráfico ou para lojas ilegais.

Existe um mercado paralelo de celular em que modificam as características do aparelho e vendem por um preço mais barato. Um iPhone que custa R$ 4 mil, por exemplo, é roubado e vendido por R$ 1 mil”, explica.

Por conta disso, eventos como a micareta atraem até ladrões de fora da cidade. Na manhã após o evento em Ribeirão, a polícia prendeu, no centro da cidade, os suspeitos Ricardo Lopes Borges, 38 anos, Mauro Brito da Silva, 38 anos, e Alexandro dos Santos Chaves, 32 anos, na posse de 50 celulares – os três são de São Paulo, cidade para onde seriam levados o aparelho, segundo a polícia.

Prevenção

A bancária Julia Maria Paoliello Morato, de 29 anos, foi uma das vítimas do arrastão. Ela conta que estava indo ao banheiro, durante o intervalo de um dos shows, quando sentiu furtarem o iPhone de seu bolso.

Na muvuca, não encontrou o ladrão – mas, com sorte, o aparelho estava entre os apreendidos pela polícia no dia seguinte. Mesmo assim, Julia diz que a sensação de insegurança permanece.

“É a pior sensação do mundo. Eu já tinha perdido totalmente a esperança, porque tinha o número da conta do banco no celular, tudo... Se os ladrões desbloqueassem, eu seria muito mais prejudicada. Nunca mais levo o celular em festas”, desabafa.

No levantamento, A Cidade constatou que as zonas Leste e Norte de Ribeirão, seguidas da zona Sul, são as mais afetadas por roubos e furtos. Contudo, o delegado Antônio Sérgio alerta: as ocorrências atingem toda a cidade, mesmo com as câmeras de vigilância no Centro e a ronda da Polícia Militar nos bairros.

“Tem gente que furta celular e rouba à mão armada na cidade toda”, afirma.

Por conta disso, o melhor a ser feito por todo mundo é se prevenir quando existe a possibilidade. “Quando for nesse tipo de evento, não leve o celular. Deixe em casa ou guarde em um bolso que tenha bloqueio, como um zíper, ou em uma bolsa que fique fechada. Os ladrões são habilidosos”, explica, antes de contar um fato pitoresco. “Pra você ter uma ideia, até o segurança da micareta teve o celular furtado.”

Uma recomendação que não muda: não reagir

Andar na rua com os fones de ouvido à mostra e caminhar enquanto fala no celular também não são atitudes recomendadas, já que deixam a pessoa vulnerável aos ataques. Mas, o mais importante é evitar reagir se o assalto acontecer.

“Em hipótese alguma a pessoa deve reagir, pois pode ser alvejada ou esfaqueada se o ladrão estiver armado”, alerta o delegado Antônio Sérgio.

A auxiliar de produção Ana Paula Ribeiro Branco, de 28 anos, também está entre as vítimas roubadas em setembro. Ela estava indo para o trabalho de moto, à noite, no Parque Industrial, quando percebeu que um homem de moto a seguia. Segundo ela, os fones de ouvido de seu smartphone estavam à mostra no bolso da blusa, o que pode tê-lo atraído.

“A hora que eu ia subir a rua do serviço, ele jogou a moto em cima da minha e veio colocando a mão dentro do bolso da minha blusa para pegar o meu celular”, conta.

Ana Paula tentou proteger a si e o aparelho, mas o ladrão a agrediu com dois socos no rosto. “A gente fica com medo, mas tem que trabalhar. Tive que mudar o caminho para o serviço”, lamenta.

Como proceder

Primeiro passo
Hoje, tanto os smartphones Android quanto Apple contam com aplicativos de rastreamento que permitem ao dono acompanhar remotamente a localização do celular. Se você já tinha instalado um, pode acessá-lo por meio do computador; se não, há aplicativos que podem ser instalados remotamente, desde que o celular esteja conectado à internet.

Segundo passo
Caso o rastreamento não funcione, você deve ligar na operadora para pedir o bloqueio do chip e do aparelho. Isso vai torná-lo inútil para o ladrão. É essencial ter o IMEI (Mobile Equipment Identity) do celular em mãos, um código de 15 dígitos que pode ser encontrado na caixa do aparelho e no compartimento da bateria.

Terceiro passo
Fazer o boletim de ocorrência. É um passo importante porque documenta que o celular foi subtraído de você e aciona a polícia. Hoje, é possível fazer o BO online, tanto de furto quanto de roubo, no site www.ssp.sp.gov.br/nbo.

Quarto passo
Aguardar. Caso o celular não seja encontrado, você ainda pode recuperar o chip com o seu número. Basta ir até uma loja da operadora e fazer o pedido.



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